Protestos estão incendiando uma vez mais a França de Emmanuel Macron. A situação com os manifestantes está tão acalorada que, nesse domingo (8), o país proibiu a comercialização de fogos de artifício para comemorar a queda da bastilha com o receio de que fossem utilizados contra os policiais. Em três dias de protesto, no começo de julho, mais de duas mil pessoas foram presas na democrática França.
Desta vez, a faísca que acendeu o pavio da revolta foi o assassinato de um jovem pela polícia – afinal, ter uma polícia que seja uma máquina de esmagar trabalhadores não é exclusividade do Brasil. Apesar das manifestações terem se erguido inicialmente contra a repressão policial e contra o assassinato do francês de 17 anos, o país já havia se transformado em um verdadeiro barril de pólvora, pois o fundo dos protestos é econômico.
A população francesa já estava mobilizada contra a reforma da previdência, ataque de Macron aos trabalhadores que foi aprovada por cima do próprio parlamento. Ates da pandemia forçar a paralisação das manifestações, os coletes amarelos estavam incessantemente nas ruas contra as medidas neoliberais de Macron. No entanto, como membro chave da União Europeia e um importante país do bloco imperialista, a França se vê ainda mais contra a parede devido à política dos países imperialistas de financiar a guerra contra a Rússia na Ucrânia – que afeta duplamente a Europa.
Afinal, as sanções contra os russos são, de forma prática, sanções contra os próprios países europeus. Devido às suas próprias ações, a Europa, hoje, se tornou compradora de combustível dos Estados Unidos e do Oriente Médio, quando não compram de segunda mão da Índia – que compra da Rússia. Em todos os cenários descritos, os preços são significativamente mais elevados do que eram anteriormente.
Outra prova do agravamento da situação é enxergar que os protestos na França não pararam por aí, estendendo-se também para a Bélgica. O histórico recente de greve nos países europeus aponta para uma crise iminente. A Alemanha, motor econômico da Europa, está oficialmente em recessão, sendo dois trimestres seguidos de retração econômica.
Um último medidor que vale a pena destacar e que atesta a gravidade da situação francesa, dentre tantos outros, é o fato de Emmanuel Macron ter cancelado a primeira visita oficial à Alemanha em 21 anos para discutir a situação econômica. Como se não bastasse, o presidente francês ainda tentou se aproximar de maneira demagógica dos BRICS, dado o tamanho da crise que ronda a Europa.