Depois que Lula falou sobre a “democracia ser relativa”, em alusão aos ataques contra o governo venezuelano, a burguesia aproveitou para intensificar a campanha contra o presidente.
Elio Gaspari publicou uma coluna na golpista Folha de S. Paulo dizendo que “Lula precisa rever seu discurso sobre a Venezuela”. O Estado de S. Paulo publicou editorial ironizando o presidente: “A teoria da relatividade de Lula”.
Em sua conta no Twitter, foi a vez do ministro do STF, Gilmar Mendes, crticar a declaração de Lula: “A realização de eleições, em tal hipotético cenário, jamais poderia afiançar o caráter democrático de um regime político”.
Toda a direita nacional se unificou para atacar Lula. Isso revela extamente o caráter dessa direita, inclusive a suposta aliada.
Chama a atenção, por exemplo, que há gente de esquerda que acredita que a Folha é um jornal “democrático” e “progressista”. Mas vem justamente da coluna de Elio Gaspari a declaração mais pérfida contra Lula. O jornalista diz que Erneste Geisel teria dito a mesma coisa. Ou seja, Lula apoiaria uma ditadura igual à instalada pelo regime militar a partir de 1964.
Elio Gaspari deveria, com essa comparação, mostrar as salas de tortura do governo venezuelano, deveria mostrar os desaparecidos políticos da Venezuela, deveria mostrar a quantidade de assassinados pelo governo Maduro. Não há nada disso justamente porque a “ditadura venezuelana” não é uma ditadura.
A tentativa pérfida de relacionar Lula ao regime militar brasileiro acaba desmascarando a farsa da burguesia brasileira que ataca a Venezuela.
Lula está certo em sua declaração e devemos acrescentar a ela que “democracia” é tudo o que o imperialismo apoia. E “ditadura” é tudo o que o imperialismo não apoia.
Dito isso, como o imperialismo, em particular o norte-americano, apoiava o regime militar, aquilo não foi uma ditadura, mas uma bela democracia. Não importam as torturas comprovadas, os assassinatos políticos, os desaparecidos, a ausência de eleições.
Já na Venezuela, que, como disse Lula, tem “mais eleições que o Brasil” e que não tem nada nem parecido de tortura e assassinatos – e olha que o esforço da propaganda imperialista é grande – é uma ditadura.
A teoria da relatividade, nesse caso, foi apenas constatada por Lula. O inventor dessa teoria é o imperialismo, chefe do Estadão, da Folha, de Gilmar Mendes e de toda a direita nacional.