“Nenhuma violência é legítima, seja verbal ou contra pessoas. Precisamos trabalhar em profundidade para combater esse processo de incivilização“. Avalia o Chefe de Estado da França, Emmanuel Macron, durante debate público.
O termo, ‘incivilizado’ implica a degradação das relações sociais e entre o Estado e os cidadãos, foi usado pelo líder francês numa reunião no dia 24 de maio, após uma semana marcada por episódios de violência durante manifestações.
Há semanas, a França tem sido abalada por uma série de greves e protestos contra a reforma da previdência analisada e aprovada pelo Conselho Constitucional Francês.
A medida começará a valer a partir de 1º de setembro e estabelece o aumento gradual da idade de aposentadoria de 62 anos para 64 anos até 2030. Manifestantes foram para as ruas em várias cidades do país logo depois do anúncio do Conselho.
No dia 23 de março, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país, protestando de maneira pacífica contra a reforma imposta e as desigualdades entre os trabalhadores e as multinacionais, que lucram bilhões de euros e poderiam pagar mais impostos para financiar o desequilíbrio das contas públicas que, porém, quem paga é o trabalhador. Não bastasse isso, a inflação alta corrói o poder aquisitivo dos franceses.
As tensões aumentaram durante uma marcha pacífica na capital francesa, que acabou em confronto com a polícia.
O dia 1º de maio foi marcado por protestos e mais confrontos com a polícia em Paris. Manifestantes queimaram lixeiras, pontos de ônibus e lojas. A polícia atirou jatos d’água e bombas de gás lacrimogênio contra a população.
No mesmo dia, os principais sindicatos marcharam juntos pela primeira vez desde 2009. Mas o governo argumenta que a reforma da previdência é necessária para evitar o colapso do sistema de aposentadorias. Sem a mudança, alega que o rombo poderá chegar a 150 bilhões de euros.
O presidente francês, Emmanuel Macron, tem defendido a reforma previdenciária como uma medida essencial para evitar um futuro déficit no caixa previdenciário. Entretanto, suas viagens pela França têm sido marcadas por panelaços e vaias, o que pode comprometer uma futura reeleição.
Para superar o conflito, Macron tem buscado negociar melhorias nas condições de trabalho, mas os sindicatos ainda não decidiram se irão participar da reunião proposta pela primeira-ministra Élisabeth Borne.
A imposição da reforma tem afetado a confiança dos franceses nas instituições, o que pode beneficiar a deputada de extrema-direita Marine Le Pen, segundo pesquisas. É preciso encontrar soluções que atendam às necessidades da população e garantam a sustentabilidade do sistema previdenciário, que os ricos paguem a conta, não a classe trabalhadora.