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É inconcebível ser de esquerda e defender Israel

A esquerda que classifica as ações do Hamas como "terrorismo" está submissa aos interesses do imperialismo

A ação do Hamas em Israel, heroica e revolucionária, trouxe à tona todo tipo de emoções: muitos militantes que dedicaram a melhor parte de suas vidas à luta contra o imperialismo sentiram-se vingados e contemplados pelos combatentes palestinos e saíram a celebrar a derrota do preposto imperialista no Oriente Médio. A imprensa burguesa e a direita lamentaram os acontecimentos e logo ressuscitaram a “guerra ao terror”, inaugurada em 2001 como uma resposta aos ataques sofridos no 11 de setembro em Nova Iorque.

Evidentemente que, não é surpresa para ninguém, a imprensa golpista aponte o dedo para os oprimidos que reagem bravamente contra os seus opressores de meio século e os chame de “terroristas”. No entanto, é algo negativamente surpreendente e lamentável ver que há setores da esquerda que embarcam na campanha do imperialismo e se colocam ao lado de Israel e dos países opressores de todo o planeta, também classificando a ação do Hamas como “terrorista”.

O articulista Alex Solnik publicou matéria na página Brasil 247, com o título “O terror não pode vencer”. No texto, o autor compara, de forma ridícula, o acontecimento do 8 de janeiro no Brasil com o que ocorreu em Israel neste fim de semana. Para ele, ambos seriam exemplos de atos de “terrorismo”: “No dia 8 de janeiro de 2023, terroristas insuflados por Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e destruíram os edifícios-símbolos do estado democrático de direito, na tentativa de derrubar o presidente da República eleito por meio de um golpe de estado” e “No dia 7 de outubro de 2023, terroristas armados e insuflados pelo Irã, invadiram Israel, lançando milhares de mísseis sobre cidades, alvejando a esmo e sequestrando a população civil, na tentativa de destruir um estado legalmente constituído por meio de um banho de sangue”.

As colocações de Solnik são lotadas de absurdos e convém comentar cada um deles separadamente. Primeiramente, classificar os manifestantes do 8 de janeiro como “terroristas” é um descalabro total. É sabido que eram apenas manicures, entregadores de pizza, donas de casa e outras pessoas cuja única vontade era protestar contra o resultado das eleições, com o qual não concordavam – o que é um direito deles. Ainda que se possa discordar deles, já que a vitória de Lula é legítima e se deu, inclusive, passando por cima do golpismo da burguesia. Dizer que os manifestantes “destruíram os edifícios-símbolos do estado” também é um exagero escatológico. Houve algum vandalismo, com a conivência da PM, mas os edifícios estão em pé lá.

O erro é ainda maior na segunda citação de Solnik, que dessa vez classifica os membros do Hamas como “terroristas”. Aí, não é simplesmente um caso de exagero ou de má interpretação dos fatos, mas de um ataque direto contra o povo mais martirizado do planeta, que enfrenta uma brutal ocupação seguida de massacres desde meados dos anos 40 do século passado. Os palestinos tiveram seu território tomado à força pela ação do imperialismo e passaram décadas sofrendo com a opressão patrocinada também pelo imperialismo e levada adiante pelos israelenses, encobertos pela exploração emocional do genocídio perpetrado pelos nazistas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Nesse sentido, dizer que os palestinos estavam tentando destruir um “estado legalmente constituído” é um escárnio. O Estado de Israel é um estado artificial, constituído no território em total oposição ao que queriam as pessoas que ali residiam, não foi legalmente constituído, foi um esforço do imperialismo de impor uma população europeia no coração do Oriente Médio, mesmo que para isso tivesse que efetuar uma limpeza étnica dos povos que já estavam constituídos naquele local. O pacifismo de Solnik, que pretende denunciar o “banho de sangue” do Hamas é algo totalmente descabido, tendo em vista todas as mortes promovidas pelo Estado fascista de Israel ao longo do período em que se instalavam no território palestino.

Logo abaixo, Solnik quer nos fazer crer que o mundo inteiro estaria defendendo o estado fascista de Israel: “Os terroristas sabiam que, sozinhos, não alcançariam seu objetivo. Apostaram que teriam ajuda de forças inimigas de Israel. E seus ataques covardes estão sendo repudiados por todo o mundo civilizado”. A não ser que Solnik considere o “mundo civilizado” apenas como os governos dos países imperialistas e a burguesia vendida ao imperialismo dos países atrasados, a afirmação está em total contrassenso com a realidade.

Em todos os locais do mundo, há manifestações populares em apoio ao Hamas e à Palestina. É o caso de Nova Iorque, Barcelona, Medellín, Brasil, em todos os países do mundo árabe do Oriente Médio e muitos outros.

O apoio a Israel não tem vez dentro da esquerda, deixemos essa posição criminosa e de lambe-botas do imperialismo para os bolsonaristas e para a direita tradicional. A esquerda deve se juntar à classe operária mundial e tomar as ruas com as palavras de ordem de “todo apoio ao Hamas” e “chega do fascismo israelense”!

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