O Comitê de Luta de Dourados está participando no fortalecimento da luta pela terra no município de Dourados, Mato Grosso do Sul.
Dezenas de famílias tem se deslocado em direção ao Acampamento Nova Esperança, na busca de um pedaço de terra para viver e obter renda. O Acampamento está sendo reorganizado e a cada dia chegam mais famílias após um longo período de atividade reduzida devido às condições de perseguição política e extrema violência dos latifundiários após o golpe de Estado em 2016 que derrubou a presidente Dilma Roussef e se intensificou durante o governo de Jair Bolsonaro, na segunda maior cidade do Estado do MS. A situação de violência não se alterou, mas a perspectiva apresentada com a derrota da extrema-direita nas eleições e do novo governo Lula mobilizou a base da população trabalhadora para suas conquistas.
O acampamento cresce de modo muito rápido neste último período. Isso não é de se espantar diante da crise econômica aguda que o país entrou desde o golpe de 2016, atingindo prioritariamente as camadas mais pobres da população, que hoje mesmo trabalhando não tem condições de pagar aluguéis e os boletos de água, luz e demais contas necessárias para a sobrevivência digna de um trabalhador.
As famílias já acampadas no local há 8 anos decidiram buscar mais companheiros para assumir de vez a luta contra a gigante JBS que, apesar da enorme dívida com o Estado Brasileiro, tenta sorrateiramente se apropriar “de mão beijada” de mais terras do povo. A disposição da comunidade que ali se forma é muito grande, todos os domingos há assembleias para organizar o movimento.
Segundo Seu Maranhão, um dos mais antigos acampados, há décadas o banco tomou as terras dos latifundiários que ali viviam, devido às dívidas com o estado e em um acordo com a prefeitura municipal de Dourados, as terras foram doadas a outra empresa chamada Frangosul com a promessa de gerar empregos para a comunidade local. Após anos foram construídos sete aviários, mas seis estão fechados e em todo esse tempo, os tais empregos prometidos, como sempre, nunca foram gerados. Agora a área estaria sendo vendida a preço de banana para a gigante JBS.
O Comitê de luta de Dourados, já muito conhecido pela atuação nas áreas de retomada dos índios, neste momento tem participado junto em mais essa luta dos trabalhadores do campo pela reforma agrária.
O fortalecimento do Acampamento Nova Esperança em Dourados com a chegada de dezenas de famílias sem-terra demonstra que os trabalhadores estão com disposição de se mobilizarem por pautas populares e de reivindicações históricas e que, através destas, precisam de organização para suas conquistas e enfrentamento do latifúndio.
A luta pela terra no Mato Grosso do Sul está na ordem do dia e a reforma agrária é única solução para os camponeses, índios e outras comunidades que sobrevivem sendo duramente explorados por latifundiários com apoio do governo do estado.
Para enfrentar o latifúndio e seus lacaios é preciso unificar os movimentos de luta pela terra, índios e não-índios, em um grande movimento de ocupações e retomadas de terra para que suas pautas sejam atendidas e os inimigos sejam derrotados.
Todo apoio as famílias do Acampamento Nova Esperança!
Pelo fim do latifúndio!
Reforma agrária Já!