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Contra as ameaças da direita

É hora de convocar um amplo congresso das forças populares

A esquerda precisa organizar os trabalhadores para a luta contra um possível golpe militar

A invasão de uma turba bolsonarista contra os prédios dos Três Poderes, no último domingo (08), longe de ter sido um ataque à “democracia” em abstrato, foi, acima de tudo, um alerta para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da histeria que tomou conta da esquerda acerca do “terrorismo” dos manifestantes, ela ainda não conseguiu perceber o real perigo por trás dessa ação.

Não houve uma tentativa de golpe. Isso não pode ser concretizado apenas com alguns milhares de manifestantes ocupando a sede do governo. Para que um golpe dê certo, é preciso apoio das forças armadas. E as forças armadas não queriam dar um golpe imediato. No entanto, elas são precisamente as forças ocultas por trás desse acontecimento. A ala de extrema-direita do Exército, bolsonarista, coordenou a invasão. Era um aviso ao governo Lula, um balão de ensaio para o que pode vir futuramente.

Já se tornou senso comum que as forças militares e policiais encarregadas de tomar conta de Brasília no domingo colaboraram com a invasão. Mas não são apenas aqueles policiais que estão do lado do bolsonarismo. É sabido que toda a Polícia Militar está aparelhada pelo bolsonarismo, algo natural para uma organização intrinsecamente fascista. O mesmo vale para as demais forças de segurança do Estado, e também as privadas. O Exército, por sua vez, além da ala de extrema-direita em sua cúpula, tem um baixo oficialato de maioria bolsonarista, bem como os soldados rasos.

Logo, a ameaça golpista é grave. Mesmo que não a um curto prazo. Mas ficou evidente que Lula não será tolerado. Uma ação como a de domingo, ocorrida na primeira semana de um governo, dá o tom de como será a relação do governo com a oposição daqui para a frente. A reação catastrófica do governo Lula, particularmente de seus ministros, como Flávio Dino da Justiça, revelou uma perigosa fragilidade do Executivo aos olhos da população, de sua base de apoio e também de seus adversários.

É preciso agir energicamente e rápido. Mas a repressão que está sendo promovida neste momento demonstra que o governo ainda está batendo cabeça. Erra criticamente quem pensa que Alexandre de Moraes e o aparato repressivo do Estado vão afastar o perigo bolsonarista. Tudo o que estão fazendo não passa de jogo de cena. São quase 2 mil manifestantes que teriam sido detidos. Nos EUA, dos milhares que participaram da invasão do Capitólio, dois anos atrás, somente poucas dezenas receberam uma punição minimamente séria. No Brasil, onde o poder judiciário, apesar de ditatorial, é organizado de uma maneira muito mais caótica, a tendência é que essa repressão não passe de uma fachada. Mesmo assim, os militares que já alimentam uma contrariedade cada vez maior com Moraes e com o governo terão uma desculpa a mais na sua propaganda golpista ao acusarem o governo de perseguir a oposição.

O Congresso, o Judiciário, a imprensa, a direita tradicional e a famigerada frente ampla serão absolutamente incapazes de mexer uma palha para deter um eventual golpe militar. Também não têm competência para evitar a desestabilização que já está ocorrendo em vários cantos do País. A única força capaz de conter a sanha golpista é a classe operária e as massas populares. O governo Lula, sendo um governo surgido da mobilização dos trabalhadores, apoiado na classe operária, apesar de todas as alianças com setores da burguesia, tem uma demonstração, com essa situação, de quem realmente está do seu lado. Os movimentos populares saíram às ruas de várias cidades do País logo após o sucedido no domingo e estão preparando novas manifestações. Mas isso está longe de ser o suficiente.

O PT, com Lula à frente, deve convocar toda a sua militância a trabalhar para a realização de um amplo congresso das organizações do movimento popular, junto com a CUT e o MST. Precisa ser o evento mais democrático e participativo dos últimos anos. Durante a campanha eleitoral, o PT havia levantado a possibilidade da realização de um Congresso do Povo no começo de 2023. É hora de colocar isso em prática. E não podemos demorar. Todas as organizações do movimento popular da cidade e do campo, da juventude, das mulheres, dos negros e dos demais setores oprimidos da sociedade, os partidos de esquerda com base popular e todos os que quiserem lutar para defender o governo Lula dos ataques da direita devem se unir numa ampla campanha em torno da realização desse congresso.

É preciso reorganizar o movimento popular e operário após a “ressaca” de fim de ano, realizar assembleias nos bairros, municipais e estaduais preparando o congresso nacional do movimento popular. Nessas atividades, é preciso haver a mais ampla e democrática participação de todos os trabalhadores, chamando-os a se integrar ao movimento, com cartazes, banners, panfletos e jornais explicando a necessidade de organizar a classe trabalhadora e de realizar esse congresso diante da gravidade da situação em que o governo Lula, eleito pelos trabalhadores, se encontra.

A esquerda precisa largar as ilusões e a histeria em torno do “combate ao terrorismo” por parte das forças repressivas do Estado e voltar para a realidade. É hora de ir aos bairros populares, aos sindicatos, às fábricas e demais locais de trabalho, às escolas e universidades, aos acampamentos e assentamentos no campo, às favelas e cortiços para agitar e organizar o povo para essa luta. É hora de levantar palavras de ordem como fim das reformas do golpe, reestatização da Petrobras e todas as empresas privatizadas, aumento real do salário mínimo digno, pleno emprego, não ao pagamento da dívida pública, direito ao armamento da população e construir comitês de luta em todos os locais de trabalho, estudo e moradia bem como comitês de autodefesa dos trabalhadores para preparar a defesa do governo dos ataques dos militares bolsonaristas.

Se isso não acontecer, é possível que o governo Lula esteja com os dias contados, já no início de seu mandato.

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