Editorial
No dia de hoje, 7 de setembro de 2023, o Brasil completa 201 anos de independência. Uma conquista tardia, de uma colônia que já há muito se mostrava mais relevante que sua metrópole, o então decadente Império Português. Entretanto, mesmo após dois séculos, a capacidade de existência do Brasil enquanto nação soberana, ainda parece um ponto aberto ao debate por figuras do alto escalão estatal dos países imperialistas, estando eles em cargos civis ou em militares.
Os porta-vozes dos interesses das nações mais poderosas, em especial os Estados Unidos, se sentem à vontade para apontar sempre que possível nossos problemas sem olhar o próprio umbigo.
Os argumentos para encobrir os reais interesses por trás dessa contestação são os mais variados: a histórica desigualdade social, o crime organizado com tráfico de drogas e armas, a tal da corrupção, e mais atualmente a suposta incapacidade de lidar com os problemas ambientais, entre outros tantos problemas apontados como possíveis
São falácias que, repetidas à exaustão, ajudaram a construir uma imagem de um Brasil gigante, porém corrompido de tal forma que, seria incapaz de lidar com o peso das suas contradições internas e estaria fadado ao subdesenvolvimento. Trata-se de uma tática eficaz de desmoralização, outrora usada pelos brucutus senhores da guerra-fria como ferramenta complementar ao domínio por meio da força e que, na era da informação, se metamorfoseou ao ponto de ser capaz fazer parecer dócil o mais brutal invasor desde que esse se coloque como aquele que levanta a bandeira da defesa da democracia e dos direitos humanos.
A principal ocasião na atualidade em que nos deparamos com essa relativização da soberania territorial brasileira tem sido no caso da Amazônia e que assertivamente o presidente Lula tem rechaçado a possibilidade de aceitar aquilo que ele denominou de neocolonialismo verde. Esse conceito refere-se a uma tendência em que nações desenvolvidas ou organizações internacionais buscam controlar ou influenciar as políticas e a gestão de recursos naturais em países em desenvolvimento em nome da preservação ambiental, muitas vezes sem considerar a soberania dessas nações. Sob esse argumento da defesa ambiental, querem “mundializar” o controle territorial na Amazônia, de forma que assuntos de interesse estritamente nacional, se torne um debate descolado da realidade
Nesse contexto, vale destacar os debates levantados acerca da exploração de petróleo a 400 km da foz do rio Amazonas pela Petrobrás, que levantou questões complexas que vão muito além do ambientalismo rasteiro, que domina o senso comum. Está relacionada diretamente a como o Brasil exerce a sua soberania energética, questão crucial para qualquer nação que aspira à independência. O curioso é que não vemos nenhum desses ambientalistas questionando a exploração feita pela França na mesma região, em sua colônia, a Guiana Francesa.
Outro aspecto que deve ser tomado em conta nesse quesito ambiental é que nenhum país no mundo tem moral para questionar os percentuais do Brasil na preservação do meio-ambiente. E se existe ação de devastação e exploração predatória das riquezas naturais em nosso país, isso se dá por conta da ação do capital financeiro internacional que tem intensificado sua intervenção na economia do nosso país de forma cada vez mais feroz, veja-se o avanço da fronteira agrícola que tem na sua dianteira diversos fundos internacionais que estão em uma verdadeira corrida por terras nos países de capitalismo atrasado e pelos recursos naturais.
O mesmo ocorre com relação à ofensiva diante do nosso controle em nossas fronteiras, principalmente na região amazônica, de que não conseguimos dar conta do fluxo nas rotas do crime organizado nesses perímetros. Mas é de conhecimento geral que as rotas do crime organizado na América-Latina são coordenadas e organizadas pela própria DEA.
Querem tentar impedir o desenvolvimento nuclear de uma nação em que entorno de 10% de sua população vive sem energia. Querem brecar o desenvolvimento nuclear de uma nação que constantemente tem sua margem litorânea assediada. Querem impedir a nação que desenvolveu o mais sofisticado e barato enriquecimento de urânio, de utilizar suas ferramentas tecnológicas para o bem-estar de sua população.
No terreno histórico, querem destruir todo o processo de constituição cultural de uma nação, como se 500 anos de autênticas relações humanas fossem movimentadas ao bel-prazer dos caprichos ideológicos de uma pequena burguesia de sala de aula.
O Brasil, mesmo diante de toda sabotagem e calúnia, desponta com o presidente Lula como vanguarda daqueles que não se dobram diante dos caprichos de Washington. Completamos 201 anos de independência, desequilibrando a configuração do tabuleiro, como bons brasileiros que somos. O futuro, que se prepare! Pois só por cima de nossos cadáveres vão fazer tábula rasa do Brasil!