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Seleção Feminina

Demagogia não ganha Copa do Mundo

É preciso menos lacração e mais investimento se quisermos derrotar o esquema imperialista

Demagogia não ganha Copa do Mundo. A Seleção Brasileira Feminina foi eliminada nessa quarta-feira (2) após empatar com a Jamaica em 0 x 0 pela Fase de Grupos. Foram uma vitória, um empate e uma derrota e a Seleção Feminina dá adeus ao Mundial, na última chance de Marta (a melhor jogadora da história) conquistar o título.

Desde 1995, a Seleção Feminina não era eliminada na Fase de Grupos. Dessa forma, mesmo com mais investimento do que em Copas anteriores, a Seleção Feminina promoveu um de seus maiores fracassos desde o início da competição.

No período que precedeu e durante a Copa do Mundo Feminina, a imprensa capitalista fez uma campanha totalmente demagógica. Utilizaram a Seleção de mulheres para atacar a Seleção masculina, falaram que o futebol feminino era superior ao masculino por inúmeras razões, entre outros absurdos. Criaram um mundo da fantasia onde, primeiro, o futebol feminino seria tão importante quanto o futebol masculino — e não apenas uma modalidade, como Futsal, juniores, Futebol de Areia, etc.; segundo, onde existe a possibilidade de um país não imperialista conquistar o torneio.

É, claro, os brasileiros devem torcer por sua Seleção. Torcer, principalmente, para que os países imperialistas sejam derrotados no esquema que montaram para tentar serem totalmente dominantes em alguma área do futebol — visto que, no futebol, em geral, devem se confrontar os sul-americanos, que têm as três maiores forças do futebol mundial: Brasil (principalmente), Argentina e Uruguai.

De toda forma, após a eliminação da Seleção Feminina, diversos perfis de futebol ironizaram as posições demagógicas da imprensa capitalista. Muitas vezes, humilhando a própria Seleção. Sobre isso, é importante ressaltar: 1) as jogadoras brasileiras não têm culpa, elas foram utilizadas para uma campanha venal; 2) comprova que a demagogia (ou, se preferir, forçação de barra) em torno do futebol feminino em nada ajuda o desenvolvimento da modalidade — na verdade, prejudica, pois cria uma antipatia do torcedor com o esporte.

Passada a eliminação, a imprensa, que só elogiava a Seleção, que parecia ser uma das maravilhas do mundo, apontou o dedo para todo mundo. A jornalista Milly Lacombe, por exemplo, afirmou que “está muito na conta da Pia e da CBF essa derrota”. Agora, é fácil falar. Antes da Copa do Mundo, a treinadora da Seleção Feminina, a sueca Pia Sundhage, principal protagonista da derrota da Seleção, só recebia elogios. Aliás, toda a Seleção. Afinal, ao contrário do futebol masculino, onde o Brasil sempre é favorito para o título, os interesses capitalistas são muito menores. Portanto, nenhuma atleta foi acusada de ser imoral, bolsonarista, fascista, nazistas, nada disso. Eram todas jogadoras lésbicas, progressistas, vindas direto do mundo fantástico da Barbie, novo ídolo da esquerda pequeno-burguesa e da imprensa burguesa.

Mas voltando à Pia. Agora que ela novamente fracassou — como nas Olimpíadas —, foi criticada. Mas é justamente o Uol um dos portais que mais defende, no Brasil, a vinda de técnicos estrangeiros para “melhorar” e “desenvolver” o “ultrapassado” futebol brasileiro. A treinadora sueca, que fez a segunda pior campanha da Seleção Feminina em Copa do Mundo (atrás apenas de 1995), deveria servir como exemplo de por que não precisamos de técnicos estrangeiros no Brasil.

Mas o Uol não toca nesse ponto. Ao contrário, quer comparar o fracasso na Copa Feminina desse ano com o “fracasso” da Copa no Catar. Milly Lacombe diz:

“E o Brasil, assim como fez o Tite na masculina, a Pia fez um trabalho muito parecido, um trabalho que foi sucesso de crítica, eu fui uma das poucas que criticou a Pia, eu critiquei a Pia desde sempre, mas pouquíssimas pessoas criticaram a Pia e pouquíssimas pessoas criticavam o Tite, porque é um trabalho que no âmbito latino-americano parecia ser um sucesso, mas a minha avaliação sempre foi de um trabalho distanciado do que somos culturalmente, isso não é o Brasil em campo”.

Primeiro, é preciso destacar que Tite não foi isento de críticas em nenhum momento. Ao contrário, foi criticado o tempo inteiro: criou-se falsas polêmicas sobre a convocação de jogadores em todos os períodos em que esteve à frente, foi questionado pela imprensa diversas vezes, etc. No futebol, não há alvo maior de críticas do que a Seleção Brasileira.

Segundo, é injustificável comparar as duas campanhas. A Seleção Feminina foi eliminada precocemente porque a treinadora era ruim e, no futebol feminino, onde falta habilidade, a técnica tem que prevalecer sobre a individualidade. Tite, por sua vez, fez um dos melhores trabalhos da história da Seleção e, inclusive, resgatou algumas características brasileiras no esporte: a arte era visível no escrete dele.

Terceiro, ao contrário da Seleção Feminina, a Seleção não caiu por falta de qualidade individual e técnica. Caiu porque o imperialismo precisa evitar uma nova conquista mundial dos brasileiros. O mercado especulativo em torno do futebol cresceu muito nas últimas décadas e não é do interesse imperialista que um país atrasado como o Brasil seja campeão. “Ah, mas foi a Argentina que ganhou a última edição”, dirá alguém. É verdade, mas ganhou 1) com ajuda da FIFA (com vários pênaltis, no mínimo, polêmicos) para impulsionar uma das bonecas de ouro do imperialismo, Lionel Messi, que em fim de carreira foi jogar nos Estados Unidos; 2) pela própria incapacidade do futebol dos países imperialistas, claramente decadente — com exceção da França, que, além da ajuda oficial (“garfando” o Marrocos nas semifinais) montou uma seleção colonial para conseguir competir.

O Brasil, ao contrário da Argentina, foi indubitavelmente roubado, como tem sido padrão nas últimas Copas do Mundo. A porradaria contra jogadores brasileiros foi liberada, ninguém sofria as consequências por agredir um atleta nosso. Ainda teve o pênalti não dado contra os porradeiros da Croácia — mas, pelo visto, nesse jogo, a FIFA decidiu liberar botar a mão na bola dentro da área.

O que faltou ao Brasil, na Copa do Mundo do Catar, foi cabeça, psicológico para entender que a Seleção é perseguida e, portanto, se quiser ganhar o Mundial terá de enfrentar a arbitragem, a FIFA, a porradaria e outras dificuldades.

O que faltou ao Brasil, na Copa da Oceania (feminina), foi qualidade, treinador e o entendimento que demagogia não ganha título. Aliás, demagogia que só existe porque os jornais capitalistas sabem que se trata de uma modalidade totalmente dominada pelo imperialismo. É preciso menos lacração e mais investimento se quisermos derrotar o esquema imperialista.

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