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"Israel"

De onde vêm as novas calúnias contra o Hamas

Organização Não Governamental de judeus ortodoxos está por trás de enxurrada de mentiras e falsificações contra combatentes palestinos

No dia 5 de dezembro, o presidente norte-americano Joe Biden declarou, em um evento em Boston, que “cabe a todos nós, forçosamente, condenar, inequivocamente, a violência sexual dos terroristas do Hamas”. Na ocasião, o democrata afirmou que “nas últimas semanas, sobreviventes e testemunhas dos ataques [de 7 de outubro] partilharam relatos horríveis de crueldade inimaginável”, com “relatos de mulheres violadas — repetidamente violadas — e de seus corpos mutilados enquanto ainda estavam vivas — de cadáveres de mulheres serem profanados, de terroristas do Hamas infligindo tanta dor e sofrimento quanto possível a mulheres e, depois, assassinando-as”.

A declaração de Biden não foi um raio em céu azul. Ela veio no mesmo dia em que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, responsável pelos ataques que já vitimaram quase sete mil mulheres, denunciou o “estupro de mulheres israelenses”, “atrocidades horríveis” e “mutilação sexual”.

Tanto Biden como Netanyahu, por sua vez, apenas repetiram o que a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) afirmou, em nota: “Estamos alarmados com os numerosos relatos de atrocidades baseadas no gênero e violência sexual durante esses ataques [de 7 de outubro]”.

Não restam dúvidas de que os inimigos do povo palestino – o Estado de Israel, o Departamento de Estado norte-americano e a ONU – decidiram se apoiar em supostas acusações de “violência sexual” por parte dos combatentes do Hamas para uma nova onda de ataques contra o grupo guerrilheiro. A questão que fica é: de onde surgiram as “informações” que chegam aos gabinetes dos senhores da guerra?

Uma reportagem do portal norte-americano The Grayzone, publicada no dia 6 de dezembro, ajuda a responder essa questão.

Conforme apurado pelo portal, Joe Biden e seu secretário de Estado, Antony Blinken, vêm atacando o Hamas com base em mentiras disseminadas por um grupo de judeus ultraortodoxos chamado ZAKA. Fundada em 1989, a ZAKA é uma Organização Não Governamental (ONG) que diz atuar na prestação de primeiros socorros, busca e salvamento em situações de emergência. Trata-se, portanto, de uma fachada perfeita para fabricar testemunhos sobre a atuação de tudo aquilo que Israel considera “terrorista”.

Tanto é assim que a ZAKA surgiu justamente durante a Primeira Intifada, quando uma rebelião civil tomou conta dos territórios ocupados pelo Estado sionista. Entre os feitos iniciais da ZAKA, está a participação no recolhimento de restos mortais após o atentado suicida ao ônibus Tel Aviv-Jerusalém 405, que deixou 16 civis mortos. Desde 1995, quando a ZAKA foi estabelecida formalmente, o grupo atua em conjunto com o próprio Estado de Israel.

Entre as mentiras contadas por Blinken, The Grayzone conta que, durante uma audiência no Senado em 31 de outubro sobre o massacre de Israel em Gaza, o Secretário de Estado descreveu a seguinte cena para ilustrar a “selvageria” do Hamas e a impossibilidade de negociações com tal organização:

“O olho do pai foi arrancado na frente dos filhos. O seio da mãe foi cortado, o pé da menina foi amputado, os dedos do menino foram cortados e todos foram executados”.

A cena macabra teria acontecido a uma pacata família composta por “um menino e uma menina, de 6 e 8 anos, e os seus pais em volta da mesa durante o café manhã”.

The Grayzone, então, explica que “embora Blinken não tenha declarado a fonte da sua alegação perturbadora – e não tenha sido solicitado a fazê-lo por nenhum senador – ela corresponde ao depoimento prestado por Yossi Landau, chefe de operações para a região sul de Israel de uma organização religiosa de ‘identificação de vítimas de desastres’ chamada ZAKA”.

O fato, no entanto, é que, até o momento, não surgiram testemunhos independentes que corroborassem a afirmação de Landau. Além disso, não há registros de mortes de irmãos com idade entre 6 e 8 anos em Beeri, no dia 7 de outubro, onde teriam acontecido os “crimes do Hamas”.

O portal norte-americano ainda revela que “não há qualquer registro de uma criança morta da maneira que Landau descreveu, assim como fotos da família supostamente assassinada. Na verdade, os únicos irmãos próximos desta faixa etária que morreram na comunidade naquele dia – os gémeos Liel e Yanai Hetrzroni, de 12 anos – foram mortos por bombardeamentos de tanques israelitas”.

Este caso, que serviu para a politicagem rasteira do secretário de Estado norte-americano, comprova que não apenas as autoridades israelenses têm desempenhado um papel central na campanha de desinformação sionista, como também a fabricação dessas mentiras vêm, em parte, de organizações “voluntárias” ultraortodoxas como a ZAKA.

“Desde ‘confirmar’ a história fraudulenta de bebês decapitados encontrados em um kibutz até inventar descaradamente outras sobre combatentes do Hamas cortando fetos dos corpos de mulheres grávidas, cortando o braço de uma menininha e assando um bebê em um forno, a ZAKA e grupos rivais demonstraram um notável talento para disseminar na mídia histórias depravadas de alegada brutalidade do Hamas”, afirma The Grayzone. “Ao fazer isso, eles armaram líderes ocidentais como Blinken e o presidente Joe Biden com a narrativa que seria utilizada para bloquear propostas de cessar-fogo e rearmar um exército que matou mais de 15.000 civis em Gaza em menos de dois meses”.

Da mesma forma em que a ZAKA esteve envolvida nas mais grotescas mentiras anteriores, o grupo de ultraortodoxos agora está, segundo o jornal norte-americano, “no centro da campanha de Tel Aviv para convencer o mundo de que o Hamas não só violou mulheres israelenses em 7 de Outubro, mas continuou a abusar de mulheres reféns desde então”. The Grayzone, então, acusa “a recém-revelada e factualmente contestada ‘Comissão Civil de 7 de Outubro, Crimes do Hamas contra Mulheres e Crianças’ de Israel” de depender fortemente de “alegações gráficas de segunda mão fornecidas pela ZAKA”.

Enquanto Israel não apresenta provas de suas acusações, o Hamas denunciou a “tentativa de Biden de acusar falsamente” seus combatentes de cometerem “violência sexual” no dia 7 de outubro.

O mais irônico de tudo na participação da ZAKA na fabricação de “violações sexuais” falsas está no fato de que o fundador do grupo ultraortodoxo é Yehuda Meshi-Zahav. É assim que o portal The Grayzone descreve Meshi-Zahav: “a onda de estupros de Meshi-Zaha, conhecido na comunidade ortodoxa de Jerusalém como ‘o Jeffrey Epstein Haredi’, devido à sua propensão bem documentada para estuprar jovens de ambos os sexos, era indubitavelmente conhecida pelos membros da ZAKA — e só chegou ao fim após seu suicídio”.

“Além de ser um estuprador em série”, afirma The Grayzone, “o líder de longa data da ZAKA era um agiota pródigo, financiando um estilo de vida luxuoso com milhões de dólares ilegalmente desviados de sua organização. Brad Pearce, um estudioso independente que publicou um extenso perfil da corrupção da ZAKA em outubro de 2023, descreveu o grupo como ‘a organização não governamental mais opaca e suspeita que já investiguei'”.

É a senhores de tal reputação a quem Blinken e Biden se aliam. Yossi Landau, o responsável pela fábula da chacina durante o café da manhã, não fica atrás na falta de escrúpulos. Segundo o homem da ZAKA, qualquer pessoa que questione sua versão dos eventos “deveria ser morta”.

Não é possível, para Biden e Blinken, alegar, em sua defesa, que ignoram os métodos sórdidos da ZAKA. Conforme demonstrado por The Grayzone, há um claro fluxo entre a produção de mentiras pelo grupo ultraortodoxo, a sua veiculação na imprensa norte-americana e o comentário dos representantes do Estado norte-americano:

“A alegação então chegou à CNN, que dedicou quase uma hora inteira de uma transmissão em horário nobre à suposta atrocidade com base na ‘confirmação’ do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O presidente dos EUA, Joe Biden, ecoou a alegação em seguida, sonolentamente proclamando, durante uma coletiva de imprensa, que tinha visto ‘fotos de terroristas decapitando crianças’. O presidente ignorou assim o registro de mortes confirmadas a partir de 7 de outubro, que mostrou que apenas um bebê, uma criança de 10 meses chamada Mila Cohen, foi morto”.

ZAKA, Netanyahu, Biden e Blinken são engrenagens de uma gigantesca máquina de calúnias contra o Hamas. Atacar o grupo islâmico é, neste momento, o aspecto central da propaganda de guerra do Estado sionista. Na medida em que cresce a revolta contra os assassinatos de civis, principalmente crianças e mulheres, na Faixa de Gaza, Israel se apega à sua maior e mais repetida mentira para justificar seus crimes de guerra: a de que estaria “se defendendo” dos “selvagens” do Hamas.

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