As declarações do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à Venezuela e ao presidente Nicolás Maduro causaram condenação por parte dos representantes do governo dos Estados Unidos e seus aliados na América do Sul. Lula afirmou que a Venezuela e Maduro são vítimas de “narrativas”, ou seja, o presidente brasileiro reconhece que se trata de uma forte campanha difamatória dos EUA contra o país venezuelano, o que gerou críticas e discordâncias por parte dos estadunidenses e é repetido na imprensa brasileira.
Em um discurso proferido após uma reunião no Palácio do Planalto, Lula expressou sua opinião sobre a visita de Nicolás Maduro: “Primeiro, eu queria dizer aos meus amigos do Brasil e à imprensa brasileira a alegria desse momento histórico que estamos vivendo agora”, ressaltou Lula no início de sua fala.
“Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política e relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil.”
O presidente brasileiro, inclusive, declarou ter brigado com companheiros europeus que se recusavam a reconhecer Maduro como presidente da Venezuela: “A coisa mais absurda do mundo é as pessoas que defendem a democracia negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo”, disse Lula ao presidente venezuelano.
As declarações de Lula receberam críticas por parte dos presidentes Gabriel Boric, do Chile, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai, durante um encontro de líderes da América do Sul no Brasil.
Seguindo a orientação norte-americana, Gabriel Boric criticou, na terça-feira (30), as recentes falas do mandatário brasileiro em defesa do governo Nicolás Maduro, na Venezuela. “Não é uma questão de narrativa. É algo real e sério. Exige uma posição firme e clara de que os direitos humanos devem ser sempre respeitados”, defendeu o presidente chileno após reunião com outros nove líderes de países da América do Sul e uma representante do Peru na área externa do Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF).
“Todos já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e do governo da Venezuela. Agora, se há tantos grupos no mundo que estão tentando mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que os direitos humanos sejam respeitados e para que não haja presos políticos, o pior que se pode fazer é ignorar essa realidade”, declarou o presidente uruguaio.
Juan González, secretário do governo de Joe Biden para a América Latina, celebrou as críticas de Boric e Lacalle Pou, elogiando a coragem dos líderes latino-americanos que se manifestaram contra as declarações de Lula. Ou seja, os aliados do imperialismo cumpriram bem seus papéis.
Brian Nichols, subsecretário dos EUA, contribuiu com a campanha caluniosa contra a Venezuela, ressaltando que “entidades internacionais têm apontado ao longo dos anos violações dos direitos humanos na Venezuela”. Ele enfatizou que isso não se trata de uma mera “narrativa”, mas sim de fatos comprovados.
Naturalmente, Brian Nichols não cita que muitos dos fatos comprovados que impedem o desenvolvimento do povo venezuelano e acarretam problemas econômicos e sociais são causados pelas sanções dos EUA contra a Venezuela.
É evidente que os Estados Unidos temem uma aproximação do governo brasileiro com a Venezuela, pois receiam um fortalecimento econômico e político dos países sul-americanos contra a dominação dos EUA. O Brasil pode inclusive ajudar o país vizinho a superar muitos dos problemas econômicos causados pelo imperialismo.