Há mais de 70 anos, no dia 14 de outubro, em uma aldeia chamada Qibya, na Cisjordânia, as forças armadas israelenses assassinaram mais de 69 palestinos, dois terços dos quais mulheres e crianças, mostrando que o fascismo sionista não estava limitado aos massacres cometidos nos anos de 1947-48, durante a Nakba.
A Cisjordânia estava sob o controle do Reino da Jordânia, de forma que a aldeia (situada a oeste da cidade de Ramalá e a nordeste de Jerusalém) fazia parte de seu território, que foi invadido por “Israel” apenas para assassinar árabes palestinos.
A justificativa dada pelos sionistas para o ataque à aldeia de Qibya foi um ataque que havia sido realizado no dia 12 de outubro ao vilarejo de Yehud, em “Israel”, em que três civis israelenses, uma mulher e seus dois filhos foram mortos com a explosão de uma granada.
O governo sionista acusou um esquadrão de guerrilheiros palestinos oriundos da Jordânia de terem empreendido a ação. O governo jordaniano se prontificou a realizar uma investigação, cujo resultado teria rastreado os militantes palestinos até ao vilarejo de Rantins, próximo de Qibya.
Naquela época, os palestinos achavam-se no direito de reagir ao domínio sionista, da maneira que fosse e com os métodos que julgassem necessários, afinal haviam sido alvos de um massacre terrível e recente, expulsos de suas terras de forma sistemática e criminosa. “Israel” já mostrava sua reação imensamente desproporcional.
No dia 13 de outubro, o governo central israelense, liderado por Davi Ben-Gurion (primeiro-ministro), Mordecai Maclef (comandante das Forças Armadas), Moxe Daian (vice-comandante das Forças Armadas) e Pinhas Lavon (ministro da defesa), emitiram ordem para retaliar o ataque a Yehud, conflagrando a Operação Shoshana, que envolveu cerca de 600 soldados das Forças de Defesa de “Israel” (FDI).
Comandada pelo criminoso de guerra sionista Ariel Sharon, futuro primeiro-ministro, a operação consistiu em sitiar a aldeia de Qibya e isolá-la dos vilarejos vizinho. Uma vez que isto fora feito, começou o bombardeio sistemático, com morteiros, para preparar a invasão terrestre. Uma tática semelhante ao que “Israel” fez nos últimos dois meses em Gaza.
Quando a invasão começou, os soldados israelenses atacaram jogando bombas no interior das casas, forçando os aldeões palestinos a saírem. Muitos dos que saíam eram alvos de saraivadas de tiros, disparados aleatoriamente contra as casas, portas e janelas. Os sionistas buscavam atingir qualquer um que tentasse fugir.
Houve também aqueles que ficaram dentro de suas casas. Assim, dezenas de residências foram explodidas com seus moradores dentro.
Tratou-se de um ataque ocorrido após o Acordo de Armistício de 1949, firmado entre “Israel” e os países árabes, em que os sionistas deram mais uma demonstração do plano de tomar todo o território da Palestina para eles, expulsando os árabes, para então formar um Estado puramente judeu, supremacista.
O massacre, por sua desproporcionalidade, foi condenado universalmente pela comunidade internacional e pela ONU (Estados Unidos incluso). Contudo, mostrando que tais condenações formais das Organizações Unidas e mesmo de Estados Nacionais não surtem efeitos práticos para impedir o genocídio de “Israel” sobre os palestinos, nada aconteceu.
Ben-Gurion jamais foi responsabilizado como um criminoso de guerra pelo Tribunal Penal Internacional. Nem Ariel Sharon e nem Moxe Daian. O então primeiro-ministro e o governo israelense, em resposta à “comoção” internacional, declararam cinicamente que o massacre havia sido cometido por uma população israelense revoltada. Uma demonstração de que a máquina de mentiras sionista é antiga.
Diante do massacre de Qabiya, dos milhares de outros cometidos por “Israel” contra os palestinos, e do fato de que nenhum político ou militar sionista jamais foi apontado como um criminoso de guerra, a resistência armada do povo palestino, atualmente liderada por organizações como o Hamas, a Jiade Islâmica, a Frente Popular pela Libertação da Palestina e a Frente Democrática pela Libertação da Palestina é inteiramente justificada e deve ser apoiada incondicionalmente.