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Sim, é perseguição política

Denúncias das joias: burguesia tenta se livrar de Bolsonaro

Coluna de Reinaldo Azevedo publicada na Folha de São Paulo deixa claro: burguesia quer banir o bolsonarismo para abrir espaço para a terceira via ("direita civilizada")

A perseguição política a Bolsonaro não termina.

Já lhe foram aplicadas multas que totalizam centenas de milhares de reais, simplesmente por que ele não usou máscara durante a pandemia;.

Foi declarado inelegível pelo TSE, simplesmente por que ele exerceu seu direito de criticar as urnas eletrônicas e as eleições.

No segundo turno das eleições presidenciais de 2022, a Polícia Rodoviária Federal realizou mais de 560 blitz para dificultar e impedir que eleitores de Lula chegasse aos locais de votação, a fim de beneficiar Bolsonaro. Só agora, após cerca de 10 meses, é que Alexandre de Moraes resolveu decretar a prisão preventiva do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, apoiador de Bolsonaro. Medida inócua para evitar uma fraude eleitoral a favor de Bolsonaro, afinal, as eleições já passaram.

Agora, voltam aos holofotes da imprensa burguesa as acusações contra Bolsonaro em relação às joias sauditas.

Em investigação da Polícia Federal, teria sido constatado que as joias que o governo Bolsonaro recebera de presente do governo da Arábia Saudita foram colocadas a leilão em um site americano. A empresa Fortuna Auctions teria sido a escolhida para a intermediação da venda, após Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, ter procurado várias empresas em Miami e Nova Iorque.

Contudo, tendo em vista que as joias não foram arrematadas, elas teriam sido devolvidas a Bolsonaro em Orlando, Flórida. Ou seja, um possível caso de corrupção.

Não se pretende aqui repousar sobre as acusações de corrupção contra Bolsonaro. Um presidente fruto do golpe de 2016; outrora membro do baixo clero do Congresso Nacional; um presidente que capitaneou a privatização da Eletrobrás, e que entregou a base de Alcântara e a Petrosix ao imperialismo; é bem seguro afirmar que Bolsonaro seja, de fato, corrupto, um pilantra da pior espécie.

Mas a questão não é esta. Afinal, a luta contra a corrupção é o ouro dos tolos. Não há que se falar em luta contra a corrupção no âmbito do capitalismo. O capitalismo é, em sua essência, corrupto. Especialmente na fase do imperialismo. Assim, o combate à corrupção feito pelas instituições dos Estados burgueses nada mais é de que uma máscara jurídica para esconder a perseguição política que a burguesia realiza contra seus adversários.

Esta é a questão: para além do questionamento às eleições, às urnas e à pandemia, a burguesia utiliza agora a luta contra a corrupção para continuar a perseguir politicamente Bolsonaro.

Observando os principais jornais da imprensa burguesa, observa-se que a perseguição visa a retirar Bolsonaro da cena política. Torná-lo irrelevante. Pelo menos enquanto os capitalistas não se virem diante da necessidade de recorrer a uma ditadura abertamente fascista. E, mesmo quando esse momento chegar, eles certamente tentarão encontrar algum elemento mais controlável que Bolsonaro.

Nesse sentido, chama a atenção coluna de Reinaldo de Azevedo, publicada na Folha de S. Paulo.

Azevedo é um notório porta-voz da burguesia na imprensa. Uma pessoa que foi um dos principais artífices da campanha fascista contra o PT, que precedeu o golpe de 2016. Agora, tentando posar de democrático, escreve um artigo cujo título é “O bolsonarismo tem de ser compreendido e banido, nunca tolerado”.

Então, a burguesia quer, no momento, inviabilizar o Bolsonaro politicamente.

E qual o objetivo em banir o bolsonarismo? Combater o fascismo? Ajudar a esquerda? Não. Conforme dito pelo próprio Azevedo no final de seu artigo, o objetivo é viabilizar a terceira vida, a qual o colunista chama de “direita democrática”:

“O bolsonarismo, como pensamento político, tem de ser banido, sem prejuízo de ser compreendido. Tolerado nunca! Até para que possa existir uma direita democrática”.

Esse é o sentido da perseguição a Bolsonaro.

Apesar de todo o apoio dado pela esquerda (Lula e PT inclusos) à perseguição política engendrada contra Bolsonaro, ela não será beneficiária. Bolsonaro está sendo perseguido, pois, com ele como candidato, é impossível à direita emplacar alguém da terceira via para 2026. E, por terceira via, deve ser entendido um direitista “civilizado”, ou seja, uma pessoa de total confiança do imperialismo. Um político completamente subserviente. Um FHC nº 2.

Deve-se frisar que não há nada de civilizada ou democrática nessa direita. Aliás, historicamente se mostraram piores que Bolsonaro.

No que diz respeito à destruição econômica promovida pelo imperialismo contra o Brasil, o governo Bolsonaro não chega nem perto do governo FHC.

Tendo em vista Bolsonaro ser um político realmente popular, com uma ampla base na pequena-burguesia, em setores não organizados da classe operária, nas polícias militares e no baixo escalão militar, ele acaba não sendo uma pessoa de confiança do imperialismo, para exercer uma política neoliberal puro sangue. Sempre que ele tentar exercer esse tipo de política, ele acabará encontrando barreiras em sua base social.

Daí a necessidade da burguesia (nacional e imperialista) remover Bolsonaro da cena política, a fim de abrir espaço para um direitista totalmente desvinculado da população.

Como já se disse, não há nenhuma possibilidade que a esquerda seja beneficiada com essa perseguição.

Colocando em termos abstratos, a perseguição a Bolsonaro resulta em um fortalecimento do autoritarismo do Estado burguês. Como o próprio nome diz, o Estado é “burguês”, e não operária. Assim, ao fortalecer seu aparato de repressão, a esquerda apenas contribui para pavimentar o caminho para uma ditadura aberta, que eventualmente irá devorá-la e esmagar os trabalhadores.

Em termos concretos, a perseguição a Bolsonaro também assenta o terreno para perseguir Lula novamente, para também tirá-lo da jogada. Afinal, se Bolsonaro é alguém que o imperialismo não consegue controlar, que dirá Lula, cuja força política decorre dos setores mais organizados da classe operária e de amplas massas de camponeses pobres. Aliás, abre espaço para a perseguição de toda a esquerda, das organizações dos trabalhadores da cidade e do campo não apenas de Lula e do PT.

Este é um aspecto, através do qual fica claro que a perseguição feita pela burguesia jamais pode ser benéfica à esquerda.

E o outro aspecto? Ora, a perseguição martiriza Bolsonaro, fortalecendo-o perante os olhos da população. Afinal, o povo sabe muito bem na pele o que é ser perseguido pelo aparato de repressão estatal. Sabe e repudia a repressão, a perseguição.

Já se vê claramente nos Estados Unidos que a perseguição a Trump só está servindo para fortalecê-lo e a extrema-direita. Não está tirando-o do jogo político. E o mesmo já começa a se delinear aqui no Brasil. A título de exemplo, Bolsonaro conseguiu juntar milhões de reais, os quais foram doados por seus seguidores para ajudar a pagar as multas que lhe foram aplicadas.

Em suma, a perseguição política a Bolsonaro contribui para fortalecê-lo. E também fortalecer o bolsonarismo. Fortalecimento este que, necessariamente, prejudica a esquerda. Ainda mais levando-se em conta que a maior parte dela é apoiadora fervorosa dessa perseguição.

Conclui-se, portanto, que a burguesia está perseguindo Bolsonaro para tirá-lo de cena, e abrir caminho para a terceira via. A esquerda, não pode, de forma alguma, apoiar isto. Deve, ao contrário, denunciar a perseguição, e desatar uma campanha de massas pelos direitos democráticos de toda a população (em especial o da liberdade de expressão e do devido processo legal), independentemente de ser de esquerda, direita ou extrema-direita.

Quanto mais a esquerda apoiar o fortalecimento do Estado burguês, mais ela estará contribuindo para alimentar o monstro que irá devorá-la.

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