Acontece hoje, domingo, 22 de outubro, as eleições na Argentina, e um dos maiores fatores que mais devem levantar preocupação é a possível vitória da direita no país, através do capacho norte-americano Javier Milei.
São cinco os candidatos que disputam o primeiro turno das eleições, sendo que em agosto aconteceram as chamadas primárias. Essas primárias são uma espécie de filtro, que servem para tirar do pleito candidatos que teriam uma votação pequena, e deixar apenas os que possuem chance eleitoral real de vitória. Assim, dos cinco candidatos iniciais, restaram apenas três, que tiveram o seguinte percentual de votos nestas primárias:
Javier Milei, deputado federal, homem predileto do governo norte-americano para o país, em primeiro, com 29,86%; A coligação direitista de Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Maurício Macri (2015-2019), em segundo com 28%; Sergio Massa, o atual ministro da Economia, em terceiro com 27,27%.
De toda sorte, apenas estes resultados já demonstraram uma derrota considerável para a esquerda, e revelam que existe uma grande possibilidade de vitória da direita na Argentina, o que seria um grande problema para o próprio governo Lula e suas relações na América do Sul.
Ainda nas eleições deste domingo serão votados e eleitos 130 deputados (são 257 no total) e 24 senadores (são 72 no total), além de governadores de Buenos Aires e Entre Rios e o prefeito da cidade de Buenos Aires, que é uma cidade autônoma.
Ao contrário do que se pensa, Milei não é uma espécie de Jair Bolsonaro argentino. Na economia, Milei se define como ultraneoliberal, e se propõe, de público, a acabar com todos os direitos sociais dos trabalhadores argentinos, dolarizar a economia para torná-la uma espécie de anexo do banco central norte-americano.
Como já foi dito por este Diário, o que acontece na Argentina é resultado de um gigantesco desespero que assola os argentinos diante do retrocesso econômico e social do País, da falta de política da esquerda, e que tem como resultado a ascensão de candidatos erráticos que possuem política abertamente entreguista.
Bolsonaro, embora muito direitista, não tinha como propósito nem metade do programa entreguista de Milei, e, na realidade, mesmo a sua política direitista pouco ou nada avançou em seu mandato. Em termos de ataques contra os direitos da população, Milei está muito mais à direita que Jair Bolsonaro e sua trupe.
Para se ter uma ideia do que é possível esperar de Milei, dentre os apoiadores do candidato está o bilionário Eduardo Eurnekian, do qual foram ex-funcionários vários componentes da equipe de alto escalão de Milei, até mesmo aqueles que seriam escolhidos para serem ministro do interior e chefe de gabinete.
Eurnekian é um empresário das comunicações e da infraestrutura de aeroportos, é o quarto homem mais rico da Argentina e dono do conglomerado Corporación América, e já afirmou que Milei seria um ótimo presidente para a Argentina.
Em agosto, durante a 15ª Cúpula dos BRICS, o presidente da África do Sul anunciou, naquela oportunidade, que o bloco se expandirá com a entrada de seis novos países, dentre eles, a Argentina. Diante disso, Milei afirmou: “nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Não nos alinharemos com comunistas”, e isso antes do massacre que Israel está cometendo, neste exato momento, na faixa de Gaza, contra os palestinos.
E a esquerda argentina?
Na Argentina o expoente maior da esquerda era o peronismo, que fracassou completamente em razão da política de conciliação de classes, o que deveria ser um sério aviso para o próprio caso brasileiro.
Muito pressionada pela direita, como no caso brasileiro, a peronista Cristina Kirchner apoiou Alberto Fernandes nas eleições que precederam as atuais. Fernandes, atual presidente, é um representante de uma ala direita do peronismo, o que ao invés de resolver a situação, acabou piorando tudo. Seu governo foi um fracasso total e o candidato atual deste governo é Sergio Massa, que é um representante de uma ala ainda mais direitista do que a de Fernandes.
As eleições na Argentina devem servir de orientação para a política a ser levada adiante pelo PT no Brasil. Ao contrário do que diz a esquerda, a política de Milei é a preferida do imperialismo, e não a política que Bolsonaro representou.