A diplomacia da intervenção e da ameaça continua dando o tom da política externa norte-americana. O país – agora sob a administração dos “civilizados e humanistas” democratas, liderados por Joe Biden, o político que aconselhou e promoveu guerras e intervenções ao redor do mundo – reafirma a sua vocação imperialista e de guarda pretoriana do mundo, ameaçando outros países com sanções e outras medidas de caráter abertamente criminosas.
As mais recentes ameaças estão dirigidas ao Irã e à China. Os dois países acabam de assinar um acordo de parceria estratégica por 25 anos para o desenvolvimento de projetos no setor de infraestrutura para conectar a Ásia Oriental à Europa, projeto denominado “Iniciativa do Cinturão e da Rota”.
De acordo com nota oficial emitida, o acordo também abrange cooperação em defesa, e esse é o motivo do aumento das tensões que vem despertando o receio não só dos EUA, mas também das demais potências, o que se agrava pelos recentes exercícios militares na região do Golfo Pérsico, vista pelo imperialismo como uma ameaça. Uma nota conjunta emitida após a assinatura do acordo reportou que ambos os países pretendem “promover uma parceria estratégica abrangente de desenvolvimento” (Monitor do Oriente Médio, 30/3).
De imediato, a pergunta que deve ser feita é: por que os EUA e as potências ocidentais se veem ameaçados por um acordo de cooperação internacional entre dois países soberanos que mantêm relações diplomáticas estáveis? Irã e China opinam ou emitem juízo sobre os acordos que os EUA estabelecem com outros países, seja com quem for? Obviamente que não, pois as nações e os governos, à luz do direito internacional, são soberanos para firmarem acordos, sejam eles de natureza econômica, militar, cultural e outros.
A Casa Branca, através da sua porta-voz, Jen Psaki, declarou, em tom ameaçador (como sempre ocorre):
“Nós obviamente daremos uma olhada para garantir que qualquer sanção necessária seja implementada em relação a este pacote”, porém, ainda não analisamos este acordo específico, até então”. (idem, 30/3). Ou seja, sem nem mesmo conhecer o conteúdo do acordo firmado entre Irã e China, os EUA – em uma espécie de “ameaça preventiva” – já se colocam a favor de sanções contra os dois países.
Estamos diante, portanto, de uma nova forma de intromissão, por parte dos EUA, em assuntos que não lhe dizem respeito, pelo menos não no âmbito do direito internacional que, a bem da verdade, nunca foram respeitados quando os interesses de rapina dos EUA estavam em jogo, como ocorreu na guerra contra o Iraque, quando os norte-americanos invadiram o país, ao arrepio da decisão do Conselho de Segurança da ONU, que não autorizou a intervenção militar.
Artigo publicado, originalmente, em 09 de maio de 2021.