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Entrevista

Equador: CIA pode ter vários candidatos nas próximas eleições

Durante o XXVI encontro do Foro de São Paulo, a equipe do Diário Causa Operária entrevistou o delegado do partido equatoriano Alfaro Vive, Carajo

A equipe de jornalistas do Diário Causa Operária (DCO) esteve presente no XXVI Foro de São Paulo, ocorrido em Brasília entre os dias 29 de junho e 2 de julho, onde tivemos a oportunidade de conversar com o representante do movimento equatoriano “Alfaro Vive, Carajo!” (AVC), Freddy Veloz Fuentes. O delegado do AVC no Foro concedeu a seguinte entrevista ao DCO, contando a história do movimento armado e também dos desenvolvimentos ocorridos em seu país.

Diário Causa Operária (DCO): Conte-nos um pouco sobre a história do movimento do qual você faz parte.

Freddy Veloz: Meu nome é Freddy Veloz e eu sou representante do movimento “Alfaro Vive, Carajo!” (AVC). É um movimento com muita história no país, temos mais de quarenta anos e nascemos do povo para o povo. Tomamos uma decisão difícil na época, a decisão de voltar nossa atenção para a direita e ignorar o que estava acontecendo na esquerda, a violação dos direitos mais fundamentais do povo, ou então, de alguma forma, seguir o caminho da luta armada. A resposta a essa decisão foi definitivamente difícil, pagamos de alguma forma com muita dor e dureza pela decisão tomada. Perdemos mais de cem pessoas, entre desaparecidos, torturados e mortos.

Apesar da dor que carregamos, a luta nunca terminou. Sabemos que estivemos muito mais perto da paz nessa luta do que estivemos da violência. Não causamos danos colaterais a pessoas civis, por exemplo, e isso é algo importante de destacar atualmente.

Sabemos que os tempos mudaram, não há mais espaço para movimentos armados, mas sim para a guerra de ideias, e estamos trabalhando com muita força, apoiando atualmente o presidente, nosso presidente histórico Rafael Correa. Embora sejamos de partidos e movimentos diferentes, há muito mais coisas que nos unem do que nos separam. Discrepâncias normais, como em qualquer família, mas há muitas coisas que nos unem, que nos tornam irmãos. Portanto, esperamos que as eleições que ocorrerão no Equador em 20 de agosto impulsionem as reivindicações da esquerda progressista. O povo já tomou uma decisão muito ruim e reconheceu isso, reconheceu ao ponto de interromper um mandato presidencial de extrema-direita, de um banqueiro. Guillermo Lasso, foram interrompidos dois anos de governo, o povo disse “não mais” e vamos para novas eleições.

Atualmente, esperamos vencer definitivamente no primeiro turno e retomar o caminho da esquerda progressista.

DCO: Corrêa será candidato?

Freddy Veloz: Não. Como eu disse, ele não pode ser candidato e isso é algo que o mundo também viu, criticou e questionou. Ele se autoexilou na Bélgica e foi condenado à revelia a oito anos de prisão por uma causa estranha, foi condenado de maneira insana: não encontrando provas reais de qualquer ato de corrupção, a promotoria, direitista, assumiu que ele controlava funcionários com poderes mentais para que eles roubassem sem saber. Por essa razão, ele foi condenado a oito anos, mas não há precedente para esse tipo de sentença.

DCO: Você considera que os EUA participaram desse processo contra o presidente Corrêa?

Freddy Veloz: Definitivamente sim. Após Rafael Correa concluir seu mandato e transferir o poder para seu vice-presidente, nem eu, nem os equatorianos poderíamos imaginar que ele [Lasso] nos viraria as costas apenas dois dias após sua posse. Em uma entrevista, ele declarou que a mesa não estava posta como Correa havia dito que a deixou, e que as coisas estavam muito ruins. Imediatamente, ele seguiu o caminho da direita, se aliou aos Estados Unidos e a muitas de suas agências, como a CIA e o FBI, que começaram a atuar diretamente no país. Atualmente, há sérias preocupações de que mais de um candidato alinhado à direita seja um agente da CIA diretamente.

Portanto, o caminho que a revolução cidadã precisa seguir é muito forte e delicado, porque ser presidente é uma coisa, mas ter o poder é outra. Eles precisam limpar o país dessas máfias que se infiltraram no governo em todos os níveis, desde a polícia até o exército, o sistema judiciário, e assim por diante.

DCO: E o movimento de vocês luta por qual objetivo final? Vocês lutam por uma sociedade diferente dentro dos marcos do capitalismo ou vocês se proclamam socialistas? Qual o objetivo?

Freddy Veloz: Nos declaramos socialistas, nacionalistas e anti-imperialistas. Deixamos claro que somos um partido de esquerda que busca a plena felicidade do povo. Somos muito radicais em nossa posição, acredito que devemos ser radicais, pois o povo merece isso.

Viemos ao Foro de São Paulo para trazer uma mensagem de paz e integração. Pode parecer estranho que um grupo que já seguiu o caminho da luta armada agora traga uma mensagem de paz, mas sim, é uma mensagem de paz. Como eu disse em uma entrevista anterior, não trazemos apenas ilusões e romantismo para o Foro, trazemos princípios. Acreditamos no princípio da autodeterminação dos povos, no princípio de não intervenção, no princípio da integração latino-americana e caribenha, no princípio da liberdade de expressão, justiça e equidade social. É por isso que lutamos e continuaremos lutando.

Nosso objetivo, ao sair do Foro de São Paulo, é sairmos diferentes do que entramos. Tenho certeza disso, saímos daqui com uma perspectiva totalmente diferente. Queremos estar em nossos países para começar a organizar reuniões com a esquerda. É necessário que a esquerda pare de estar tão dispersa, envolvida em coisas sem importância, e comece a se unir de verdade no que realmente importa. Essa é a minha tarefa como representante do grupo AVC, trabalhar para a união da esquerda no meu país, em função do povo e para o povo.

DCO: Vocês estão pedindo ingresso no Foro de São Paulo como membros permanentes?

Freddy Veloz: Fizemos essa solicitação há três anos, esperamos uma resposta e agora finalmente a temos. Estamos muito agradecidos por termos sido convidados desta vez, mesmo que não estejamos participando como membros do Foro. Consideramos que esse convite corresponde a algo interessante. Tenho certeza de que o Foro de São Paulo fez sua pesquisa e sabe quem somos, pelo que lutamos e como fazemos isso. Isso nos enche de emoção. Temos certeza de que no próximo ano viremos como membros ativos do Foro, trazendo uma representação muito maior e, além disso, para começar a somar propostas.

Queremos ser discretos em nossa participação neste momento, pois é necessário, mas no próximo ano viremos com muita força, não apenas para falar sobre poder, mas para vender ideias progressistas, vender não apenas ideias, mas projetos, e talvez já trazer uma história de implementação. Não viemos aqui apenas para falar sobre coisas, ideias e projetos, mas sim para trazer testemunhas vivas da gestão no território. Portanto, esperamos poder estar aqui no próximo ano.

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