Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e Membro do Partido da Causa Operária (PCO)

Saúde do trabalhador

Direção do BB maltrata os seus funcionários adoentados

Banco do Brasil está punindo os seus trabalhadores se os mesmos ultrapassarem 90 dias de licença saúde

A direção do Banco do Brasil insiste em manter a política de punição aos trabalhadores que se encontram de licença saúde quando, os mesmos, ultrapassam 90 dias de licença de saúde.

Os banqueiros são responsáveis pelo alto índice de adoecimento na categoria. Dados do Observatório de Segurança de Saúde no Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) revela que, de 2012 a 2021, 42.138 bancários tiveram o direito ao benefício acidentário reconhecido pelo INSS por conta de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. No mesmo período, 156.670 bancários tiveram reconhecido o afastamento por doença comum, sendo que, cerca 54% desses benefícios comuns referem-se às doenças características do trabalho bancário: transtornos mentais, LER/Dort e do sistema nervoso.

Para piorar essa situação, a direção do Banco do Brasil está punindo os seus trabalhadores se os mesmos ultrapassarem 90 dias de licença, perdendo, automaticamente, as suas comissões ou gratificações. Um verdadeiro absurdo.

Ou seja, aquele trabalhador que foi lesionado devido à atividade laboral ainda é punido se o seu tratamento se prolongar por mais de noventa dias.

Em muito dos casos, por medo de perderam as suas comissões, que ocasiona uma drástica redução salarial, uma vez que a gratificação de função representa em média mais da metade do salário de um bancário e, mais, afeta diretamente a progressão do funcionário na sua carreira, os funcionários estão optando pelo retorno ao trabalho, mesmo sem o seu pleno restabelecimento.

Imaginemos, por exemplo, aquele trabalhador que foi afastado por transtornos mentais, que representa 39% dos afastamentos por acidentes/doenças do trabalho, devido, principalmente, ao assédio moral, ou mesmo em relação à sobrecarga de trabalho, medicados com remédios psiquiátricos, psicanálise, terapia, etc., serem obrigados a retornar ao trabalho!? É uma verdadeira tortura. Ou então, aqueles lesionados por esforço repetitivo, que ocasiona dores fortíssimas, tenham que voltar para as suas mesas de computador e passar, pelo menos, seis horas do dia digitando. É uma verdadeira barbárie.

É preciso dar um basta a esta política reacionária dentro da instituição, política essa que ataca as já precárias condições de vida dos bancários. Para barrar tal ofensiva, somente a mobilização da categoria poderá fazê-lo. Nesse sentido, as entidades de luta dos bancários precisam chamar imediatamente plenárias regionais para discutir a questão na perspectiva de uma plenária nacional dos trabalhadores bancários do BB e preparar a luta contra mais esse ataque dos banqueiros.

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