Estamos com nosso correspondente, Eduardo Vasco, em Cuba, que tem feito ali uma série de reportagens. O companheiro foi à Ilha para participar dos eventos do 1º de Maio. Vasco também esteve com Rafael Dantas, nosso outro correspondente, cobrindo o início da operação especial militar da Rússia na Ucrânia.
Abaixo, quatro perguntas que achamos de interesse dos nossos leitores:
1) Como foi a experiência de participar do primeiro de maio?
O desfile de primeiro de maio teve de ser ao nível municipal. Ou seja, em Havana houve a manifestação no Malecón com a participação de trabalhadores de cerca de cinco municípios, que formam parte da cidade de Havana. Isso se deve à crise dos combustíveis, causada pelo bloqueio econômico dos EUA, que faz com que tenha de se racionalizar o máximo possível a gasolina e por isso seria inviável que trabalhadores do país inteiro fossem a Havana. Isso já transformaria o ato em algo inusitado, mas teve mais: no dia anterior, um forte temporal caiu sobre a cidade, como reflexo de um furacão que passou pela região e atingiu a Flórida, e isso obrigou a Central de Trabalhadores de Cuba (organizadora do 1° de Maio) a adiar o desfile para o dia 5. Mesmo assim, participaram dezenas de milhares de pessoas, incluindo militantes do mundo todo. Nós levamos nossa faixa contra o bloqueio a Cuba e todos que a viram quiseram tirar uma foto, ela fez muito sucesso. Assim como fizeram sucesso o jornal Causa Operária, o Dossiê e as revistas dos coletivos, esgotados em pouco tempo. O PCO, assim como havia sido no Encontro Internacional de Solidariedade a Cuba no Palácio das Convenções, foi o partido mais destacado no ato.
2 – O que os cubanos falam do Dia da Vitória?
Houve uma cerimônia de entrega de flores em homenagem aos soldados soviéticos mortos durante a II Guerra. Participaram Díaz-Canel e Raúl Castro, entre outros altos funcionários do Estado e do partido comunista. Tanto o governo de Cuba como os trabalhadores e os meios de comunicação consideram que foram os soviéticos que derrotaram o nazismo, apesar da propaganda enganosa do imperialismo, que diz que foram Churchill e Roosevelt.
3 – O que os cubanos esperam do governo Lula?
Falamos com alguns cubanos sobre o governo Lula. Estão todos esperançosos de que Lula ajude Cuba a superar essa que é uma das piores crises que eles já viveram. Se lembram da construção do porto de Mariel e do programa Mais Médicos e esperam que a cooperação com Cuba volte o quanto antes.
4 – Como o governo tem feito a campanha contra o bloqueio para os próprios cubanos?
Os meios de comunicação falam muito sobre isso. O principal deles é a TV e o noticiário sempre aborda o tema. O Encontro Internacional, para o qual fomos convidados e que foi o motivo de nossa visita, tem como principal objetivo a publicidade e a denúncia do bloqueio. Há outdoors em vários pontos de Havana denunciando o bloqueio. Infelizmente, alguns cubanos que conversamos não acham que o bloqueio seja tão maléfico. Outros nos disseram que esse pensamento é de pessoas pouco politizadas que são persuadidas pela propaganda opositora nas redes sociais. Mas ninguém que eu conversei nega o bloqueio, todos reconhecem que ele existe.