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Infiltrados no PCO?

Devemos acolher trabalhadores que saíram da direita?

Julgar as pessoas pelo seu passado nunca impedirá nenhuma infiltração. As pessoas podem mentir e muitas vezes os infiltrados tem passados perfeitos, é o presente que os condena.

Uma organização chamada FOB (Frente Operária Brasileira) publicou uma nota onde acusam o PCO (Partido da Causa Operária) de acolher “fascistas” e praticamente acusa o partido de ser um partido de extrema-direita. A nota ainda faz uma ameaça de que se o PCO não mudar a posição a ele atribuída, “não seria bem-vindo em nossos espaços”, numa ameaça física velada.

O caso é uma versão anarquista de uma política que temos visto sistematicamente por parte da grande a imprensa capitalista, buscar apresentar o PCO como um partido de direita. Citamos aqui o que seria o artigo inicial dessa campanha de calúnias, capitaneada pelo jornal O Globo, um texto intitulado “Considerado de extrema-esquerda, PCO tem agenda próxima do bolsonarismo”. 

O artigo foi publicado pouco tempo depois que militantes do PCO e do PSDB se chocaram nos atos Fora Bolsonaro e o partido obteve um amplo apoio dentro da esquerda pela posição do partido de ser contra a presença da direita e da burguesia nos atos da esquerda. O momento da publicação era importante pois preparava-se uma nova tentativa de infiltrar a direita no movimento Fora Bolsonaro e era preciso desmoralizar o partido diante da esquerda, portanto pintá-lo como bolsonarista seria um método eficaz, na visão da imprensa capitalista e dos setores de esquerda por ela influenciados.

Nós vemos que tanto a FOB quanto o O Globo apresentam posições do PCO que seriam próximas da direita. Para os anarquistas, isso seria o “nacionalismo” e a “recusa das pautas identitárias”. Já o jornal do grande capital cita o problema dos identitários, mas também outros temas como a questão do porte armas. Como vemos, nossos adversários elegem o problema identitários como o maior crime do PCO e prova do seu direitismo. 

No que consiste a posição do PCO e no que consiste a posição da extrema-direita

Busca-se, utilizando o tradicional método da burguesia e do fascismo de caluniar os adversários, equalizar a posição do PCO à da extrema-direita, tendo como base apenas o fato de que ambos criticam as posições, muitas vezes escatológicas, de setores da esquerda pequeno-burguesa e da própria burguesia, sem nunca entrar no mérito do que cada um está criticando. Comecemos, por explicar a posição do PCO sobre o problema do identitarismo. 

Para o Partido, o identitarismo ou como a esquerda apresenta “ as pautas identitárias” não são a defesa da mulher, do negro, do índio, do LGBT ou do que quer que seja, mas uma determinada ideologia de defesa destes setores. Ou seja, a luta contra o racismo é uma coisa concreta, aquilo que é praticado pela esquerda brasileira é uma segunda coisa, aquilo que é praticado pelos setores liberais da burguesia e do imperialismo uma terceira. 

As posições concretas do PCO são inequívocas: o partido defende o direito irrestrito ao aborto, ao casamento civil de pessoas de mesmo sexo ou de qualquer orientação sexual, bem como igualdade legal total entre casais LGBT e os casais heterossexuais. O Partido defende que exista a demarcação de terras indígenas, ainda que discorde do modelo adotado por Fernando Collor, e defende, na questão do negro, diversas coisas como o fim da polícia militar e o fim dos presídios como existem hoje. O partido não nega a existência de preconceitos contra esses diversos setores e mantém publicações que discutem os problemas dos negros, das mulheres, e de outros setores oprimidos. No que, então consistiria a posição “direitista” do PCO? Na sua rejeição da ideologia identitária. 

O Partido é contra que, em nome da defesa de qualquer setor, busque-se reprimir com a força do sistema legal pessoas que falaram algo, por pior que seja, que se proíba livros, partidos, e outras coisas. O Partido é contra que se crie legislação especial, como a de Injúria racial e racismo, para aumentar a pena de crimes já existentes, como o de injúria. 

A posição do PCO neste quesito deriva de uma outra posição do partido: a defesa de uma liberdade de expressão irrestrita e o combate ao sistema prisional, que faz do Brasil, o terceiro maior país em termos de presos. O Partido não acredita ser possível combater preconceitos com prisão, bem como não acredita falar deveria ser crime. Não acredita em aumento de penas e vê que essa política apenas irá punir os mais pobres e reforçar o domínio da burguesia sobre o povo. 

O que isso tem a ver com a direita? Nada. A direita não defende diminuir penas, acabar com crimes e esvaziar presídios, muito pelo contrário. A direita não defende a liberdade de expressão, ela defende que ela mesma não seja censurada. Tendo a própria direita buscado censurar sistematicamente obras de arte e discursos políticos que vão contra sua moral estabelecida. A única coincidência é que o PCO tem princípios e defende o que defende não importa quem seja o acusado. 

Por outro lado, o PCO crítica o revisionismo histórico dos identitários. Nesta parte da ideologia deles, estes setores buscam apresentar uma visão da colonização brasileira que simplesmente não houve, utilizando, por imensa ignorância e seguidismo ideológico do imperialismo, estereótipos norte-americanos para a história do Brasil. 

Se perguntar a um identitário, o bandeirante brasileiro seria um peregrino norte-americano, branco e fanático que matava índios. Ignoram que o bandeirante, na época chamados apenas de paulistas, eram numa grande parte, mestiços de brancos com índios, que falavam línguas indígenas e alguns nem falavam português de forma correta. Ignoram até que Borba Gato, por 10 anos, foi inclusive cacique de uma tribo indígena. Isto apenas para citar um exemplo. O partido prefere a história como ela foi, não como fanáticos religiosos pensam que foi. 

A reclamação tanto dos anarquistas quanto dos capitalistas é que o PCO não se rende à versão oficial dos fatos e pensa com a própria cabeça. Isso nada tem de direitista. 

As mentiras sobre o companheiro Angelo

O motivo da polêmica seria a presença de um companheiro, no bloco do PCO no Rio de Janeiro, em atos públicos, que havia sido de direita. O Grupo anarquista apresenta uma biografia fictícia do companheiro. Primeiro dizem que ele seria nazista, algo que o companheiro nega e sobre o que não se tem prova. Depois dizem que ele teria sido integralista, algo que nunca foi também. O companheiro Ângelo afirma que participou de um grupo de extrema-direita que fazia supostas ações criminosas, algo que diz se arrepender, mas não participou de nenhum linchamento, alega. Em relação aos Carecas do ABC, é verdade ele esteve junto do grupo e alega não ter atacado nenhum grupo de esquerda enquanto participava da organização. Acusam-no de ser militante da Nova Resistência, algo que ele diz não ser.  

Como vemos, a acusação é leviana, não há nenhum controle sobre a veracidade da informação. É uma grande salada. Acusam um partido de esquerda sem nenhuma preocupação com a verdade.

Devemos acolher trabalhadores, pessoas comuns que saíram de grupos de direita?

Sim. Sem nenhum rodeio, sim. A extrema-direita reuniu mais de 49% dos votos, existem milhões de trabalhadores iludidos com ela, o trabalhador comum tem todo o direito de errar, os comunistas devem estar prontos para acolher aqueles que reconhecerem seus erros, não podemos ter uma política que separa os “pecadores” dos “puros” pois essa é a fórmula para entregar metade do País à direita.  Nós devemos ser muito seletivos com dirigentes e políticos profissionais de extrema-direita, se é que há perdão, mas com pessoas comuns, que apenas acreditavam estar lutando pela coisa certa, é preciso compreensão. Estes setores anarquistas nunca se revoltaram com a presença de políticos de direita a em atos públicos da esquerda, lá o PCO lutou sozinho, mas em perseguir uma única pessoa, que se diz convertida, são grandes leões. É uma vergonha.

E a infiltração dentro da esquerda? 

Julgar as pessoas pelo seu passado nunca impedirá nenhuma infiltração. As pessoas podem mentir e muitas vezes os infiltrados tem passados perfeitos, é o presente que os condena. O que impede a infiltração é a organização do movimento. Se o movimento exigir que seus líderes e militantes, militem, que hajam, que mostrem comprometimento com a causa, os infiltrados serão lentamente descobertos ou desistirão, se eventualmente alguém tão cínico passar pelo crivo deste movimento, terá feito mais pelo movimento que pela repressão. Esta é uma lição que Lênin mostrou ao mundo, no caso da infiltração de Malinovsky no Partido Bolchevique, o infiltrado chegou ao Comitê Central, mas em arquivos do serviço secreto, mostrou-se que a repressão estava descontente com a atuação muito revolucionária de seu infiltrado, ele tinha que fazer demais para conseguir manter sua posição. 

No mais, pequenas organizações anarquistas tem um péssimo histórico de infiltrações, bem pior que os partidos marxistas, justamente pela falta de organização. Neste quesito, o grupo FOB deveria mais aprender que criticar.

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