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Ou entregá-lo para a direita?

Disputar o governo Lula?

O PCB solta matéria dizendo que as massas não devem procurar influenciar setores mais à esquerda no governo Lula. É uma política preparatória para a defesa do golpe

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) publicou em sua página uma matéria em que procura atacar aqueles setores da esquerda que estariam querendo supostamente “disputar” o governo Lula. O artigo tem o título “O governo Lula está em disputa?” e foi escrito por Gabriel Landi Fazzio. 

A premissa defendida por Fazzio já se faz mostrar logo no começo, quando ele classifica o governo Lula como “esquerda liberal”, uma terminologia totalmente errada, que procura induzir a ideia de que seria um governo submisso aos interesses dos “liberais”, como os do Partido Democrata de Biden, por exemplo. No entanto, segundo pesquisa recente do instituto Quaest, a política econômica do governo está em desacordo total com o mercado financeiro. Seria um liberalismo um pouco estranho, que não atende aos interesses da burguesia imperialista.

O texto de Fazzio procura explicar que não é correto classificar o governo do PT como um governo “em disputa”. A ideia é um tanto absurda porque a disputa está presente em todos os âmbitos da política. Um governo com Lula como presidente e Geraldo Alckmin como vice-presidente já tem uma disputa implícita em seu mais alto escalão. Alckmin, apesar de ter sido descartado, é uma figura histórica do PSDB paulista e já foi usado pela burguesia diversas vezes para tentar impedir a vitória de Lula durante as eleições.

Além disso, os diversos ministros de direita do governo, como Simone Tebet, e também os ministros identitários, como Silvio Almeida e Anielle Franco, já demonstram uma tendência do imperialismo de tentar sabotar por dentro o governo. Lula não é nem uma figura de direita e muito menos um identitário funcionário do imperialismo. Portanto, evidentemente se trata de uma disputa constante e permanente.

Logo a frente, Fazzio faz uma crítica à seguinte prática: “ao longo de todos governos petistas, quem disputou o governo de modo eficiente foi, de fato, a burguesia, enquanto a classe trabalhadora amarrava suas próprias mãos e lutas em nome de “não desestabilizar o governo”, “não jogar água no moinho da direita” etc”. Em certo sentido, ele tem razão. Não pressionar o governo à esquerda é uma conduta errada e coloca todo o dinamismo da situação política nas mãos da burguesia. No entanto, é preciso deixar claro que o partido dele mesmo tem grande responsabilidade nessa situação. O PCB nunca se coloca a tarefa de mobilizar a classe trabalhadora para lutar por nada, são um partido de professores universitários sem nenhuma participação no movimento popular. Portanto, se houve uma paralisia dos movimentos ao longo dos governos petistas, o PCB é um dos responsáveis por isso. Sua política, avessa ao diálogo com a classe trabalhadora que está dentro do PT e da CUT, é das mais desmobilizadoras de todas.

Evidentemente, não é correta a posição de que um partido revolucionário deva apoiar o PT, que é um governo burguês, ainda que tenha sido apoiado pela classe operária de conjunto. Os revolucionários têm consciência de que não é possível realizar nenhuma mudança significativa por dentro dos mecanismos da política burguesa, e é preciso mostrar essas limitações para a classe operária, que só compreenderá esse fato através de sua experiência com o próprio governo do PT.

Outra afirmação absurda do articulista é aquela que procura igualar o governo do PT a qualquer outro governo da direita, evidenciando uma gigantesca confusão política: “(…) dentro de certos limites, todo governo capitalista está “em disputa”. Tomemos um exemplo prático. […] em 2017, o governo Temer tentou encaminhar a aprovação da Reforma da Previdência. Em resposta, dois dias de greve geral política foram convocados […] essa vigorosa mobilização paralisou mais de 40 milhões de trabalhadores em todo país. Isso foi o suficiente para forçar o governo Temer a reavaliar sua tática”. 

A colocação é absurda. Fazzio quer fazer crer que o governo golpista, direitista, criminoso e entreguista de Temer, seria tão pressionável como o governo do PT, que foi eleito sobre a base de uma mobilização da classe trabalhadora em todo o país. Os primeiros meses do governo petista, com a mobilização dos sem terra, por exemplo, já são um demonstrativo de que há muito maior possibilidade de manobra e de mobilização sob sua gestão do que sob o governo da direita. 

Se o governo Temer sofreu uma resistência da população em suas medidas, foi graças ao período anterior em que houve uma ampla denúncia do golpe de estado contra Dilma, que mobilizou o setor mais consciente da população na luta contra Temer, o beneficiário direto desse golpe. No entanto, como o PCB não participou dessa luta, pois passou todo aquele período negando a existência do golpe de estado, eles não compreendem esse fato.

A esquerda revolucionária não deve tomar o governo como se fosse dela, mas a consideração de que o governo não é pressionável, ou é tão pressionável quanto o governo Temer, é totalmente equivocada.

É preciso ter uma política correta diante de um governo de esquerda reformista nacionalista como o do PT. Ao mesmo tempo, em que se deve levantar as reivindicações da classe operária, é preciso dirigi-las ao setor que está dentro do governo. Por exemplo, o PCO defende o salário-mínimo de 6 mil reais, o que não é a política do PT. Mas, simultaneamente, temos uma política de procurar pressionar e formar uma frente única com os setores que apoiam o PT e estão dentro do governo, a fim de pressionar para haver um aumento significativo do salário-mínimo, aproximando o governo desta política. 

No fim das contas, a política do PCB procura tornar as massas indiferentes ao governo Lula para, no futuro, poder inclusive procurar induzir as massas a se levantarem e derrubarem o governo. É claro que, devido a pouco tamanho do partido, essa política é inviável. No entanto, já é um demonstrativo de uma tendência à adaptação à política golpista que o imperialismo quer impôr contra o governo do PT.

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