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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Coluna

Esquerda não pode capitular com tranco da direita

Neste período, houve diversos acontecimentos de relevante importância política no cenário nacional e internacional

Neste período, houve diversos acontecimentos de relevante importância política no cenário nacional e internacional. Vimos a vitória política do Hamas e demais combatentes palestinos, com a imposição sobre o Estado sionista de Israel de uma trégua indesejada para estes, e manifestações em defesa da Palestina, até indicações a cargos-chave de pessoas que, no mínimo, aos mais otimistas, causam receio.

Neste hall de acontecimentos, dois fatos políticos ficaram acentuados no cenário geral, sendo o primeiro a relação direta da organização do PCO com o desenvolvimento dos atos em defesa da Palestina. O segundo é a capitulação do PT à direita, exposta na sua letargia perante o sionismo e nas indicações para o STF e PGR.

PCO e os atos

No Brasil, é inequívoco que o PCO é o grupo à frente da luta contra o sionismo. Com o restante dos principais grupos da esquerda com posições, no mínimo, tímidas, senão capituladoras.

São Paulo se coloca como o centro político desse movimento, lá, ao menos, metade do ato estava sob orientação e organização do PCO. Esse fenômeno não foi uma exclusividade de São Paulo, onde o PCO está minimamente organizado; sua posição política foi essencial para o desenvolvimento do movimento.

Capitulação do PT

O segundo fato é a capitulação do PT perante a direita nacional ou internacional. Foi vergonhosa a posição de Lula ao classificar o Hamas como grupo terrorista, contrariando inclusive a posição histórica de nossa diplomacia.

Assim como é vergonhosa a defesa da continuidade do Estado de Israel através da política de Solução de dois Estados. O PT e parte da esquerda, mesmo diante das inúmeras provas de crimes e ilegalidades do Estado sionista de Israel, continuam defendendo sua continuidade.

Política do imperialismo

A política de proscrição do Hamas e a continuidade do Estado de Israel, através da solução de dois Estados, é a política oficial do imperialismo norte-americano. Sendo a saída menos danosa aos interesses imperialistas no momento.

Essa política visa não apenas perseguir o Hamas, resistência à ocupação bastante civilizada se compararmos com a francesa, por exemplo, mas por na ilegalidade todos os que lutam contra a ocupação e genocídio promovidos por Israel. Além de manter o enclave político do Estado de Israel no Oriente Médio, é uma forma de aliviar a pressão mantendo a opressão e interesses do imperialismo.

A esquerda que aderir a essa política está capitulando ao imperialismo e prestando um desserviço à classe trabalhadora. Condenar o Hamas é condenar quem luta na Faixa de Gaza e no restante do mundo.

Tranco da direita

Recentemente, o ex-ministro-chefe da Casa Civil do Brasil e ex-presidente do PT, José Dirceu, declarou que: “Não aguentamos o tranco da direita como estamos”. A fala do dirigente é clara, a direita está na ofensiva e o governo não reage.

“Se formos derrotados em 2024, eles vão tomar mais um naco do governo. Porque já existe um governo de coabitação no Brasil. Coabitação na França ou nos países parlamentaristas é quando o presidente da República é de esquerda, mas o Parlamento é de direita e nomeia um primeiro-ministro de direita.” Afirmou Dirceu. “Numa situação de coabitação, porque além do poder real da maioria no Parlamento de direita, tem as emendas impositivas.” Completou.

“Então a complexidade do momento que nós estamos vivendo exigiria do partido uma reflexão, um debate, para tomar medidas, para fazer um planejamento para os próximos quatro ou oito anos, pensar o futuro, pensar a realidade que nós estamos vivendo neste momento. Não sei qual o problema. Tem medo da militância, do debate, da discussão, da mobilização da militância?” Continua Dirceu.

Algo certo da esquerda nacional, principalmente do PT, é o reconhecimento da situação apenas no ponto crítico. Quando houve o golpe em Dilma, o PT reagiu apenas no último momento, onde não era possível reagir.

Se Dirceu reconhece a fragilidade do PT dentro das instituições, é um sinal que o estado pode ser irrecuperável. Não é novidade que a única força do PT é seu apoio junto à classe trabalhadora, distancia-se da mobilização em torno das necessidades reais e abraça bandeiras identitárias da pequena-burguesia, é rumo certo à perdição.

Perda comum

O PT hoje ainda é o maior partido no Brasil que mantém relações com a classe trabalhadora. Exatamente por isso, uma derrota sua para a direita significará uma derrota para toda a esquerda e classe trabalhadora.

O PT, com suas limitações políticas, precisa ser superado pela ação da classe trabalhadora, através de seu amadurecimento político. O endurecimento do regime e as perdas de direitos resultantes da perda do governo para a direita apenas dificultarão esse processo.

Neste sentido, a crítica da esquerda tem que ser justa e seu trabalho voltado à mobilização popular, parte fundamental do desenvolvimento político da classe trabalhadora.

Sionismo é a extrema-direita

A luta palestina de resistência ao sionismo é algo que mobiliza e unifica parte significativa da esquerda e serve para combater preventivamente tipos similares de ocupação imperialista. Essa luta também se presta a combater a direita e extrema-direita no Brasil, os quais são basicamente agentes do imperialismo assim como os sionistas.

Se o PT e o restante da esquerda pretendem mitigar os danos políticos no enfrentamento com a direita, a questão da Palestina é essencial nesse processo. Esses grupos precisam seguir o exemplo do PCO e combater a direita e extrema-direita, ou seja, o imperialismo, com política revolucionária.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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