O jornal O Estado de S. Paulo inicia sua campanha contra Zanin nesta terça-feira, 24 de janeiro, ao publicar duas matérias atacando o advogado de Lula e a possibilidade de uma indicação de Zanin ao Supremo Tribunal Federal por parte de Lula.
Uma das matérias, acusando Zanin de ter imposto a Lula um desafio ético, tem como base o argumento de que Lula disse que nunca havia indicado um amigo para o Supremo, dando a entender que seria uma falha moral de Lula indicar Zanin para o Supremo Tribunal Federal.
Zanin, que defendeu Lula durante os processos ilegais da Lava-Jato, é do círculo de confiança do presidente Lula, atuando como coordenador jurídico durante a campanha de Lula e, apesar de ter ligações com políticos representantes da burguesia, como Marconi Perillo do PSDB e José Eliton, do PSB, deve ser o indicado de Lula caso assim Lula desejar. As investidas moralistas da imprensa burguesa para atar as mãos de Lula são pura hipocrisia para com o petista, já que é prática comum na política que os governos e indicações sejam compostas por pessoas de confiança daqueles que ocupam os mandatos.
Zanin formulou um importante documento que visa barrar a interferência criminosa do imperialismo em processos brasileiros quando foi apontado por Lula como membro da equipe de transição e encarregado de elaborar um relatório sobre a área de Cooperação Jurídica Internacional. O documento sugere coisas como a derrubada de uma portaria da Advocacia Geral da União, AGU, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do ex-ministro Márcio Thomaz Barros, editada em 2005 durante o governo Lula visando permitir que o Ministério Público Federal pudesse cooperar de maneira informal e criminosa com órgãos estrangeiro, como o FBI e a CIA, cooperação unilateral que ocorreu, dando plena liberdade para que o FBI influenciasse diretamente na Lava-Jato e montasse toda a operação terrorista que só favoreceu o imperialismo e encarcerou Lula. Zanin, durante o processo, questionou duramente essa cooperação.
Quando a transição terminou e Lula ofereceu um cargo no governo a Zanin, Zanin declinou e declarou sua intenção de continuar atuando no Sistema de Justiça, dando a entender que poderia aceitar um cargo no judiciário caso fosse oferecido a ele.
Caso Cristiano Zanin seja indicado ao STF, ocupará o cargo de Lewandowski, que chega aos 75 anos esse ano e abandonará seu cargo no dia 11 de maio.
Cristiano Zanin é autor de um livro sobre a lawfare, usando com base os processos da Lava-Jato, que mostra como o direito pode ser instrumentalizado e transformado em uma verdadeira arma de guerra política.
Também foi vítima de ameaças recentes por parte de um bolsonarista que o encontrou no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. Evento que causou certa histeria por parte da esquerda-pequeno burguesa, já buscando motivos para prender e censurar qualquer um que ouse expressar sua opinião.
A matéria do jornal O Estado de S. Paulo é uma típica matéria veiculada pela imprensa burguesa: covarde, apelativa e suja. Faz paralelos tentando imputar um viés moral as indicações de Lula, dizendo que por Lula ter acusado Bolsonaro de indicar seus amigos para compor o governo, Lula não deveria fazer o mesmo. Oras, então ficamos com a seguinte dúvida: Lula deveria construir um governo composto por seus inimigos? Apenas aqueles que são mais ingênuos ou mais desonestos podem ter tal anseio. E o leitor sabe bem em qual campo O Estado de S. Paulo está.
A matéria ainda ataca pessoalmente Zanin, fazendo juízo de valor sobre seu caráter em diversos momentos e dizendo que ele estaria submerso em seu apartamento até agora caso não fosse pelo julgamento da Lava-Jato.
Ainda, Rosa Weber também abandonará a toga no dia 2 de outubro, após rasgar a constituição diversas vezes.
Lula não deve dar ouvidos aos berros ensandecidos da imprensa burguesa e seus representantes, deve construir um governo com pessoas de confiança e próximos de si. Essa é uma das formas de retardar um possível golpe de Estado.
É preciso dizer retardar, porque apesar de Lula indicar duas figuras ao STF, não podemos perder de horizonte o fato de que a institucionalidade é, por sua própria natureza, um instrumento da burguesia. Instrumento que pode, com a menor das crises, se virar facilmente contra Lula caso sua base de apoio não seja o povo mobilizado em amplas campanhas de defesa do presidente e reivindicações reais.