Não demorou muito tempo para que a campanha em defesa da repressão da homofobia revelasse a sua finalidade. Apesar de toda campanha identitária e demagógica de proteção aos homossexuais, no terreno político um dos próximos grandes afetados por esta política repressiva será na realidade… um gay de esquerda.
Jean Wyllys, ex-deputado e uma dos principais ativistas em torno da questão LGBT no interior da esquerda pequeno-burguesa, criticou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que se assumiu homossexual como forma de propaganda eleitoral, por ser um “gay com homofobia internalizada”. O ex-deputado declarou sobre a postagem de Leite em defesa das escolas cívico-militares:
“Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!””
A crítica de Jean Wyllys foi apenas uma crítica ao governador do Rio Grande do Sul, algo que o ex-deputado tem todo o direito de fazer. No entanto, para a interpretação do governador neoliberal, a fala de Wyllys poderia muito bem ser considerada “homofóbica” e ainda comparou com as declarações dadas por Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro. E como, apesar de inconstitucional, ser “homofóbico” tornou-se crime para o juizado nacional, Leite, o bolsogay do Rio Grande do Sul entrou na justiça contra Jean Wyllys.
Agora, se depender da justiça nacional, controlada pela extrema-direita bolsonarista, Wyllys pode ser condenado por homofobia…
“A exemplo do que fiz quando fui atacado com declarações homofóbicas por Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro, decidi ingressar com representação contra Jean Wyllys pelas falas preconceituosas e discriminatórias contra mim”, escreveu Eduardo Leite em sua conta oficial no Twitter.
O caso serve como uma comprovação cabal do que o Partido da Causa Operária vem há tempos alertando: a política de repressão da esquerda se voltará contra a própria esquerda. Na prática, quem decide o que é ou não é homofobia é justamente o judiciário brasileiro, controlado por figuras como Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, e outros muitos bolsonaristas. A esquerda, na ilusão de estar defendendo os homossexuais, na realidade, deu uma nova arma de perseguição judicial para a burguesia contra todo o povo brasileiro.