Fronteira Gaza-Egito

Encurralados por “Israel”, Palestinos se amontoam em Rafá

Recentemente, a OMS relatou que os casos de diarreia aumentaram 66% entre as crianças e em 55% no restante da população.

Dia 15 de dezembro de 2023, mais de dois meses que “Israel” iniciou seus mais recentes bombardeios genocidas sobre Gaza e seus ataques fascistas à Cisjordânia.

O número de palestinos assassinados já chega a 18.787. Destes, há uma mínimo de 7.729 crianças e 5.153. Deve-se ter em mente que esse número é subestimado, tendo em vista que o colapso da infraestrutura do enclave, em razão dos bombardeios e do bloqueio total, impede uma aferição precisa. Além disto, o número de desaparecidos é de, no mínimo, 7.780, dos quais certamente muitos já morreram.

Além dos mortos, há 50.897 feridos, dos quais um mínimo de 8.663 são crianças e 6.237, mulheres. Frisa-se: feridos por bombas! Em outras palavras, inúmeras pessoas que ficarão com sequelas permanentes.

Desde o fim da trégua temporária, que durou do dia 26 de novembro a 1º de dezembro, e foi violada por “Israel”, o Estado sionista vem intensificando os bombardeios que já havia realizado anteriormente. E não apenas intensificando, mas expandindo seu escopo. Se nos meses de outubro e novembro os bombardeios se concentraram, majoritariamente, na região norte de Gaza, agora “Israel” concentra-se em despejar bombas sobre o sul do enclave, de forma sistemática (muito embora a região já tivesse sido bombardeada anteriormente):

Pouco antes de ser dado início ao bombardeio, já na primeira semana em que seguiu à ação revolucionária da resistência palestina no 7 de Outubro, “Israel” ordenou aos palestinos do norte que fossem para o sul, se não quisessem morrer.

Assim, o bombardeio nos dois primeiros meses já resultou no “deslocamento forçado” – um eufemismo para expulsão – de quase toda a população de Gaza, ou seja, quase 2 milhões de palestinos, o que é reconhecido inclusive por agentes do imperialismo, como Volker Turk (o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos) que constatou também que “Israel” pune coletivamente o povo de Gaza:

“[…] os civis em Gaza continuam a ser implacavelmente bombardeados por Israel e punidos coletivamente – sofrendo morte, cerco, destruição e privação das necessidades humanas mais essenciais, como alimentos, água, suprimentos médicos vitais e outros bens essenciais em grande escala. Os palestinos em Gaza vivem num horror total e cada vez mais profundo.

As operações militares, incluindo bombardeamentos, por parte das forças israelitas continuam no norte, centro e sul de Gaza, afetando pessoas que já foram deslocadas várias vezes – forçadas a fugir – em busca de segurança. Mas nenhum lugar é seguro. Neste momento, cerca de 1,9 milhões dos 2,2 milhões de palestinos foram deslocados e estão sendo empurrados para locais cada vez menores e extremamente sobrelotados no sul de Gaza, em condições insalubres”.

Apesar de ser um agente do imperialismo, Turk expôs a realidade e disse algo correto: “nenhum lugar é seguro”.

De fato, não é. Inicialmente “Israel” mandara os palestinos para o sul, para deixarem o caminho livre para eles bombardearem o Hamas. A justificativa cínica era poupar as vidas dos civis, pois estariam visando apenas os combatentes da resistência.

Contudo, os palestinos migraram para o sul, e agora “Israel” bombardeia a região e também o centro de Gaza. Em suma, aviões israelenses bombardeiam todo o enclave, e vão fazendo isto progressivamente, forçando os palestinos cada vez mais ao sul, para a cidade de Rafá, na fronteira com o Egito, de forma que o número de palestinos lá poderá atingir 1 milhão a qualquer momento, segundo Adnan Abu Hasna, representante da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês). Isto em um território cuja área é menor que a de um bairro da cidade de São Paulo.

Confirmando o caráter genocida das ações de “Israel”, Hasna falou também a respeito da crise sanitária e das epidemias que a destruição da infraestrutura e o bloqueio total estão causando. Segundo ele, “existe o receio da propagação de doenças, uma vez que as doenças intestinais se espalharam a uma taxa quatro vezes superior à anterior e as doenças de pele triplicaram, além de relatos de a propagação da hepatite viral. Tudo isto terá consequências graves devido à sobrelotação e à falta de água potável”, conforme noticiado no órgão de imprensa independente Monitor do Oriente.

Nesse sentido, recentemente a OMS relatou que os casos de diarreia aumentaram 66% entre as crianças, e em 55% no restante da população. Meningite, varicela e icterícia também foram relatadas.

Enquanto isto, “Israel” ainda não parou os bombardeios, nem mesmo diminuiu a intensidade deles. O que serve para demonstrar que o governo do Estado sionista tem como objetivo expulsar os palestinos de Gaza, terminando a limpeza étnica da Palestina, iniciada em 1947, e que já levou a expulsão de cerca de 5 milhões de palestinos de suas terras. A política genocida de “Israel”, de expulsar os palestinos para o Egito, inclusive foi recentemente reconhecida por Diaa Rashwan, chefe do Serviço Estatal de Informação Egípcio, que acusou “Israel” de planejar a migração forçada dos palestinos para a península do Sinai, caracterizando a tática como uma “linha vermelha que o Egito não permitirá que seja cruzada”.

De forma que a fronteira permanece fechada, com o Egito impedindo a passagem de refugiados palestinos.

Sobre isto, é necessário ter em mente que a situação do país africano é contraditória. De um lado, Abdel Fattah el-Sisi (presidente do Egito) está pressionado pelo imperialismo, para continuar sendo um apêndice dos EUA na região e a manter seu apoio à ditadura de “Israel” contra os palestinos. De outro, está pressionado pelas massas de seu país, nas quais estão inclusas cerca de 100 mil palestinos, e também pela Irmandade Muçulmana, organização de onde surgiu o Hamas e aliada do partido islâmico. Vale lembrar que el-Sisi foi colocado no poder em 2013 pelos EUA, que deu um golpe de Estado derrubando Mohamed Morsi, da irmandade muçulmana, em razão do caráter nacionalista desse grupo.

Caso a fronteira de Rafá seja aberta, permitindo a entrada dos milhões de palestinos que fogem dos bombardeios israelenses, uma crise política e econômica no país certamente irá ocorrer, a qual será de difícil controle para o governo egípcio. Afinal, a abertura da fronteira permitira que “Israel” expulsasse os palestinos da Palestina, uma vitória para o sionismo e o imperialismo, e uma derrota para todos os países oprimidos, inclusive o Egito. Contudo, a fronteira simplesmente não pode ficar fechada sem nenhuma ação do governo egípcio, ante o genocídio que está ocorrendo.

O que mostra que o povo palestino não deve contar com governos, mesmo de países árabes ou muçulmanos, mas deve se ancorar em suas organizações armadas. A luta armada do Hamas e demais organizações a resistência palestina é o único caminho para a libertação nacional desse povo martirizado.

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