Uma das principais campanhas do imperialismo contra Cuba e, de maneira geral, contra qualquer Estado minimamente socialista, é a de que o governo é uma grande máquina de corrupção que beneficia um pequeno grupo às custas do povo.
Para desmentir essa grotesca falsificação acerca do regime operário cubano, Eduardo Vasco, correspondente do Diário Causa Operária (DCO) em Cuba, responde algumas perguntas acerca da situação econômica da ilha latino-americana e de seu povo. Nesse sentido, fala sobre o salário, a mendicância, a prostituição e mais.
Confira a mais nova entrevista da série Diário de Cuba logo abaixo:
Diário Causa Operária: Existem mendigos em Cuba?
Eduardo Vasco: Sim, no sentido de pedintes. Só que são pessoas que pedem para os turistas. Pessoas que não passam por uma boa situação financeira, pelo contrário, porque falta quase tudo em Cuba por causa do bloqueio econômico dos EUA. Mas essas pessoas têm onde viver e geralmente têm trabalho, é porque veem nos turistas uma fonte adicional de renda, já que a renda normal não dá para garantir uma vida digna pela falta de produtos e alta inflação causada pelo recrudescimento do bloqueio.
Diário Causa Operária: E prostitutas?
Eduardo Vasco: Sim, e isso também é uma consequência, assim como a “mendicância” explicada acima, do recrudescimento do bloqueio a partir do fim da URSS. Isso obrigou Cuba a abrir-se para o turismo e, com isso, o aparecimento de uma pequena economia de mercado. Se há procura, na economia de mercado naturalmente existe um fornecimento.
Me falaram aqui que as moças que se prostituem são para turistas e que elas não precisam disso porque há educação e emprego, mas também é fato que muita gente precisa procurar uma renda adicional e algumas poucas mulheres optam por essa fonte de renda. Contudo, os organismos populares procuram combater a prostituição pela educação das mulheres e o Estado pela punição, porque isso é ilegal.
Diário Causa Operária: Todos recebem o mesmo salário, mesmo em funções diferentes?
Eduardo Vasco: Não, porque isso seria injusto. O que ocorre é que um médico, por exemplo, não ganha muito mais do que um trabalhador comum, ao contrário do que ocorre no Brasil onde um médico ganha umas 15 vezes mais. Mesmo pessoas que têm funções importantes no Estado vivem em habitações muito simples e humildes – eu fui em um condomínio destinado a esses funcionários e se parece com uma COHAB ou CDHU. Portanto, não é possível falar que existe uma grande e verdadeira desigualdade social em Cuba.
Diário Causa Operária: Você já encontrou muitos turistas?
Eduardo Vasco: Eu tenho a impressão que há mais turistas em Havana do que no Rio de Janeiro. Não estamos em alta temporada e é impressionante o tanto de turistas. De fato, o turismo é quem garante a maior fonte de receitas para Cuba, de todas as maneiras possíveis.
Diário Causa Operária: Existe pessoas transexuais em Cuba?
Eduardo Vasco: Aqui existe plena liberdade sexual. A própria filha do Raul Castro, Mariela Castro Espín, é fundadora e presidenta de um centro para a promoção da igualdade sexual e de gênero, que atua principalmente na área de educação sexual. O governo promove o respeito e os direitos de todos, embora não promova o identitarismo e seja corretamente avesso a qualquer doutrina anticientífica nas questões de gênero e sexo.
Diário Causa Operária: Existe linguagem neutra em Cuba?
Eduardo Vasco: Esse câncer identitário é completamente nulo em Cuba, mesmo no centro de Havana onde há muitos turistas. Se há alguma espécie de analogia ao identitarismo, é coisa privada voltada basicamente aos turistas endinheirados. Mas não vi nada semelhante à linguagem neutra em Cuba.
Existe muita influência cultural americana e isso preocupa o governo, apesar de permitir isso. Então o que puder haver de indício de identitarismo, além de influência do turismo, também é dessa infiltração cultural dos EUA que não é censurada pelo governo.