Nesta semana a direita assustou-se com a intensidade das ocupações, confrontando diretamente o latifúndio. Foram 11 (onze) ocupações em menos de uma semana apenas em São Paulo, Mato Grosso e Paraná.
Retomada das ocupações
No último período tivemos um ciclo de mais de uma centena de ocupações em todo o país, com diversas entidades envolvidas, entre estas a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). Parte desse movimento foi chamado Carnaval Vermelho, sendo uma onda de milhares de pessoas mobilizadas em torno das questões do campo e moradia.
“A gente está na esperança de que a nova direção do Itesp [Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo] tome as medidas cabíveis, tome as medidas possíveis para estar acelerando e assentando essas famílias. Sabemos que o Pontal do Paranapanema é um ponto de referência no Brasil, é a capital da reforma agrária, e que já são mais de 10 mil famílias assentadas. Temos condições de assentar mais 10 mil famílias também”, informou o assessor da FNL William Henrique da Silva Santos.
Ocorre que em razão das péssimas condições e demais contradições, a tendência em geral é a polarização e mobilização dos trabalhadores. Essa propensão ficou clara com a resistência dos populares à dispersão, havendo a continuidade das ocupações e radicalização em seus critérios.
Acirramento da repressão
O reflexo da burguesia e latifúndio em geral, a investida popular é o acirramento da repressão. Acontece que, mesmo com o jugo estatal e milícias particulares, os trabalhadores mantiveram o seu impulso de luta.
Nesse último período, houveram diversas reintegrações ilegais de posse, além de diversos militantes presos e difamados, entre estes José Rainha e Luciano de Lima. Uma tentativa frustrada de esmorecer a mobilização dos trabalhadores do campo.
Medo do latifúndio
Reagindo a esse cenário, o órgão de imprensa Veja, iniciou uma campanha sórdida contra os trabalhadores do campo mobilizados. Estando claramente como o pontapé inicial de uma tentativa de mobilização da opinião pública pela direita.
Enquanto isso, no parlamento temos a Carla Zambelli, entre outros membros da direita organizando uma frente contra as políticas sociais do governo. Essa frente inclusive já fala em CPI, talvez até uma futura desculpa para golpe.
Zambelli tem razão em dizer que há medo no campo, esse medo sempre existiu. Verifica-se que raras exceções o medo era do trabalhador oprimido, com a mobilização dos trabalhadores o medo passa a ser dos latifundiários, que irão facinorosamente defender seus privilégios.
Terras produtivas
Um ponto interessante no discurso da direita, é o seu argumento de que as fazendas invadidas seriam produtivas. Acontece que para os capitalistas e latifundiários em geral a terra nunca é improdutiva, a mesma sempre gera lucro, ao menos por especulação.
O dilema está em qual papel social essa a terra desempenhar, o de propriedade para gerar lucro ou de atender as necessidades objetivas da população. Apenas a segunda interessa verdadeiramente aos trabalhadores, isso por si só basta a ocupação e reivindicação da posse pelos trabalhadores da terra.
Um bom exemplo são as últimas fazendas ocupadas do grupo Suzano. A Suzano Papel e Celulose é uma das 10 maiores produtoras mundiais de celulose, e a maior de celulose de eucalipto, para eles as fazendas são lucrativas. Entretanto para os restantes trabalhadores rurais da região o empreendimento é danoso.
A estrada de tijolos vermelhos
Se nas obras Oz (série de livros e filmes), a “Estrada de Tijolos Amarelos” guia os viajantes aos seus desejos. Essas ocupações com ampla mobilização dos trabalhadores são a “estrada dos tijolos vermelhos” estando como única via ao atendimento de suas necessidades.
A mobilização e organização dos trabalhadores do campo e da cidade, em torno da luta objetiva pelas suas condições de vida, são sua única saída positiva. Estando também como único empecilho para o desfecho de mais um golpe de Estado no país.