Guerra na Ucrânia

Declaração da Rússia encerra a polêmica sobre a posição do Brasil

Governo Lula está de qual lado? Os próprios russos respondem

Um debate tem se travado nas últimas semanas a respeito das posições do governo Lula sobre a guerra na Ucrânia, iniciada em 2014, e, particularmente, a intervenção da Rússia no conflito, que acaba de completar um ano.

Setores nacionalistas acusam Lula de ter se vendido ao imperialismo por supostamente apoiar a posição dos Estados Unidos. Prova disso seria a visita do presidente da República ao líder norte-americano Joe Biden, de onde foi emitida uma declaração conjunta. Ela diz o seguinte: “ambos os presidentes lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional e conclamaram uma paz justa e duradoura.”

Uma prova maior, segundo os críticos, seria o voto do Brasil na ONU, na última quinta-feira (23), a favor da retirada das tropas russas da Ucrânia.

Essa visão, contudo, é unilateral e não leva em consideração o conjunto e a relevância dos fatos. Em primeiro lugar, não é de hoje que Lula tem essa opinião expressada acima. Desde o início da Operação Militar Especial, em 24 de fevereiro de 2022, ele se posicionou contra o envio de tropas pela Rússia e por uma resolução pacífica e diplomática do conflito que está completando nove anos de duração.

No dia 2 de março de 2022, uma semana após o início da operação, Lula disse, em uma viagem ao México: “se o presidente Putin tivesse pedido para que a gente dissesse se ele deveria ou não invadir a Ucrânia, a gente teria de dizer que não.”

Um segundo ponto – um vício que existe na classe média – é que a ela interessa mais o que as pessoas dizem do que aquilo fazem de fato. Lula, que é o mestre da conciliação, sabe muito bem transitar entre os opostos. Isso temos de reconhecer. Como um experiente político da tradição nacionalista burguesa, apesar de oriundo da classe operária, barganha com os adversários que se chocam na arena internacional para favorecer os seus próprios interesses. É o que está fazendo no caso ucraniano.

Enquanto emite declarações e votos (que não mudarão em nada o curso do conflito) supostamente contra a Rússia, Lula veta o envio de munição para abastecer os tanques que combatem do lado ucraniano, o que é um enorme golpe contra o regime fantoche da OTAN, pois esta não consegue suprir a demanda de Kiev por munições.

Esse veto desagradou o imperialismo a tal ponto que a Alemanha impôs um embargo à exportação de blindados Guarani para a Ásia, uma vez que eles são fabricados com compostos de origem alemã. Altos funcionários do governo americano também saíram a público para criticar fortemente a proposta de paz apresentada por Lula, dentre eles Victoria Nuland, segunda em comando do Departamento de Estado e a principal personagem do golpe de 2014 que desencadeou o conflito ucraniano.

Os pretensos analistas políticos não entendem o que está acontecendo. Uma ação concreta do governo Lula é muito mais importante e decisiva do que votos e declarações. E nos temas centrais da política internacional que se relacionam ao Brasil, a posição do governo Lula é diferente ou até mesmo oposto à dos EUA.

Os norte-americanos e alemães entendem perfeitamente o que está acontecendo. Quem também compreendeu de forma nítida qual é a posição do Brasil foram os próprios russos. Ainda na quinta-feira, a agência oficial de notícias TASS publicou declarações do vice-ministro de relações exteriores do Crêmlin, Mikhail Galuzin.

“Eu gostaria de enfatizar que a Rússia valoriza a posição equilibrada do Brasil na atual situação internacional, sua rejeição a medidas coercitivas unilaterais dos EUA e seus países satélites contra o nosso país e a recusa do nossos parceiros brasileiros a fornecer armas, equipamento militar e munição para o regime de Kiev”, afirmou o diplomata, que completou: “ao mesmo tempo, nós podemos ver como Washington está pressionando o Brasil. Essa posição soberana merece respeito.”

Isso significa que os russos sabem que a situação do governo brasileiro é delicada, por sofrer forte pressão do imperialismo. Mesmo assim, consideram que o Brasil estaria resistindo a essas pressões e adotando uma política que beneficia a Rússia. A declaração do vice-ministro não deixa nenhuma dúvida sobre isso.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.