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SAF

Coritiba, mais um clube brasileiro privatizado

Ataque ao futebol nacional, patrimônio dos trabalhadores brasileiros: principal clube do Paraná está prestes a ser dominado pelos financistas

O Coritiba Foot Ball Club, uma das grandes instituições do futebol paranaense, está prestes a entregar sua alma aos capitalistas. Os sócios aprovaram a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), permitindo que a empresa Treecorp Investimentos assuma o controle do clube. É mais um golpe contra o futebol nacional.

A decisão foi tomada em uma votação virtual, que contou com a participação dos sócios do clube. A Treecorp está agora a um passo de assumir a operação, mas ainda aguarda o aval da juíza responsável pela Recuperação Judicial do Coritiba. Antes da votação dos sócios, o Conselho Deliberativo já havia dado seu sinal verde para o negócio.

A venda da SAF para a Treecorp implica na transferência de 90% do capital do clube-empresa, com um investimento estimado em R$ 1,1 bilhão ao longo de 10 anos. Os outros 10% permanecerão sob a responsabilidade do clube social, que terá um papel de fiscalização dos novos donos através da governança e poderá vetar questões relacionadas à tradição.

A proposta recebeu uma aprovação esmagadora por parte dos sócios, com 96% dos votos a favor. Dos 8.505 votos registrados, 8.172 foram favoráveis à venda, 304 foram contrários, 12 foram em branco e 17 foram nulos. Além disso, oito votos presenciais foram contabilizados, com sete a favor e um contra.

A transação tem como objetivo quitar a dívida do clube, que chega a cerca de R$ 270 milhões, construir um novo centro de treinamentos em Campina Grande do Sul, com investimento de R$ 100 milhões, e reformar e modernizar o estádio Couto Pereira, com um montante previsto de R$ 500 milhões.

No entanto, a privatização dos clubes por meio das SAF é uma ameaça ao futebol nacional. Essa tendência coloca em risco o patrimônio dos times e favorece unicamente os interesses dos grandes capitalistas sedentos por lucros. A preocupação está no poder concentrado nas mãos de poucos, fortalecendo o monopólio capitalista no futebol, especialmente nas transferências de jogadores para o exterior. 

Com a privatização, os lucros podem não ser reinvestidos no clube, mas sim retidos pelo proprietário, sem a obrigação de fortalecer a equipe. Em nota, a Treecorp até mesmo alegou que “o sucesso esportivo não será imediato”.

A verdadeira solução para o futuro do futebol está no controle dos clubes pelos torcedores. São eles que vivem e respiram pela equipe, e possuem o poder de preservar sua identidade e paixão. A participação ativa dos torcedores na gestão dos clubes pode garantir decisões que levem em conta não apenas o aspecto financeiro, mas também a história, as tradições e os valores que tornam cada clube único e amado por sua torcida. É preciso preservar o futebol brasileiro do avanço desenfreado do capitalismo, que coloca o lucro acima de tudo e ameaça a essência do esporte mais popular do país.

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