Na última sexta-feira (2), o ex-deputado estadual do Paraná, Tony Garcia, concedeu entrevista à TV 247, onde revelou os mecanismos de atuação da imprensa e do judiciário golpista na Ação Penal 470, conhecida como Mensalão, e também na Lava-jato para promover uma perseguição política contra o Partido dos Trabalhadores e suas lideranças.
O ex-deputado paranaense revelou que sofreu forte coação por parte do ex-juiz Sérgio Moro para prestar informações falsas na entrevista concedida à Veja no ano de 2006, uma jogada casada entre a imprensa burguesa e o judiciário com objetivo de impulsionar o “escândalo” do Mensalão. Era necessário ganhar apelo popular para esta Ação Penal dada popularidade do presidente Lula, a mesma operação seria realizada uma década depois na Lava-jato.
Nesta época, Moro atuava como juiz auxiliar de Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal, a qual votou pela condenação de José Dirceu mesmo não tendo provas. Ao proferir a sentença contra o líder petista, Weber reconheceu que a mesma não tinha base material, mas, sob a tese do domínio do fato, que não está na lei, alegou que falsamente que a literatura jurídica permitia sua decisão.
Mais tarde a mesma tese seria utilizada para acusar Lula de praticar corrupção através da operação da Lava-jato. O procurador-chefe dessa farsa, Deltan Dallagnol, durante a apresentação da acusação alegou não ter provas cabais, mas ter convicção dos crimes do presidente.
Tony contou que o repórter da Veja ligou pra ele, dizendo que precisava marcar um encontro para realizar a entrevista e que o ex-deputado sabia a mando de quem. Além disso, o enviado de Moro teria dito que poderia fazer a entrevista com viés bom ou ruim para Garcia e que ficaria ruim para mesmo caso se negasse a participar.
Cabe destacar que o Mensalão teve início nas capas da Veja em 2004 sob acusação vazia de que o PT estaria comprando apoio do PTB na Câmara dos Deputados.
Segundo o ex-deputado paranaense, os aliados de Moro teriam orientado a procurar Eduardo Cunha, ex-deputado federal, para buscar “coisas” contra o PT. Anos depois, Cunha daria início ao processo de impeachment fraudulento contra Dilma Rousseff, o qual resultou na destituição da presidenta.
Garcia disse teria procurado espontaneamente a juíza Gabriela Hardt, que substituiu temporariamente Moro na 13a. Vara de Curitiba, para denunciar toda farsa montada para perseguir o PT, mas a mesma teria engavetado. Hardt ficou conhecida com a juíza que condenou Lula com a mesma sentença que Moro apresentou, a mesma teria feito como se diz no popular um “copia e colar”. O ex-deputado declarou ainda que seria preciso uma CPI para Lava-jato.
As declarações de Tony Garcia revelam o entrelaçamento da Ação Penal do Mensalão com a operação Lava-jato e o Golpe de Estado de 2016.