A ocupação Tiradentes 2 em Curitiba que fica localizada no bairro São Miguel na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e está sob constante ameaça de despejo, situação que se agravou a partir do dia 13 de novembro, quando receberam oficialmente uma ordem judicial. A ocupação, que neste momento abriga 64 famílias, é organizada pelo Movimento Popular por Moradi, que desde 2021 ocupa a área agora reivindicada pela empresa francesa Essencis.
A Essencis que está no local desde 1997 e tem um enorme aterro sanitário, recebendo lixo industrial e hospitalar, funcionando dentro do perímetro urbano da cidade, na Rua dos Palmenses (Águas do Passaúna) no São Miguel no CIC, justamente o mais populoso da cidade. O lixo é enterrado a poucos metros da estação de tratamento de água do Passaúna da Sanepar. Há muitos anos ações ambientais denunciam crimes e irregularidades da Essencis.
A ocupação Tiradentes 2 se deu durante a pandemia por conta das dificuldades que as famílias passavam, como desemprego, falta de moradia, alimentação e aluguéis caríssimos. Agora corre o risco de, em poucos dias – prazo final estabelecido pelo judiciário, 13 de dezembro – ser tomada e ver seus moradores irem morar nas ruas. De acordo com Jair Pereira (Gaúcho), a ocupação atrapalha a Essencis a participar da licitação do lixo no ano que vem, quando a empresa espera concorrer novamente.
“A empresa precisa aumentar o terreno do lixão e para isso tem expulsar as famílias da ocupação, e assim concorrer e até vencer a licitação junto aos órgãos competentes”.
Conforme o sítio Nova Democracia, “se depender da prefeitura e da juíza Michela Vechi Saviato, o despejo será definitivamente marcado por repressão e violência contra o povo, visto que a decisão judicial em prol da Essencis autorizou reforço policial para execução da reintegração de posse, destacadamente o 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e a Coordenadoria de Mediação dos Conflitos Fundiários da Terra (COORTERRA).”
As famílias da Tiradentes 2, junto ao MPM e outros movimentos por moradia e militantes que defendem a luta, estão organizados em uma vigília a mais de 2 meses em frente a empresa, cobrando uma solução tanto junto a Essencis, quanto ao poder público da capital paranaense. Têm acontecido também mobilizações de rua com as palavras de ordem “Despejo Zero” e “Tiradentes 2, fica!”.
“No último dia 13 o oficial de justiça veio até aqui, nos deu o prazo de 30 dias para desocupar, dividiram as famílias em dois grupos, um que deve sair em 30 dias e outro em 90. Não sei que tipo de critério usaram. Estamos nesse impasse, as famílias estão apreensivas, a gente queria organizar nosso final de ano, os feriados, mas temos que ficar nesse revezamento constante entre nossas casas e a vigília”, afirma Gaúcho.
É preciso mobilizar todos os movimentos sociais de luta e de esquerda para defender o espaço ocupado pelas famílias, não só da Tiradentes 2, mas de todos os terrenos reivindicados pelas organizações de moradia popular, seja em Curitiba, no Paraná ou em qualquer lugar do País.