A partir da prova que será realizada em 2025, a Fuvest, que seleciona os ingressantes da USP, terá, pela primeira vez na história, uma lista de leitura obrigatória composta apenas por obras escritas por mulheres. Até mesmo Machado de Assis, o escritor mais importante da história brasileira, ficará de fora da lista.
“Essa é uma lista de ruptura”, afirmou Gustavo Monaco, diretor-executivo da Fuvest e membro do Conselho Universitário da USP. “Temos consciência de que haverá resistência, mesmo internamente na universidade, porque a lista de leitura obrigatória sempre seguiu a linha, justificável, de exigir a leitura dos cânones”, disse.
Os vestibulares, por si só, servem para impedir o acesso dos jovens, principalmente da classe trabalhadora, às universidades. Nesse sentido, não deveriam nem mesmo existir. Agora, deixar de fora nomes importantíssimos da literatura nacional pelo fato de eles não serem mulheres é afastar a juventude da cultura brasileira, visto que essas listas impactam diretamente o currículo nas escolas. Não é porque determinada escritora é boa que é preciso retirar Machado de Assis, por exemplo, da vida escolar dos estudantes.
E mais: é uma atualização demagógica por parte da universidade que finge defender a mulher. Fato é que isso em nada muda na situação da mulher brasileira, algo que só pode ser feito de maneira concreta por meio de uma luta que deve emancipar a mulher econômica e politicamente.