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Esquerda filo-imperialista

CST é da torcida organizada pró-OTAN na guerra

A Corrente Socialista dos Trabalhadores, grupo recém-saído do PSOL, coloca a nu suas mais selvagens fantasias políticas ao propagandear crise de governo Putin

A caracterização feita no último período pelo Partido da Causa Operária a respeito da esquerda filo-imperialista – ou seja, que defende as posições do imperialismo, mesmo que não sendo um de seus agentes diretos – tem sido um importante definidor da situação política no Brasil e de quais serão as posições a serem assumidas pelos grupos políticos numa eventualidade de uma tentativa de golpe da burguesia nacional com apoio do imperialismo contra o governo Lula.

Tem sido muito importante, nesse sentido, analisar os últimos posicionamentos dos diversos grupos da esquerda nacional para demonstra que muitos estão totalmente a reboque do imperialismo e têm cumprido uma função nefasta na luta política nacional.

O grupo chamado “Corrente Socialista de Trabalhadores” (CST), saído recentemente de dentro do PSOL, devido ao seu apoio ao governo Lula, é um desses que procuram travestir posições pró-imperialistas com uma roupagem de esquerda radical e revolucionária. Na última semana, publicaram em sua página uma matéria tratando do motim dos mercenários do grupo Wagner, na Rússia. No texto, é evidente não só que estão totalmente alheios à realidade e reproduzindo a versão fantasiosa do imperialismo sobre os acontecimentos na região, mas também que o grupo se constituiu em uma verdadeira “torcida” pró-OTAN.

Segundo o articulista da CST, a tentativa de motim do grupo Wagner teria sido impedida pelo acordo com Putin, e a principal causa dela seria o “fracasso da invasão” na Ucrânia. Uma versão totalmente fantasiosa. Ao longo de toda a matéria, não se vê uma explicação razoável do que teria acontecido envolvendo os mercenários do grupo Wagner que combatem na Rússia.

A CST, provavelmente influenciada pela cobertura fantasiosa da guerra feita pela imprensa imperialista defende a tese de que “o Estado russo e o regime de Putin atravessam uma profunda crise, provocada em grande parte pelo fracasso da invasão. A Ucrânia está na ofensiva atualmente e recuperou centenas de aldeias que estavam tomadas pela Rússia no sul do país”, uma fantasia. A tal “contra-ofensiva ucraniana”, noticiada amplamente pela imprensa imperialista, foi uma grande farsa, comprovado pela tomada de Bakhmut e outros eventos. Inclusive, foi justamente a tomada de Bakhmut que colocou o grupo Wagner em evidência nos últimos meses.

Com relação à suposta “ofensiva” da Ucrânia e as supostas centenas de aldeias tomadas no sul do país, a CNN comenta: “O brigadeiro-general Oleksandr Tarnavskyi diz que o exército de Kiev “está expulsando o inimigo e queimando suas posições” no sul da Ucrânia. A maioria dos relatos do lado ucraniano na semana passada falou de avanços no sul, (…) Tarnavskyi afirmou que os combates deixaram centenas de combatentes russos mortos ou feridos no último dia, mas a CNN não pode verificar independentemente as alegações sobre baixas de ambos os lados do conflito”. Se a própria CNN admite que não é possível comprovar as alegações dos ucranianos, fica claro que são notícias muito duvidosas espalhadas como foram de uma propaganda pró-imperialista.

Logo abaixo, a matéria continua: “A resistência popular e militar ucraniana é a principal causa que explica o fracasso do exército russo, pois a grande diferença não reside no maior poderio militar da Rússia, mas na moral muito superior do povo ucraniano. É o que explica, desde o início da guerra, os milhares de voluntários que se apresentaram no lado ucraniano, numa demonstração de unidade popular que não se viu na Rússia. Há provas mais do que suficientes de que os soldados russos estão sem moral para o combate, e isto tem sido a causa fundamental do seu retrocesso no terreno”. É um tanto impressionante, em se tratando de um partido de esquerda, ver que o articulista não se constrange ao fazer uma defesa emocionada da suposta moral e iniciativa política dos nazistas ucranianos. Primeiramente, falsifica a realidade ao falar de “resistência popular ucraniana”. Não há nada disso. A Ucrânia está sendo duramente subjugada pelas Forças Armadas russas. O que tem possibilitado que os ucranianos se mantenham em pé é apenas o apoio massivo do imperialismo, que envia bilhões de dólares em armas para Zelensky praticamente todo mês.

Além disso, todos sabem que o regime ucraniano se apoia sobre grupos de extrema-direita, que ostentam símbolos nazistas em seus uniformes, homenageiam Stepan Bandera (um nazista ucraniano dos tempos da II Guerra Mundial) e protagonizaram diversos episódios de tortura e assassinatos contra o próprio povo ucraniano.

Isso sem falar no fato de que o lado russo da guerra conta com o apoio de todos os países atrasados, que vêm na operação militar russa, um ataque e uma fonte de crise para o imperialismo norte-americano, algo que é apoiado ao redor do mundo todo, mas que não parece animar muito a CST.

Logo abaixo, a CST nos brinda com um toque de delírio pseudo-marxista: “O fato de um Estado imperialista recorrer a exércitos privados mercenários atesta o nível da sua crise. (…) A Rússia também já havia empregado a milícia Wagner em suas intervenções na Síria, Sudão e República Centro-africana. Mas se além disto, como acaba de acontecer com a milícia Wagner, os mercenários se rebelam armados contra o governo que os contratou e, em seguida, esse governo chega a um acordo com eles, o que se tem é um estado de crise gravíssima”.

Primeiramente, o uso do termo “imperialista” para caracterizar o Estado russo é totalmente impróprio. Isso já foi debatido repetidas vezes por este Diário, mas como se pode considerar imperialista um país cuja principal atividade econômica consiste na exportação de matéria-prima. O significado de “imperialista” não está claro para o articulista da CST. A Rússia, ainda que seja uma potência militar regional, não chega nem perto do que seria sequer um país com capitalismo desenvolvido, que dirá imperialista. O país, principalmente após a intensificação da política neo-liberal, não teve um desenvolvimento completo de sua industrialização e ainda tem amplas regiões onde reina o total atraso.

Além disso, o fato de os russos empregarem exércitos privados não atesta crise nenhuma. Em uma guerra de curto prazo como essa parecia ser a princípio, é natural a utilização de soldados profissionais, que possuem um domínio maior dos equipamentos e armas a serem utilizados no campo de batalha.

Para finalizar, é importante ressaltar a total incompreensão dos correligionários de Babá sobre os acontecimentos envolvendo o motim do grupo Wagner. A crise, ao que tudo indica, se deu após uma tentativa de mudança de contrato do governo russo com o grupo, querendo submetê-lo ao comando militar do país. A principal queixa de Prigozhin, liderança do grupo Wagner e responsável pelo motim, era da diminuição no envio de munição para seus soldados, o que pode indicar uma preocupação do governo justamente com a possibilidade de rebelião.

Os dois fatores provavelmente fizeram Prigozhin ficar com receio de que seria liquidado pelo governo, então sua ação foi uma tentativa de se preservar, já calculando o provável acordo com Putin no final das contas.

Isso não abalou em nada o governo Putin, acabou não favorecendo e não mudando a situação da Ucrânia no conflito e causou um prejuízo minoritário ao governo, que possui ainda uma série de grupos mercenários os quais podem combater por eles.

O artigo da CST termina com uma ressalva insípida deles com relação ao fato do grupo Wagner ser, supostamente, “neofascista” e com o fato de a Ucrânia estar sendo apoiada pela OTAN, mas conclama o apoio da esquerda aos nazistas: “em primeiro lugar, chamamos à plena solidariedade com a resistência do povo ucraniano, que está levando a uma crise os invasores russos, e saudamos a sua luta heroica contra a invasão! Fora os invasores imperialistas russos!” O povo ucraniano, que vem sendo esmagado pelo golpe de estado de 2014, que possibilitou a posterior subida de Zelensky ao poder, não tem nada a ver com a resistência dos agrupamentos nazistas ucranianos, os quais são exemplo para a extrema-direita do mundo todo. A CST, com esse artigo, se junta aos capachos do imperialismo no Brasil, que apoiam um país que recebe armamentos de Joe Biden e da OTAN para enfrentar um país atrasado e demonstra sua incapacidade de compreender questões políticas elementares.

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