Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Mobilização popular

É preciso mobilizar o povo para impedir novo golpe

É preciso organizar a luta em torno de temas importantes para o desenvolvimento do Brasil e também a resistência contra os inimigos do povo.                

A maior parte da população imagina que sua participação na vida política do país seja unicamente escolher seus candidatos e comparecer às urnas em dia de eleição.  Isso nunca foi verdade, mas, no momento atual do país, é particularmente falso. O povo elegeu Lula presidente da República, mas a burguesia vem lançando mão de toda sorte de estratagemas para não deixá-lo governar. Só a mobilização popular será capaz de impedir a desfiguração total do projeto de desenvolvimento do país ou mesmo um novo golpe de estado.

A imprensa burguesa noticia com afetada naturalidade o confronto entre o governo e o Banco Central, como se fosse normal este definir as taxas de juros sem interferência daquele. Jornalistas esmeram-se em “explicar” à população que esse é apenas um problema “técnico” – os economistas “técnicos”, porém, estão sempre afinados com a política entreguista da direita. Altas taxas de juros favorecem os rentistas, gente que não vive do trabalho, e mantêm a economia estagnada.

No famigerado teto de gastos, Lula praticamente não pôde mexer. Seu ministro da Economia (Fernando Haddad) fez um esforço de calibragem dessa política, conseguindo cavar algum espaço de manobra para o governo, mas o Congresso tratou de desfigurar até o seu arcabouço fiscal.

O Congresso, diga-se, é majoritariamente composto de direitistas de amplo espectro – da ralé bolsonarista aos tradicionais representantes da burguesia financista. Essa turma chegou a ameaçar vetar a mudança da configuração dos ministérios do governo Lula, coisa nunca vista antes. Na última hora, a mudança foi aprovada como se fosse uma “vitória” do governo. Mais parece que o Congresso, que representa, em sua maior parte, o projeto vencido na eleição presidencial, está medindo forças com o governo e tentando impor-se como uma espécie de “segundo governo”.

Não bastasse essa situação, que promete obstar todos os projetos de Lula, há indivíduos que, embora integrem o governo – como consequência da política de frente ampla –, também trabalham contra os interesses do povo. Os exemplos mais gritantes são Marina Silva (Rede Sustentabilidade), ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, e Sônia Guajajara (PSOL), ministra dos Povos Indígenas. Em nome da pauta ambiental, as duas se colocam contrariamente à exploração das riquezas naturais e do desenvolvimento econômico do país.

Embora não se negue que é importante preservar a natureza e que nada justificaria destruir florestas para ampliar latifúndios de soja ou de pecuária, é óbvio que não podemos abrir mão de explorar petróleo (por exemplo, a 500 km da foz do Amazonas) ou de construir usinas hidrelétricas e ferrovias. Na opinião de Marina Silva e de seus financiadores internacionais, a Amazônia é o “pulmão do mundo”, ou seja, a reserva natural que vai salvar o planeta da destruição, portanto, para o bem da humanidade, deve permanecer intocada. Há quem defenda até mesmo a internacionalização desse território como forma de impedir que os brasileiros o destruam (ou o explorem economicamente).

A proteção das populações indígenas, por sua vez, embora seja camuflada pelo bom-mocismo identitário e pelas teses defendidas pela intelectualidade “descolonizadora”, apenas atende ao objetivo de impedir a exploração do território amazônico, do qual os indígenas (e ribeirinhos etc.) são “guardiães”. Que fique claro que nenhuma dessas ONGs estrangeiras de defesa da Amazônia está, de fato, interessada nos indígenas brasileiros. Elas só se interessam por esses povos na exata medida em que a existência deles funciona como pretexto para deixar a terra intocada.

A própria ministra Guajajara demonstrou não se importar com a prisão de indígenas em Mato Grosso do Sul, região das fazendas da ministra Simone Tebet, que foram detidos na luta por suas terras. Por ironia, um dos detidos poderia ser solto desde que usasse uma tornozeleira eletrônica, mas, como não há energia elétrica na sua aldeia, foi mantido na prisão. Será mesmo que os povos indígenas do século XXI não gostariam de usufruir dos benefícios da energia elétrica? Perguntemos à ministra Guajajara, frequentadora de voos internacionais, constantemente recebida por autoridades dos Estados Unidos e muito ocupada em atender a agenda da ONU. Impedir o desenvolvimento do Brasil é um propósito dos países imperialistas.

Mesmo o projeto de barateamento do preço dos carros populares sofreu críticas dos “ambientalistas”, que já anteviram mais poluição do ar. Carros para trabalhadores são, de fato, um atentado ao clima. A burguesia que usa suas ultrapotentes SUVs na cidade para levar os filhos ao colégio, ir ao cinema ou ao supermercado certamente gostaria de trocar seus veículos pelo transporte coletivo. Será?

Como se vê, são muitos os inimigos do povo, fora e mesmo dentro do governo. A invasão dos palácios no 8 de janeiro foi o primeiro aviso de que Lula não teria vida fácil pela frente. Ah, eram os bolsonaristas… A recente grita contra a visita de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, ao país, no entanto, pôs às claras que, para além da extrema-direita, muita gente por aqui (inclusive na esquerda identitária) se contenta em ver o país lacaio do imperialismo. É preciso organizar a luta em torno de temas importantes para o desenvolvimento do Brasil e também a resistência contra os inimigos do povo.                

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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