Após meses de propaganda por parte de Kiev e do imperialismo através de sua imprensa, a famosa contraofensiva Ucrânia parece finalmente ter começado.
Na última sexta-feira (9), Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, afirmou que a contraofensiva de fato teve início. Como evidência disto, disse que foi constatado que Kiev passou a utilizar as reservas estratégias do exército ucraniano. Ademais, Putin afirmou que, até o presente momento, as tropas ucranianas não alcançaram nenhum de seus objetivos:
“Podemos constatar com toda a certeza que a contraofensiva começou, e isso é evidenciado pelo uso de reservas estratégicas […] as tropas ucranianas não atingiram seus objetivos em nenhuma das áreas de combate“.
A declaração de Putin vem na esteira dos eventos que decorreram na região de Zaporozhie. Conforme declaração do Ministro da Defesa Russo, Sergei Shoigu, no último dia 7 (quarta) a Ucrânia teria perdido “945 combatentes, 33 tanques, 28 veículos de infantaria, 38 blindados, três obuseiros autopropulsados Krab e outros equipamentos”.
No mesmo sentido, na madrugada do dia 8 (quinta), o exército russo teria frustrado um ataque ucraniano também contra a região de Zaporozhie, no qual estavam mobilizados até 1.500 militares e 150 equipamentos. Ainda segundo Shoigu, a ofensiva ucraniana teria vindo de 4 direções diferentes e, mesmo assim, fracassado, resultando em uma perda 30 tanques, 11 veículos de combate de infantaria e até 350 militares.
De forma condizente com essas informações, Putin, na declaração dada na sexta, afirmou que “Durante estes dias temos observado perdas significativas das tropas do regime ucraniano. Sabe-se que, em operações ofensivas as perdas são de cerca de três para um, isso é clássico. Mas, neste caso excede em muito esses números clássicos. Não vou reproduzir os números agora, mas eles são impressionantes“.
Destacou que mesmo apesar da falta de equipamentos modernos, o exército Russo foi capaz de barrar o início da contraofensiva de Kiev, armados com equipamentos de última geração fornecidos pelos países imperialistas. Não obstante, o presidente afirmou que a indústria russa de armamentos segue a todo vapor, desenvolvendo-se rapidamente, de forma que “A produção de armamentos modernos está aumentando intensamente”.
Ainda sobre as possíveis perdas do lado ucraniano, Putin deu nova declaração nessa terça (13). Segundo o mandatário, a Ucrânia perdeu “pelo menos 160 tanques e 360 veículos blindados”, de forma que os equipamentos militares destruídos pelas tropas russas corresponderia a algo entre 25% e 30% dos equipamentos militares fornecidos pelo imperialismo, dentre os quais estariam vários tanques alemães Leopard 2, assim como veículos de combate americanos Bradley.
Em relação às perdas humanas, o presidente russo alega que as do lado ucraniano são dez vezes maiores que as da Rússia.
Do outro lado, Zelensky, presidente golpista da Ucrânia, deu declarações ambíguas a respeito da contraofensiva. Em coletiva de imprensa, ao lado do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que realiza uma visita a Kiev, Zelensky limitou-se a declarar que “Operações contraofensivas e de defesa estão em curso na Ucrânia, mas não entrarei em detalhes“. Reiterou, contudo, que o objetivo final da contraofensiva é retomar todo o território que pertencia à Ucrânia anteriormente a 2014, inclusive a Crimeia.
Dado as afirmações contraditórias de ambos os governos, não é possível, por ora, precisar se a contraofensiva ucraniana está de fato fracassando.
Apesar disto, há evidências que podem apontar nesse sentido. Nos últimos dias, o vice-ministro ucraniano das Relações Exteriores (Andey Melnik) requisitou à Alemanha que fossem enviados mais tanques Leopard 2, além dos 18 que já teriam sido enviados. A Alemanha, que contaria com um total de 300 tanques Leopards, poderia fornecer o triplo da quantidade já fornecida, sem prejudicar sua capacidade de defesa. Além disto, poderia ser fornecidos também “mais 60 veículos de infantaria Marder (IFV)”, sendo que 40 já foram fornecidos à Ucrânia. Assim sugere Melnik.
No que diz respeito à entrega de armamentos por parte do imperialismo, novos equipamentos militares foram entregues pela França, conforme declaração de Emmanuel Macron, que também confirmou o início da contraofensiva:
“A contraofensiva ucraniana começou há vários dias” de forma que deve se desenvolver durante “várias semanas, ou até meses“. “Intensificamos a entrega de munições, armas e veículos armados… Continuaremos nos próximos dias e semanas”.
Outra evidência de um possível fracasso da contraofensiva ucraniana é o fato de os Estados Unidos estarem cogitando enviar munições de urânio empobrecido para Kiev, que teriam maior capacidade de perfurar a estrutura dos tanques russos. Caso a munição seja fornecida, os EUA estariam dando seguimento ao que já foi feito pelo Reino Unido, que enviou carregamentos de urânio empobrecido em março. A utilização desse tipo de munição é uma evidência de um possível fracasso da contraofensiva, pois seria uma medida de última instância, desesperada. Seu uso poderia provocar danos irreparáveis, pois caso um depósito seja destruído, eventual nuvem radioativa poderia atingir os países da Europa Ocidental.
Por fim, a imprensa imperialista já afirma que a contraofensiva está sendo bem sucedida. E, conforme a experiência mostra desde o início da guerra, dita imprensa afirmou incontáveis vezes que a Ucrânia estava vencendo, que estava virando o jogo. Em suma, os jornais do imperialismo vêm falsificando a realidade sobre a guerra de forma rotineira, desde o início da mesma, de forma que a propaganda também constitui uma evidência para o possível fracasso da contraofensiva.
Vê-se, então, que várias evidências apontaram no sentido de um fracasso da tão alardeada ofensiva ucraniana, que iria promover uma virada na guerra (segundo Kiev e a imprensa imperialista).
Contudo, ainda não se pode dizer ao certo que foi um ato falho. Devem-se aguardar os próximos acontecimentos.
É preciso frisar, não obstante, que caso a contraofensiva fracasse, seria mais uma profunda derrota para o imperialismo americano e europeu e seu exército particular, a OTAN. Afinal, demonstraria que o conjunto dos países imperialistas sequer consegue emplacar uma ofensiva bem sucedida, algo que, outrora, no auge do imperialismo, poderia ter sido feito com relativa facilidade.