Em reunião com o presidente Lula para tratar de políticas de proteção em ambiente escolar, vimos um verdadeiro show de horrores e literalmente uma sessão de censura, punição, prisão e perseguição. Flávio Dino, por exemplo, inicia sua fala agradecendo às polícias (federal, estadual e municipais) do país inteiro, por estarem montando um cerco policialesco em volta das escolas e, por consequência, contra a população. No entanto, entre 2017 e 2019, foram policiais que mataram 2.215 crianças e adolescentes no país.
Dino afirmou que em 20 anos tivemos 93 vítimas, entre mortos e feridos em ataques nas escolas. O Ministro da justiça atacou veementemente a liberdade de expressão nas redes sociais, conforme os paladinos da justiça, a internet seria um dos grandes fatores dos ataques e devem ser ou censuradas, ou vigiadas. Essas declarações vão diretamente ao encontro de tudo que a imprensa burguesa fala e quer, que é limitar o alcance das redes para manter seu monopólio de informação e comunicação. Conforme os números apresentados, 225 pessoas estão presas e são menores ou adolescentes, isso em dez dias, uma média de mais de 20 por dia.
“Nós temos 694 intimações de adolescentes suspeitos em geral, para prestar depoimento em delegacias. Nós temos 155 buscas e apreensões realizadas. Nós temos 1555 boletins de ocorrência em 10 dias. Nós temos 1224 casos em investigação em todo território nacional. Nós temos 756 remoções ou suspensão de perfis em plataformas de redes digitais, nós temos mais 100 pedidos de investigação de perfis que devem estar em breve em curso. Mais 377 solicitações de cadastros também para investigações, e nós recebemos 7473 denúncias nos endereços do ministério da justiça”. Afirmou Flávio Dino.
Na mesma sessão, o ministro Alexandre de Moraes, se vangloriou das prisões que fez de bolsonaristas que fizeram a invasão do dia 8 de janeiro. Culpou as redes sociais e o discurso de ódio. Pediu regulamentação das redes – leia-se censura e vigilância. Sobre as prisões do 8 de janeiro, estamos falando de cidadãos comuns, uns pés de chinelo sem importância alguma, quando todo mundo sabe que o ataque que foi feito naquele dia foi organizado pelo grande escalão das forças armadas em conluio com as polícias e nada aconteceu com esses grandes. Lembrando que Moraes é aquele que quando secretário de segurança do governo PSDB em São Paulo, mandava a polícia atacar as ocupações estudantis de madrugada, agora se diz preocupado com segurança dos jovens e alunos.
É um escândalo, 225 crianças e adolescentes presos no país em 10 dias. A pergunta que fica é: onde está o ministro dos Direitos Humanos? Em uma reunião com o ministro da Educação, nesta segunda-feira (17), Silvio Almeida defendeu: “É necessário estabelecer uma série de regramentos para boa convivência social e também medidas de caráter repressivo para coibir esses centros difusores de ódio, intolerância e discriminação sistêmica”. Resumindo, mais repressão, mais punição. Nem uma palavra do atual ministro em relação à situação carcerária nos pais, onde todos sabemos que são verdadeiros infernos na terra, locais totalmente desumanos.
A Folha de S. Paulo noticiou neste sábado (15) que após os ataques, 102 projetos de segurança nas escolas foram protocolados em Assembleias Legislativas de todo Brasil. A maior parte dos projetos propõe a instalação de portas giratórias, detectores de metais, portarias exclusivas, construção de muros altos, revistas em mochilas, mais policiais, inclusive dentro das escolas e até mesmo reconhecimento facial para acesso às unidades de ensino. Diante dos fatos, o regime político burguês vem implementando um regime de total vigilância sobre alunos, professores e funcionários das escolas, uma ditadura escancarada.
Apesar de Lula afirmar durante a reunião que estamos “lidando com uma situação nova” e “que faltam especialistas e pessoas preparadas para discutir o tema em profundidade” disse também que algumas das medidas repressivas que estão sendo propostas por prefeitos e governadores não irão resolver o problema. “A gente não vai resolver esse problema elevando o muro da escola, colocando detector de metais, fico imaginando as crianças sendo revistadas nas escolas, como seria patético para os pais, para o prefeito, para o governador, para o presidente da república e para as instituições desse país, uma criança de oito anos ter que mostrar a mochila para ser rastreada”. Reforçou Lula.
No entanto, não se trata de aplicar leis mais punitivas, dentro de um sistema capitalista extremamente violento. Onde as pessoas estão cada dia mais doentes. O caso do cidadão que atacou a escola é claro, não se trata de uma pessoa em sã consciência, ninguém com uma cabeça normal iria adentrar a escola com um machado e matar crianças. Por fim, não será dando aval para o sistema político burguês e direitista de se armar e montar um sistema de vigilância severo contra a população que isso vai mudar, muito pelo contrário a tendência é piorar.