As eleições municipais do ano que vem já estão movimentando as principais forças políticas no Brasil. A maior surpresa, seguramente, será o apoio do PT à candidatura de Guilherme Boulos que, conforme o tempo passa, parece mesmo que irá se consolidar.
Durante o último período surgiu uma polêmica sobre um acordo que já teria sido fechado com Boulos, de que receberia apoio do PT a uma candidatura sua. Na eleição passada para a prefeitura, o Partido dos Trabalhadores lançou o nome de Jilmar Tatto, deputado federal petista, que afirmou acertadamente que “A aliança com o PSol é burra. É jogo de perde-perde”.
A candidatura de Tatto, no entano, não foi tranquila, figuras de destaque dentro do PT, como Breno Altman, achavam que já naquela oportunidade o partido deveria ter lançado o nome de Boulos.
Cavalo de Troia
O que chama atenção nesse acordo firmado com Boulos é que não parece fazer sentido. O PT é um partido muito maior que o PSOL e o Partido dos Trabalhadores ainda conta com um melhor cabo eleitoral do momento, o presidente Lula. Sem mencionar o fato de que já governaram a capital paulista em três oportunidades.
Todos sabem que Guilherme Boulos é um candidato fabricado pelo imperialismo para se opor ao PT.
Boulos surgiu durante o movimento Não Vai Ter Copa, financiado pela CIA para desestabilizar o governo Dimla Rousseff e assim contribuir para criar o clima favorável ao golpe/impeachment. Não demorou, e Boulos se tornou articulista na imprensa golpista, se tornou articulista na Folha de São Paulo e sempre teve bastante visibilidade, além de ser apresentado como grande liderança.
Quando o golpe já estava em andamento, e se iniciaram as manifestações de rua, Boulos criou a frente “Povo sem medo”, que serviu basicamente para rachar e enfraquecer o movimento.
Apoio?
Embora o PT afirme que Boulos tenha apoiado a candidatura de Lula, os fatos dizem que e a realidade é outra.
O PSOL e Guilherme Boulos tentaram de tudo para impedir a candidatura do petista. O desejo de Boulos e seu partido era o de formar uma frente ampla com carinhosamente apelidado de “campo democrático”, que nada mais era que políticos golpistas que não conseguiram tudo o que desejavam com o governo Bolsonaro e que viram uma oportunidade de formar uma “terceira via” que já contava com apoio da burguesia.
Durante os atos do “Fora, Bolsonaro”, Guilherme Boulos pregava a frente ampla, dizia que o principal inimigo era o fascismo, Bolsonaro, que precisava ser derrotado. Para isso, o PSOL tentou articular o apoio a Ciro Gomes ou mesmo João Doria, também conhecido como Bolsodória.
Figuras como Flávio Dino, hoje ministro da Justiça do governo Lula, não queria uma frente ampla, mas ‘amplíssima’. De nada adiantou, pois a candidatura Lula se impôs, apesar de todo o boicote do PSOL e da tentativa de barrar faixas e palavras de ordem em apoio ao petista.
O apoio do PSOL à candidatura petista foi tardio, o que provocou inúmeras revoltas dentro do partido que é abertamente antipetista. Esse partido, na verdade, mais se parece com uma federação na qual vário setores já se chocam com a direção.
O PSOL adiou o quanto deu seu apoio a Lula. Se é que se pode chamar isso de apoio. Pois desde o início tentou viabilizar a terceira via burguesa, além de ter boicotado sistematicamente as manifestações de rua e a própria campanha presidencial.
No campo internacional, o PSOL é ligado a Gabriel Boric, presidente do Chile, que tem sindo um boneco de ventríloquo do imperialismo americano dentro da América Latina. Boric tem criticado os governos da Venezuela e da Nicarágua, países que têm contrariados os interesses dos EUA.
A “luta” continua?
Em matéria publicada neste sábado (29) no Brasil 247, lemos que “O PT planeja formalizar o apoio a Boulos durante o congresso do diretório municipal, mas Tatto defende que a decisão seja adiada e reforça sua posição contrária ao acordo. O deputado acredita que a esquerda só terá êxito se conseguir atrair eleitores do centro político, algo que Boulos, identificado com o movimento sem-teto, talvez não consiga. Na reunião, foram levantadas condições para o apoio, como a defesa do PT durante a campanha e a indicação de um vice na chapa”.
A luta, no entanto, parece perdida para Tatto, Boulos recebe apoio de figuras importantes dentro PT, como – segundo da imprensa – de Gleisi Hoffmann e do próprio Lula.
O PT nasceu em São Paulo, é a capital mais importante do País. É difícil entender as razões que levam esse partido a apoiar um cavalo de Troia, Guilherme Boulos, e que contribua para que esse partido, que nasceu com o intuito de destruir o PT, cresça na capital Paulista.
