No último domingo, 3 de dezembro, o povo venezuelano votou a favor da anexação do distrito de Essequibo, hoje formalmente pertencente à Guiana. O referendo, convocado pelo próprio presidente Nicolás Maduro, era composto de seis perguntas; entre elas, a que perguntava se deveria ser criado um 24º estado no País, o de Essequibo. Quase 96% dos eleitores afirmaram que “Sim”.
Ainda não há indícios de que Maduro vá ocupar o território imediatamente. Recentemente, a Corte de Haia reconheceu Essequibo como parte do território guianês e advertiu a Venezuela. Nenhum país na América do Sul, até o momento, demonstrou apoio ao presidente caribenho.
Apesar disso, o referendo é um passo importante no sentido da anexação. Ao que parece, Maduro está, neste momento, em uma campanha política, de mobilização de sua própria população, como forma de preparar uma campanha militar.
Essequibo sempre pertenceu à Venezuela. Os tratados favoráveis ao Império Britânico sempre foram contestados pela população do país caribenho. Por que, então, Maduro decidiu apenas agora, já no seu décimo primeiro ano de mandato, preparar a ocupação de Essequibo? Por um motivo óbvio: porque somente agora o presidente venezuelano percebeu que as condições são favoráveis para comprar esse tipo de briga.
A campanha de Maduro em torno de Essequibo nada tem a ver, como acusa a imprensa capitalista, com uma tentativa de esconder uma suposta “crise de popularidade”. Ela é o resultado, na verdade, de outra crise: a crise do imperialismo, que vem demonstrando cada vez menos capacidade de se impor militarmente. O que levou Maduro a ver a anexação de Essequibo como possível foi a derrota da ocupação norte-americana no Afeganistão, a iminente derrota do imperialismo na Ucrânia, a expulsão das tropas francesas da África e, agora, o levante palestino contra o Estado de Israel.
O fato de que Maduro esteja propondo anexar mais de 70% do território da Guiana, comprando uma briga não apenas com o país vizinho, mas também com o exército norte-americano, que já está no país, e com grandes petroleiras como a Exxon Mobil, revela que o imperialismo está sendo visto como fraco pelos setores que oprime.