A perda de influência dos Estados Unidos nos quatro cantos do planeta é hoje um dos fenômenos políticos mais importantes, que merece ser observado e analisado com a maior atenção. O deslocamento de diversos países que outrora se colocavam como aliados fiéis dos norte-americanos é um dos sintomas mais agudos da crise do imperialismo, junto a outras manifestações no terreno da geopolítica que ocorrem ao redor do mundo.
Desde quando emergiu como potência econômica e militar no pós-guerra, os EUA fazem uso da diplomacia como instrumento de pressão para impor seus interesses, com especial ênfase às nações pobres e atrasadas, em todos os continentes. Os norte-americanos estiveram envolvidos (direta ou indiretamente) em todos os mais importantes episódios e acontecimentos dos últimos oitenta anos, sobretudo nos conflitos militares, sempre fazendo uso da força, da chantagem, da pressão e outros meios de subjugação dos povos.
Essa “autoridade”, no entanto – quase que invariavelmente obtida através do uso da pressão política, econômica e da força militar – começa a dar sinais muito evidentes de esgotamento. Isso porque de acordo com antigos aliados que nesse momento se afastam da órbita de influência da Casa Branca, os EUA exigem muito e não oferecem nada. Essa política não é de agora; todavia, neste momento de desagregação das “colunas de mármore” que por décadas sustentaram o poderio norte-americano, ela se apresenta de forma mais beligerante e agressiva, em particular contra os povos indefesos e governos que tentam se livrar da ditadura do imperialismo.
Recentemente, o presidente sírio (Bashar al-Assad), que enfrentou e derrotou – com a ajuda e apoio dos russos – os norte-americanos que tentavam derrubá-lo, expulsando-os da Síria, rejeitou a política dos Estados Unidos em relação ao seu país e considerou que seus governantes (dos EUA) apenas exigem e nunca dão nada. Em entrevista à Sky News Arabia, respondendo a uma pergunta sobre contatos com Washington durante a guerra que eclodiu na Síria em 2011, Assad disse que “os americanos pedem, tiram e não dão nada em suas relações com outros países”. É a diplomacia do tudo para nós e nada para ninguém, que sempre caracterizou a relação dos EUA não somente com um ou outro país, mas com o mundo, com todos os povos e governos.
O mandatário sírio enfatizou esclarecendo que manteve diálogos com as autoridades americanas durante anos, mas nunca esperou por um único momento que os americanos mudassem, que adotassem outra política. Assad disse ainda que “esta sempre foi a natureza das relações entre Damasco e Washington durante quatro décadas, especificamente desde 1974″. Ele descartou, em um futuro previsível, qualquer resultado de negociação realizada com os americanos.
Enquanto não poupou críticas aos norte-americanos, o presidente sírio disse que as relações de seu país com a Rússia e o Irã mostram que a Síria sabe escolher bem seus amigos.
Assad verbalizou única e tão somente o que o mundo já sabe e conhece em relação aos EUA, daí o irromper de vários movimentos ao redor do mundo (Oriente Médio Ásia, África, América Latina) que buscam emancipar-se da política criminosa e de opressão de Washington.