No último sábado (4), milhões foram às ruas pelo Dia Internacional de Solidariedade à Palestina. Na cidade de São Paulo foi realizada uma grande manifestação em defesa do povo palestino, substancialmente maior que as duas ocorridas anteriormente, nos dias 22 e 29 de outubro. O Partido da Causa Operária (PCO) compareceu mais uma vez, no que se transformou num bloco próprio, trazendo cerca de 200 militantes e simpatizantes, e mais um número expressivo de manifestantes que simplesmente se integraram ao longo da marcha.
Para garantir o direito de falar ao público, o bloco do PCO contou dessa vez com um carro de som próprio. Essa medida visou evitar uma repetição do episódio ocorrido no ato anterior, quando integrantes do PSTU removeram o microfone de um dirigente do PCO, Henrique Simonard, quando o último expressava apoio aos movimentos de resistência armada do povo palestino. Na ocasião, os integrantes do PSTU, que compunham a organização do ato, justificaram o exercício da censura com o objetivo de evitar palavras de ordem impopulares entre a direita, que pudessem causar rejeição dos demais manifestantes.
Entretanto, a participação do PCO no ato deste dia 4 indica que o povo que compareceu à manifestação aceitou positivamente o discurso veemente em favor da Palestina e seus movimentos de resistência armada, tal como o Hamas. A composição liderada pelo PCO exibiu um grande número de bandeiras do partido, algumas das quais carregadas por membros da comunidade árabe residentes na capital, enquanto se cantava: “Fora sionista! Hamas é resistência, Israel é terrorista!”. Aos que presenciaram o ato, foi visível que diversos membros da comunidade árabe, incluindo mulheres trajando hijab – a tradicional veste islâmica -, se sentiram bastante contentes de ouvir uma defesa aberta do Hamas, bem como os pedidos pelo fim do Estado de Israel.
Em um determinado momento, quando a manifestação ainda caminhava sobre a Avenida Paulista, subiram no carro de som duas crianças pequenas, de cerca de 5 anos, trazidas pelos pais, imigrantes palestinos e não integrantes de partidos de esquerda. Elas permaneceram no carro de som até perto do fim do ato, de onde cantaram: “Estado de Israel, terrorista e assassino. Viva a luta do povo palestino!”. Em seguida elas também cantaram, enquanto pediam apoio da bateria Zumbi dos Palmares: “olê olê olê olá, Hamas, Hamas” e “olê olê olê olê, essa guerra o Hamas vai vencer!”. Além dos pais, as crianças também estavam acompanhadas de uma irmã e irmão adolescentes, que também usaram o microfone para pedir apoio à causa palestina.
Henrique Simonard, dirigente do PCO que também esteve no carro de som, disse sobre a participação das crianças:
“O ato foi muito bom. A gente vê que as famílias palestinas estão com um grito entalado na garganta. Elas queriam que as crianças subissem no carro de som, cantassem, gritassem e comemorassem, que finalmente o Hamas tomou uma ação e a Palestina está enfrentando o Estado genocida de Israel. Esse ato aqui foi uma grande vitória contra a censura da direita, e contra uma parte da esquerda que é covarde e não quer falar do Hamas, não quer apoiar de fato a Palestina. Ficou claro que é uma pauta não só popular, como necessária.”