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Cachorrinhos do imperialismo

Esquerda pequeno-burguesa segue caluniando Nicarágua

A Liga Internacional de Trabalhadores, ligada ao PSTU, escreve matéria que defende suposta "convivência" do imperialismo com o governo de Daniel Ortega

A Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), uma espécie de Organização Internacional de brinquedo do PSTU, publicou uma matéria em sua página com o título “O momento político atual na Nicarágua e a política atual do imperialismo”, versão em português de um mesmo texto publicado pelos seus representantes da Costa Rica, o Partido de los Trabajadores – nenhuma relação com o PT brasileiro.

No texto, com a intenção de esboçar uma possível explicação a respeito da política do imperialismo para a América Central, tratam da questão da Nicarágua. Logo no começo da matéria, já demonstram sua incapacidade de compreender os fatos políticos, ao citar o seguinte acontecimento: “Em 27 de abril (…), Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional de Joe Biden, fez um discurso no Instituto Brookings que foi considerado um ‘Novo Consenso de Washington’, (…). O discurso critica os aspectos mais explosivos do neoliberalismo puro e duro, para defender um keynesianismo militar onde os Estados Unidos continuam a ser a principal potência econômica e militar”.

No trecho, já expressam uma esperança fantasiosa no enfraquecimento da política neoliberal aplicada pelo imperialismo ao redor do mundo. Pode até ser que um funcionário do governo Biden, para procurar apaziguar a revolta dos norte-americanos com o governo Democrata, esteja fazendo discursos que sinalizem alguma mudança de política. A realidade, no entanto, é o oposto. Nos EUA, a miséria cresce a cada dia e, mesmo com a falência de instituições bancárias, a economia continua atendendo aos interesses dos banqueiros e do mercado financeiro.

Não há, da parte do governo Biden, nenhum anúncio de aumento de gastos em programas sociais ou em medidas que favoreçam a população. O mais próximo disso seria um programa anunciado em março de 2023, onde o governo pede um aumento de trilhões de dólares para o Congresso. Embora uma parte pequena desse dinheiro tenha como direcionamento alguns parcos programas sociais, a maior parte dele será utilizada em gastos militares. O projeto encontrou gigantesca resistência dos deputados Republicanos.

O texto da LIT enfatiza, no entanto, que o suposto enfraquecimento da política neoliberal não irá atingir os países dominados pelo imperialismo norte-americano no restante do mundo. Ao tratar do caso da América Central, afirmam que a principal preocupação do imperialismo seria “evitar as migrações em massa, as caravanas de migrantes”. Evidentemente que essa análise exclui o fato de que qualquer cidadão cubano que entrar nos EUA, por quaisquer meios possíveis, já recebe imediata cidadania norte-americana. Sem falar nos refugiados nicaraguenses, que são recebidos nos EUA e utilizados para fazer propaganda da dureza do governo Ortega.

O delírio verdadeiro, no entanto, aparece na seguinte afirmação: “Ainda que encontremos nos discursos de Biden e do establishment democrata declarações que anunciam sua preocupação com a virada autoritária na região representada por ditaduras como as de Ortega e Bukele, bem como medidas políticas específicas, como sanções contra a liderança militar de Ortega, na verdade essa preocupação é meramente discursiva e formal. A preocupação estratégica do imperialismo estadunidense consiste em garantir governos estáveis ​​e prevenir explosões sociais e grandes deslocamentos migratórios. A estabilidade é uma prioridade, mesmo que isso signifique conviver com regimes ditatoriais”.

Aparentemente, as criminosas sanções que o imperialismo aplica contra a Nicarágua, aos moldes do que fazem em Cuba, na Coreia do Norte, na Venezuela, na Rússia e em outros países que contrariam seus interesses, não é o suficiente para convencer o articulista ligado ao PSTU da oposição norte-americana ao governo de Ortega.

A razão para isso se encontra no trecho: “A rebelião nicaraguense e a luta popular estão no centro do debate político local desde 2018 e voltam periodicamente aos holofotes, assim como a libertação dos 222 presos políticos. A luta do povo nicaraguense conquistou a simpatia da grande opinião pública democrática do mundo”.

Primeiramente, é preciso esclarecer que quando falam de a “opinião pública democrática do mundo”, se referem aos órgãos de imprensa internacionais ligados ao imperialismo, que procuraram fazer parecer que uma tentativa de golpe, associada com manifestações financiadas pelo imperialismo para tentar desestabilizar o país, que acabou com a morte de 300 pessoas, incluindo de dezenas de policiais (provando que eram manifestantes armados e dispostos a se utilizar de grande violência), seria uma luta popular.

A LIT-QI continua: “A ditadura soube ler a política do imperialismo e agiu para fortalecer seu poder político e enfraquecer a oposição. Depois de derrotar o levante de 2018 com sangue e fogo, ele usou vários mecanismos para se manter no poder, quebrando qualquer tentativa de resistência e controlando as principais instituições do país”. A tese é que a tentativa de Ortega de combater o imperialismo seria uma leitura de que o imperialismo estava apenas fingindo tentar derrubar o governo. Supostamente, se Ortega acreditasse que estava tentando ser derrubado para valer, ele não teria reagido de forma alguma. É uma ideia absurda.

Com relação à repressão empregada por Ortega nos períodos subsequentes, ainda que ela possa ter sido desmedida em alguns momentos e isso é algo que possa ser passível de críticas, é evidente que é prerrogativa de um governo nacionalista a luta, o mais dura possível, contra o imperialismo. Trata-se, evidentemente, de um país pequeniníssimo da América Central sendo esmagado pela maior potência militar do planeta.

A conclusão do texto é que o endurecimento do regime Ortega se dá por haver um apoio do imperialismo para que ele se mantenha no poder, uma espécie de convivência pacífica com Ortega, para não desencadear uma crise no país. Ainda que seja fato que haja essa preocupação, seria preciso compreender então qual a base social do governo nicaraguense. Seria a Frente Sandinista uma organização tão poderosa assim, que tem a capacidade de conter o ímpeto golpista do imperialismo norte-americano?

É evidente que não. O governo de Daniel Ortega, após enfrentar uma tentativa de golpe em 2018, só se mantém no poder porque se apoia no povo nicaraguense. Não fosse esse fato, não haveria nenhuma dificuldade para o imperialismo em derrubá-lo. Infelizmente, há um setor da esquerda pequeno-burguesa (que, nesse caso, não é nem a brasileira) que está sempre apoiando as pautas do imperialismo. É vergonhoso que estejam se dispondo a caluniar um país minúsculo e miserável da América Central, que é esmagado e atacado pelo imperialismo norte-americano.

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