Durante a XXVI edição do Foro de São Paulo, em Brasília, o Diário Causa Operária (DCO) teve a oportunidade de entrevistar o embaixador do Saara Ocidental Ahmed Moulay Ali, representante da Frente Polisário para o Brasil. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Diário Causa Operária: Quais são as suas expectativas acerca do Foro de São Paulo?
Ahmed Mulay Ali: O Foro cumpre um papel muito importante a nível não só do Brasil, mas a nível da América Latina, do Caribe e do mundo, porque aqui há participantes não só da América Latina e do Caribe, mas também de outras delegações, especialmente da África e da Ásia. E a sua importância vem do debate que se faz, das ideias e dos programas e da procura de soluções para a situação internacional que vivemos, uma situação bastante séria de guerras.
Como você sabe, há uma guerra na Ucrânia entre a Rússia e há outra guerra entre a República Árabe Saaraui Democrática e o Reino de Marrocos, porque o Reino de Marrocos ocupa uma parte do território saaraui e outras guerras.
Aqui você está procurando ideias, soluções também na esfera econômica, na esfera cultural. Então, o Foro tem uma importância muito, muito, muito essencial e muito necessária nestes tempos.
Diário Causa Operária: Quais são as principais reivindicações que vocês estão levantando aqui no Foro?
Ahmed Mulay Ali: Bem, apresentamos a situação vivida pelo povo saaraui da República Árabe Saaraui Democrática. Como você sabe, é uma cidade do norte da África, o único país árabe que fala espanhol porque era uma colônia espanhola e quando estava prestes a conquistar a independência, em 1975, foi invadida pelo reino de Marrocos, que ocupa parte dela. E aqui queremos que o mundo da esquerda na América Latina e no Caribe apoie o povo saaraui na sua luta e pressione por uma solução pacífica em que o direito à autodeterminação do povo saaraui seja respeitado. É o que nós buscamos.
Diário Causa Operária: Os Comitês de Luta estão realizando uma ampla campanha em defesa de Cuba, contra o bloqueio dos Estados Unidos. Pode falar um pouco sobre esse problema?
Ahmed Mulay Ali: Cuba, para nós, é um país irmão e é um país que nos apoiou muito no campo da saúde e no campo da educação, e graças a Cuba fortalecemos a existência da língua espanhola em nossa sociedade e tudo que prejudica Cuba também dói em nós. Tudo o que faz mal a Cuba faz a nós.
O bloqueio é uma vergonha para o mundo, é uma vergonha não só para a esquerda do mundo, é uma vergonha não só para os Estados Unidos, mas para todos os países do mundo, porque manter todo um povo soberano que está dando exemplos em todos os âmbitos frente a este bloqueio é uma pena e é algo que todos precisamos combater.