Na noite do último sábado (9), milhares de israelenses protestaram na capital sionista Tel Aviv, no que se tornou conhecida como Praça dos Reféns, clamando por um acordo para a troca de prisioneiros com a resistência palestina. O objetivo seria libertar cerca de 140 reféns ainda na Faixa de Gaza.
As manifestações ocorreram por todo o território de Israel, como em Haifa, onde as marchas continham faixas pedindo a resignação do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Um porta-voz das famílias dos reféns disse durante o ato: “nós ouvimos os sons desnecessários da guerra, e vemos que tudo o que está acontecendo é uma perda de tempo.” Outro orador exigiu que o governo sionista trouxesse os prisioneiros de Gaza vivos. O pai de um deles ergueu uma ampulheta como aviso ao governo Netanyahu. Palavras de ordem como “impeachment agora” e “Bibi [apelido de Netanyahu] é um criminoso” permearam o protesto. Em um grande letreiro iluminado se lia: “traga-os para casa.”
Manifestantes ainda declararam que o governo “não se importa” com os reféns e “busca apenas vingança”.
O acordo de trégua mediado pelo Catar e pelo Egito, que se encerrou no dia 1 de dezembro, estabeleceu a libertação de 105 presos de Gaza, sendo 80 deles israelenses, em troca de 240 mulheres e menores de idade arbitrariamente detidos pelo Estado sionista.
Na última sexta-feira (8), uma operação de resgate das forças israelenses foi desmantelada pelas Brigadas Al-Qassam. A operação visava um soldado do exército sionista. Em declaração, a ala militar do governo afirmou que dois “soldados ficaram gravemente feridos durante uma operação para resgatar reféns detidos pelo Hamas. Nenhum refém foi resgatado nesta atividade.”
O plano levou a uma invasão israelense da área para permitir a fuga da força especial que havia sido empregada, segundo o Hamas. No ataque israelense, um soldado preso foi morto.
A evidente crise interna em Israel, somada à censura oficial das informações oficiais nos hospitais israelenses, leva a crer que a situação política do Estado sionista é mais grave do que aparenta.
Somam-se às baixas e falhas militares o número altíssimo de soldados feridos e mutilados, já em milhares, pelas incursões na Faixa de Gaza, e as centenas de veículos militares, desde transportes blindados a grandes tanques de combate, que foram destruídos durante tais operações, e temos um cenário de profunda crise militar.
Desde o início da invasão por terra em 27 de outubro, o exército sionista não conseguiu sequer uma vitória significativa. As forças e a população palestina lidam com os bombardeios e destruição geral de infraestrutura, mas os combates, a guerra de guerrilha travada pelas forças palestinas vem apresentando um sucesso absoluto.
Agora, frente à escalada da situação com o bloqueio total de cargas marítimas pelo Mar Vermelho destinadas a Israel pelo Iêmen, o que incorre numa possível nova frente de batalha, o futuro não parece promissor. Pior, a base militar do imperialismo no Oriente Médio depende do apoio de seu mestre, mas as forças do imperialismo lidam agora com um avanço da Venezuela sobre a região de Essequibo na Guiana.
Os EUA hesitam frente ao Iêmen, pressionados até pela Arábia Saudita, de modo a não abrir uma guerra. Na Venezuela, a situação se desenvolve por meio da diplomacia do governo bolivariano, o que, no entanto, não pode ter sucesso no “quintal” do imperialismo que é a América Latina. Outra possível frente de batalha. Ao mesmo tempo, a China, apesar de em silêncio, tem seus olhos direcionados a Taiuã.
A situação na Ucrânia escala para fora do controle do imperialismo, cujo financiamento será direcionado a Israel, ao que indica o Congresso norte-americano. Por fim, na África, levantes nacionalistas se sucedem, e sequer lá o imperialismo dá conta de uma ofensiva militar.
De crise em crise, o apoio que escora a existência da entidade sionista, para além dela própria, está profundamente abalado. A tendência dos acontecimentos é que o abalo aumente de maneira exponencial.