Em publicação, Nicolas Sarkozy denuncia intervenção do imperialismo dos EUA sobre política brasileira. Sarkozy acabou de lançar o seu terceiro livro de memórias intitulado “O Tempo de Combates”, esse relativo aos naos de 2009 a 2011.
As polêmicas antes do lançamento
O livro de Sarkozy, com apenas 592 paginas, vem sendo duramente criticado por ser contrario ao envio de armas a Ucrânia, sendo classificado como pró-Rússia no contexto de guerra atual. Na sua visão, a França não deveria ter armado os beligerantes.
Para Sarkozy, a retomada dos territórios pela Ucrânia é ilusória, ele defende que sejam realizados referendos na região. O ex-presidente francês também criticou a Zelinsky, ‘dando lições de moral’ nas empresas que negociam com a Rússia.
“O Tempo de combates”
O livro relata sobre parte do período de mandato de Sarkozy como 23.º presidente da França. Antes mesmo do lançamento oficial, a publicação foi criticada pelo suas posições politicas expressas.
Um ponto que nos chamar atenção no livro a relação de Sarkozy com o presidente Lula e suas tentativas de tratativas econômicas. A frança tinha interesses em nos vender os caça Dassault Rafale, que há 25 anos não eram vendidos para novas nações e ter a Marinha brasileira de suas turbinas.
O livro relata a simpatia nutrida por interesses pontuais comuns de Sarkozy por Lula: “tudo nos diferenciava, a língua, a orientação política, a história pessoal […] no entanto, nos entendemos instantaneamente. […] eu gostava de sua maneira de ver as pessoas e as situações. Ele foi mesmo um dos chefes de Estado por quem eu tenho mais simpatia”.
Assim como a interferência norte-americana no processo: “Os americanos não aceitam bem a menor recusa de alinhamento sistemático, que é imediatamente percebida como uma traição”, escreve acrescentando que “são os americanos, e somente eles, que fazem a chuva e o bom tempo” no Fundo Monetário Internacional (FMI)”.
Interesse brasileiros
As turbinas francesas Arabelle da Alstom eram em 2007 as melhores no mundo, suprindo inclusive usinas nucleares nos EUA. Então, obviamente era interesse estratégico do Brasil ter contato com essa tecnologia, tanto nos submarinos, quanto em usinas.
Destas negociações foi iniciado em 2008 o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). O escopo desse programa é o desenvolvimento de 4 quatro submarinos propulsão diesel-elétrica baseados no modelo francês da classe Scorpéne, e um submarino com propulsão nuclear.
O PROSUB segue em desenvolvimento de um complexo denominado Estaleiros e Base Naval. O mesmo permitiria um salto na indústria naval nacional de defesa, essencial para um país com extensa faixa litorânea como a nossa.
‘Eu transgredi as regras habituais e ignorei a oposição dos Estados Unidos, aceitando ajudar os brasileiros a adquirir submarinos com propulsão nuclear’’, afirma Sarkozy sobre o acordo.
Até o momento no PROSUB foram lançados o Riachuelo (S-40), o Humaitá (S-41) e estão previstos para lançamento o Tonelero (S-42) em 2023, o Angostura (S-43) em 2024 e o Álvaro Alberto (SCPN) em 2033.
Os 36 Rafale
Um interesse da claro da França naquele momento era expandi o uso do seu modelo de caça Rafale. Iniciado em desenvolvimento da Alemanha, França, Itália, Espanha e Reino Unido em 1800, o modelo acabou como um racha desse consorcio em 1085.
A motivação para a divisão foram desde a mudanças nos fornecedores originais de motor, até questões táticas e de segurança. Em 2008 o Rafale apresentava uma qualidade excepcional, a um preço atrativo, com capacidade anti-naval e nuclear. A pressão acabou forçando o Brasil a apta pela modelo sueco Gripen.
A compra de aeronaves de combate era uma necessidade real do Estado brasileiro, e a proposta francesa bastante atrativa. Mas segundo Sarkozy, as negosiçãoes chegaram: “a provocar uma real tensão com os americanos que se bateram até o fim para fazer esse projeto fracassar”.
Monopólio elétrico
Basicamente quatro empresas controlam todo o mercado mundial de energia e turbinas, estas são: A alemã Siemens, a maior da Europa, a japonesa Mitsubishi, a norte-americana General Eletric e francesa Alstom.
Esses monopólios dominam com mãos de ferro o setor energético. Eles controlam quase toda a tecnologia e suprimentos do setor mundialmente. Estando diretamente envolvidos nas disputas de mercado, inclusive o brasileiro.
O club de promotores
Um fato importante é que o então Procurador Geral Rodrigo Janot, assim como os procuradores da Lava-Jato, e o procurador suíço Stefan Lenz, sua contra-parte na Suíça, mantinha contato direto com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Os frutos dessa interação foram o golpe no Brasil e a venda de 75% da Alstom para a General Eletric. Isso ocorreu após o presidente da Alstom, Patrick Kron ser pressionado e ver seu executivo Frédéric Pierucci.
Até os países imperialistas, sócios menores, são vitimas do imperialismo norte-americano. Não é à toa que a última tentativa de um socio menor levantar a cabeça culminou nas gueras mundiais.
Almirante Othon
Essa citação do livro de Sarkozy, faz lembra de outro episódio importante com os mesmos grupos políticos e interesses de monopólios do setor energético. É o caso da prisão do Almirante Othon.
Othon Luiz Pinheiro da Silva foi o desenvolvedor do programa nuclear brasileiro. É mérito seu o desenvolvimento da ultracentrifugação, que permitiu independência do Brasil na cadeia produtiva de energia nuclear.
Em fevereiro de 2015, novamente Janot encontra-se com Leslie Caldwell, procuradora-adjunta encarregada da Divisão Criminal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Caldwell, acabara de deixar a representação no maior escritório a serviço da indústria nuclear norte-americana. Em um mês Almirante Othon, sob acusações frágeis, realizadas diretamente pelo Departamento de Justiça.
Isso aponta que as sabotagem dos EUA contra o submarino e programa nuclear brasileiros não são episódios a parte. Mas uma política de longo prazo a muito iniciada.
Até quando permanecera a rédea imperialista
A publicação de Sarkozy, até pelo conflito de interesses imperialistas, demonstra que estamos sob as rédeas curtas do imperialismo norte-americano. Mas também demonstrar as contradições no bloco imperialista e a tendências a mudança.
“Todo o Ocidente, ou seja, pelo essencial os Estados Unidos e a Europa, representa hoje um pouco mais de 800 milhões de habitantes. O que isso pesa face à Asia que conta 4,5 bilhões de habitantes? […] E se amanhã o eixo do mundo deveria mudar mais uma vez, sua aposta é que isso beneficiará a África, que em menos de 30 anos terá 2,5 bilhões de habitantes comparado a 1,3 bilhão hoje. De todos os desafios do planeta, o desafio demográfico é sem dúvida o mais perigoso” afirma Sarkozy.