Que mudança! Numa semana, foi o tema mais recorrente das manchetes, páginas e penas dos jornalistas da imprensa de direita e esquerda. Na semana seguinte, quase não se ouviu falar mais dele. Estamos falando da prisão de Bolsonaro. A euforia cedeu lugar ao silêncio.
O explica tamanha mudança? Um fato simples, mas que esteve quase sempre ausente das análises (feitas pela direita e, especialmente, pela esquerda) a respeito do tema: os militares.
Foi possível ver, por meio de matérias aqui e ali na imprensa capitalista, matérias sem grande destaque geralmente, que os militares interviram, manifestado que as ações do Poder Judiciário estavam criando um ambiente de “instabilidade” dentro da caserna. Foi o que bastou. Desde então, a mudança de tom e, na sequência, o silêncio tomaram conta.
Sim, os militares não foram levados em consideração na avaliação da prisão de Bolsonaro. Justamente o setor armado do Estado capitalista. Um setor que, para quem não é cego, está dominado pelo bolsonarismo.
Nos interessa aqui analisar sobre a esquerda e sua imprensa. Veio à luz, novamente, as ilusões e o otimismo sem pé na realidade. Apostou-se, novamente, que o problema do bolsonarismo seria resolvido pela direita tradicional incrustada em postos fundamentais do Judiciário. Alexandre de Moraes, o “caçador de fascistas”, colocaria finalmente Bolsonaro na cadeia. Os dias se passaram, e nada aconteceu.
Sem dúvida que a prisão de Bolsonaro não é carta fora do baralho, mas fato é que, do ponto de vista imediato, os militares mandaram uma mensagem que foi completamente acatada pela direita que supostamente “combate” Bolsonaro. A mudança repentina de abordagem vista na imprensa capitalista deixou isso claro.
O episódio só confirma aquilo que o PCO vem defendendo há tempos: o combate ao bolsonarismo desferido pela direita tradicional, essa direita golpista que, na verdade, foi uma das parteiras de Bolsonaro, é uma farsa. A luta contra o bolsonarismo cabe aos trabalhadores e suas organizações, e não pode ser terceirizada para quem não tem interesse nem condições de levá-la adiante.