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Protestos pró-União Europeia

Estaria em marcha uma revolução colorida na Polônia?

Marchas contra o presidente Duda e o partido Lei e Justiça servem para impor um regime ainda mais alinhado ao imperialismo

Andrzej Duda, presidente da Polônia desde 2015, reeleito em 2020, embora aliado de primeira ordem da OTAN e um dos mais “antirrussos” da OTAN, assistiu no domingo (4) mais uma marcha contra o seu governo. De acordo com organizadores, as manifestações foram as maiores desde as marchas que levaram ao fim o governo stalinista de Varsóvia (1989), reunindo cerca de meio milhão de pessoas.

A marcha contra o governo foi liderada pelo líder da oposição, Donald Tusk, que acusa o governo de “erodir a democracia”. De acordo com a Associated Press, “o maior partido da oposição liderou uma marcha destinada a mobilizar os eleitores contra o governo de direita, que acusa de corroer a democracia e de seguir a Hungria e a Turquia no caminho da autocracia. A marcha é realizada no 34º aniversário das primeiras eleições parcialmente livres, um avanço democrático na derrubada do comunismo em toda a Europa Oriental”. (AP, 4 jun. 2023).

A reportagem afirma que “centenas de milhares de pessoas marcharam em um protesto contra o governo na capital da Polônia neste domingo, com cidadãos viajando de todo o país para expressar sua raiva contra autoridades que, segundo eles, corroeram as normas democráticas e criaram temores de que o país esteja seguindo a Hungria e a Turquia pelo caminho da autocracia”. Grandes multidões também se reuniram em Cracóvia e em outras cidades do país de 38 milhões de habitantes, mostrando frustração com um governo que os críticos acusam de violar a Constituição e erodir os direitos fundamentais na Polônia. O discurso em nome da democracia contra “autocratas”, embora repetitivo, é a senha para a tentativa de “mudança de regime”, que no caso polaco substituiria um “autocrata” por um suposto centrista.

Oposição pró-imperialista

Donald Tusk, ex-primeiro-ministro da Polônia (2007-14), atuou como presidente do Conselho Europeu (2014-19). Em 2019, Tusk foi eleito chefe do Partido Popular Europeu, grupo político transnacional que representa os interesses dos partidos aliados na Europa. Esse partido tem interesses conservadores cristãos, assim como o PiS polaco, mas ocorreu uma recauchutagem de Tusk para uma frente ampla que considere as pautas identitárias. Em julho de 2021, Tusk voltou ao centro da vida política polonesa quando assumiu novamente a liderança da Plataforma Cívica, anunciando sua intenção de enfrentar o PiS dizendo: “Hoje, o mal governa na Polônia e estamos prontos para lutar contra esse mal”.

Tusk, portanto, é um homem do imperialismo, ligado aos interesses da União Europeia e dos Estados Unidos, bem quisto por ONGs e conhecedor da fórmula de mudança de regime, muito embora seu partido, o Plataforma Cívica, tenha perdido as últimas eleições para o considerado conservador e “populista”, Duda, do Lei e Justiça (PiS). O Guardian, um dos órgãos de imprensa que mais ataca Duda, coloca como um dos principais elementos para o expurgo do presidente e do parlamento controlado pelo PiS, que existe um grande ataque ao “judiciário independente e lançou campanhas contra a comunidade LGBTQ+ e os direitos reprodutivos”.

De acordo com o Guardian, a marcha foi convocada para comemorar o 34º aniversário da eleição de 1989, vencida pelo movimento sindical Solidariedade. Embora convocada pela Plataforma Cívica, a marcha reuniu vários grupos de oposição, e faixas entre a multidão pediam desde direitos trans até representação sindical. Também esteve presente no comício Lech Wałęsa, o líder do Solidariedade e ex-presidente da Polônia, atualmente crítico do PiS.

“Trinta e quatro anos atrás, estávamos todos juntos e havia um senso de comunidade, e temos que recuperar esse senso de comunidade e transformar nossa raiva em força”, afirmou Rafał Trzaskowski, prefeito liberal de Varsóvia. (The Guardian, 4 jun. 2023).

O Lei e Justiça, vai sendo colocado contra as cordas à medida que a Rússia vence o imperialismo na guerra. A crise econômica polaca aumentou com a guerra, justamente por ter se colocado como uma das buchas de canhão contra Putin. Após diversos protestos menores em portas de fábricas, em universidades e paralisações, o parlamento polaco aprovou na sexta-feira (2) uma lei que irá para sanção presidencial. A lei aprovada visa investigar ligações de políticos e partidos com a inteligência russa. No comando do Conselho europeu, Tusk conversou com Putin para impedir o referendo da Crimeia, mas passou a ser um instrumento de propaganda de Duda, como se Tusk tivesse favorecido Putin durante as cimeiras com o líder russo.

A nova lei, portanto, visaria criar uma comissão para investigar as influências russas na Polônia antes das eleições de outubro. É geralmente visto como tendo como alvo Donald Tusk, que é postulante à cadeira de primeiro-ministro e está em campanha. Essas manifestações, portanto, são uma forma de desgastar Duda antes das eleições, assim como foi feito com Erdogan.

Revolução colorida?

Duda não é um obstáculo significativo ao imperialismo, e no momento as marchas estão sendo direcionados por grupos pró-União Europeia e pró-imperialistas. Diferentemente de Putin e Erdogan, Duda não é nacionalista, é apenas um conservador, e não tem apoio de setores da burguesia, apenas da população conservadora. Durante a guerra da OTAN contra a Rússia se colocou como entusiasta, sem nenhuma reticência ou obstáculo em auxiliar o imperialismo na campanha contra a Rússia. Contudo, esse ensaio para expurgar Duda e o PiS do poder, serve para distender todas as barreiras no país polaco, que é abrir o país às pautas identitárias, o que avançaria o plano do imperialismo de impor a receita que facilita a dominação e que evita maiores transtornos aos interesses dos Estados Unidos.

Merece atenção ainda o fato de que a Polônia, embora governada por um presidente de extrema-direita profundamente pró-imperialista e pró-Ucrânia, tem provocado descontentamento do regime de Kiev nos últimos meses. Em abril, diante da “crise dos grãos”, a Polônia, motivada pelo protesto furioso dos agricultores, impôs uma série de restrições ao país comandado por Vladimir Zelensky. A Ucrânia respondeu à embaixada polonesa e ao gabinete do representante da União Europeia em Kiev, alegando que tais restrições eram “categoricamente inaceitáveis”. Recentemente, causou também bastante desconfiança o fato de a Polônia ter se recusado a enviar aviões F-16 para a Ucrânia.

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