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Hiroshima e Nagasaki

Documentos comprovam: bombas atômicas não foram necessárias

Em poucos minutos, no decorrer de dois dias, os EUA conseguiu assassinar 200 mil pessoas, demonstrando que o imperialismo "democrático" é tão genocida quanto o fascista

Segundo a propaganda imperialista dos Estados Unidos da América, as detonações das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki teriam sido necessárias para fazer o Japão se render, encerrando a Segunda Guerra Mundial, e, por conseguinte, poupar vidas.

Com um pouco de raciocínio, já se constata nessa justificativa o tradicional cinismo do imperialismo norte-americana e da propaganda que utiliza para forjar uma razão para os massacres que comete contra outros povos.

Dizem que o objetivo final do bombardeio era salvar vidas. Contudo, foram assassinados mais de 200 mil pessoas em apenas dois dias. De mulheres grávidas, bebês recém-nascidos a idosos em seus últimos anos. Ninguém foi poupado. Um dos crimes mais monstruosos da história da humanidade. Tão monstruoso contra os crimes praticados pelos Nazistas, ao exterminar em massa militantes socialistas e comunistas, eslavos, judeus, ciganos e outros. Tão monstruoso contra os crimes do Império Japonês e sua Unidade 731. E praticado por quem? Pelos “democráticos” Estados Unidos da América.

Contudo, não cumpre nos delongar sobre o cinismo.

Deve-se frisar na falsificação da realidade que representa essa justificava: as bombas eram necessárias para fazer o Japão se render.

Trata-se de uma mentira, comprovada inclusive por documentos do próprio governo dos EUA, os quais mostram que o Japão estava prestes a se render quando dos bombardeios, em 6 e 9 de agosto de 1945 (Hiroshima e Nagasaki, respectivamente).

O documento em questão é a Pesquisa de Bombardeios Estratégicos, publicada em 1946, realizada pelo Departamento de Guerra dos EUA com a finalidade de estudar e analisar seus ataques aéreos no decorrer da Segunda Guerra Mundial.

Com a pesquisa, constatou se que:

“… parece claro que, mesmo sem os ataques de bombardeio atômico, a supremacia aérea sobre o Japão poderia ter exercido pressão suficiente para acarretar uma rendição incondicional e evitar a necessidade de uma invasão.

[…]

“Baseada na detalhada investigação de todos os fatos e apoiada pelos testemunhos dos líderes japoneses sobreviventes envolvidos, é da opinião da Pesquisa que, certamente antes de 31 de dezembro de 1945 e, muito provavelmente antes de 1º de novembro de 1945, o Japão teria se rendido – mesmo que as bombas atômicas não tivessem sido despejadas, mesmo que a Rússia não tivesse entrado na guerra e mesmo se invasão alguma tivesse sido planejada nem contemplada”.

A versão de que as detonações das bombas atômicas teria sido necessária para sua rendição é desmascarada inclusive por Dwight Eisenhower, general que comandou as tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial (a exceção de URSS e China), e que viria se tornar presidente dos EUA em 1953.

Em suas memórias, publicas em 1963, Eisenhower relata a tentativa do Secretário de Guerra dos EUA, Henry Stimson de convencê-lo da necessidade das bombas:

“Durante a sua recitação dos fatos relevantes, eu estava consciente de uma sensação de depressão e, assim, eu manifestei a ele as minhas graves dúvidas – primeiro, com base na minha crença de que o Japão já estava derrotado e que despejar a bomba era completamente desnecessário e, em segundo lugar, porque eu pensava que o nosso país deveria evitar o choque da opinião mundial pelo uso de uma arma cujo emprego, pensei eu, não era mais mandatório como uma medida para salvar vidas estadunidenses. Eu acreditava que, naquele exato momento, o Japão estava buscando um momento de se render com um mínima de “perda de face”. O Secretário ficou profundamente perturbado pela minha atitude, refutando quase enraivecido a razão que eu dei para as minhas rápidas conclusões”.

Fica claro, então, que o próprio Estado norte-americano entendia não havia nenhuma necessidade militar nas detonações das bombas atômicas, no que diz respeito à rendição do Japão.

Se é assim, qual foi então real motivo para que o imperialismo ianque detonasse as bombas?

São mais de um. Por um lado, buscava realizar uma demonstração de seu novo poderio militar, de uma arma que superava todas naquela época, e que estava tão somente em posse dos EUA. A finalidade disto era intimidar a União Soviética e os países oprimidos para que não ousassem lutar contra a ditadura mundial do imperialismo, agora capitaneada pelos EUA. Aliás, servia também para intimidar outros países imperialistas, para que não tentassem novamente realizar uma repartilha das colônias.

Por outro lado, o imperialismo também temia o que poderia acontecer se a União Soviética invadisse o Japão, e isto acabasse por resultar em um governo com relações mais firmes com o Estado Operário do que com o imperialismo; ou mesmo em uma sublevação revolucionária da classe operária Japonesa.

Já no final de 1943, durante a conferência de Tehran, Stalin concordou que a União Soviética entraria em guerra com o Japão uma vez que a Alemanha fosse derrotada. Em fevereiro de 1945, durante a conferência de Yalta, ficou decidido que a União Soviética declararia guerra contra o Japão após dois ou três meses da rendição da Alemanha e do fim da guerra na Europa, que se daria em 8 de maio.

Em suma, muito embora a União Soviética não tivesse declarado guerra ao Império do Japão durante todos os anos anteriores, estava claro que já se preparava para a inevitável invasão do país asiático.

E, assim como os EUA, o Japão também se preocupava com eventual invasão por parte dos soviéticos. Afinal, como resultado, a burguesa japonesa poderia perder tudo, ao contrário de uma rendição aos EUA e à Grã-Bretanha.

Nesse sentido, há historiadores que entendem que não só as bombas não eram necessárias para a rendição do Japão (pois se previa que o império se renderia até o final de 1945, já que não possuía mais condições de lutar), mas que não foram elas que forçaram os japoneses a se renderem.

A rendição se dera, na realidade, em decorrência do início da Guerra Soviética-Japonesa, e da invasão da Manchúria pela a URSS.

A hipótese fica evidenciada pelas datas. A primeira bomba fora lançada no dia 6 de agosto. Não houve rendição. A segunda bomba fora lançada no dia 9. No mesmo dia, a URSS, que no dia 8 informara o embaixador do Japão que havia declarado guerra ao país, deu início à invasão da Manchúria. Foi apenas após a URSS dar início à guerra que o Japão veio a se render, no dia 15 de agosto, rendição esta que foi formalizada em 2 de setembro.

Sobre isto, Ward Wilson, um pesquisador do British-American Security Information Council, think tank britânico, diz:

“Até mesmo os líderes mais de linha-dura no governo do Japão sabiam que a guerra não poderia continuar. A questão não era se ela continuaria, mas como se finalizaria a guerra nos melhores termos possíveis.

[…]

Uma maneira de medir se foi o bombardeio de Hiroshima ou a invasão e a declaração de guerra da União Soviética que causou a rendição do Japão é comparar a maneira pela qual estes dois eventos afetaram a situação estratégica. Depois que Hiroshima foi bombardeada em 6 de agosto, ambas as opções ainda estavam vivas … O bombardeio de Hiroshima não eliminou qualquer uma das duas opções estratégicas do Japão.

[…]

No entanto, o impacto da declaração da guerra e a invasão da Manchúria e da Ilha Sakhalin pela União Soviética foi bastante diferente. Uma vez que a União Soviética declarou guerra, Stalin não poderia mais atuar como mediador – agora ele era um beligerante. Então, a opção diplomática foi excluída pela ação soviética. O efeito na situação militar foi igualmente dramático”.

Assim, fica claro, com base em documentos próprios do governo norte-americano, que o Japão se renderia. Não havia nenhuma necessidade militar de se detonar as bombas. Foi feito para evitar que a rendição do Japão fosse resultado explícito da invasão soviética, e também para intimidar a URSS, países oprimidos e mesmo os outros países imperialistas com o novo poderio militar dos EUA.

Por fim, cumpre frisar que esse episódio demonstra que, na essência, o fascismo e a democracia burguesa não são diferentes em sua essência. Ambos são formas da dominação de classe da burguesia imperialista, diferenciando-se tão somente na forma. Assim, um estado imperialista que assume a forma de um regime democrático pode ser tão genocida quanto um que assume a forma fascista. Algo que se verifica, especialmente, quando a luta de classes chega ao nível do paroxismo, como por exemplo durante a Segunda Guerra Mundial. Em poucos minutos, no decorrer de dois dias, o imperialismo “democrático” conseguiu assassinar 200 mil pessoas. Nem os nazistas conseguiram alcançar esse número em período de tempo tão curto. Após a segunda guerra, os Estados Unidos, principal “democracia” do mundo, realizou centenas de golpes de Estado mundo afora, os quais resultaram em milhões de mortes.

O episódio das bombas de Hiroshima e Nagasaki serve para desmantelar a farsa do imperialismo democrático, e deve sempre ser exposto dessa maneira.

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