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Um avanço

Conferência dos Comitês: fortalecendo a mobilização popular

A 3ª Conferência Nacional dos Comitês de Luta foi um sucesso! Ativistas de todo o país se encontraram para discutir a luta daqui para frente

 A III Conferência Nacional dos Comitês de Luta foi um sucesso! Companheiros de todas as partes do país compareceram, em delegações das mais diversas organizações de luta. A conferência serviu para mostrar a todos o quanto o povo está sedento por se mobilizar. Todos vêem a necessidade que a atual situação apresenta de mobilizar para poder colocar as necessidades do povo na ordem do dia, como a luta por um aumento do salário mínimo, pela re-estatização do petróleo, reversão das medidas golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro, bem como de todas as privatizações. O governo Lula tem se mostrado incapaz de fazer isso sozinho, emparedado pelas forças dentro e fora do governo e a mobilização do povo é único caminho para dar aos trabalhadores satisfação das suas necessidades.

Essa atividade se deu em um momento político de paralisia, mas com grande potencial de mobilização. Desde que Lula assumiu a presidência, a situação política se encontra em um compasso de espera, onde a grande maioria da população aguarda para ver se o governo irá fazer ou se não irá fazer o que prometeu.  A situação de emparedamento do governo Lula, que se vê, desde a posse, impossibilitado de governar em decorrência da sabotagem interna e principalmente da chantagem do Congresso Nacional, que pratica uma verdadeira extorsão contra o Executivo através das ameaças de acatar processos de impeachment e da exigência de valores astronômicos em emendas e verbas para aprovar o mais mísero projeto do governo.

O presidente da câmara, Arthur Lira, é o principal articulador do emparedamento do novo governo de Lula, tendo ele articulado diversas provocações e ações de extorsão contra o governo. Devido à paralisia, o PT não consegue canalizar suas bases em uma atividade como essa, que teve que se dar pelos meios independentes dos comitês de luta. Apesar da paralisia, muitos membros do próprio Partido dos Trabalhadores estiveram presentes, inclusive dirigentes, como é o caso de Roberto Requião, ex-governador do Paraná, e de lideranças da Frente Nacional de Luta pela Terra (FNL).

A maior Conferência dos Comitês já realizada

Cerca de mil companheiros estiveram presentes de todas as regiões do país, e das mais diversas organizações políticas. Muitos companheiros do PT e de organizações menores. O destaque vai para os companheiros da FNL do companheiro Zé Rainha compareceram em peso na atividade, e a sua participação foi muito importante e marcante com importantes intervenções, coincidentemente, 24 horas depois, o companheiro Rainha foi solto provisoriamente, uma grande vitória logo após a Conferência.

Outro grupo de destaque na atividade foram os índios do Mato Grosso do Sul, principalmente da cidade de Dourados que tiveram uma grande participação nas intervenções, trouxeram uma grande delegação e foram um dos destaques da conferência, com os camaradas da FNL e outros companheiros, eles formaram a mesa que discutiu as questões da luta pela terra.

A Conferência Nacional dos Comitês deste ano foi de longe a maior das três já realizadas, um dado que aponta no sentido da tendência à mobilização no momento político atual, e mostra um desenvolvimento das forças organizadas dentro dos comitês de luta, que superaram a conferência de 2018, feita durante a campanha pela liberdade de Lula, um momento bastante mais ativo em termos de mobilização. Apesar da sabotagem de determinados setores da esquerda, que se recusaram a contribuir e inclusive marcaram atividades no mesmo período para evitar a presença das suas delegações, a mobilização em torno da discussão política e da organização cresceu. Somadas todas as mesas de debate, foram 20 horas de discussão política com dirigentes do movimento popular e militantes das bases, de onde saíram propostas que foram submetidas à votação de todos os presentes de maneira democrática e aberta.

A atividade foi um nítido impulsionador da iniciativa das massas, poucos dias depois tivemos os atos dos metalúrgicos contra o aumento nos juros e certamente teremos mais ações por vir. Na Conferência foram aprovadas diversas propostas para a luta do próximo período.

O caráter militante da atividade

É importante destacar o caráter popular da atividade. Ela foi feita com um orçamento muito apertado e que ainda assim, despesas ainda estão sendo pagas, mesmo após o fim da atividade. Todo o trabalho foi voluntário. Todos os camaradas que trabalharam pelo sucesso da conferência o fizeram como militantes, de forma voluntária, todos os aspectos foram geridos dessa maneira, da cozinha à segurança ao credenciamento tendo uma atividade com caráter verdadeiramente socialista e militante, como tem que ser no movimento de esquerda.

Dessa atividade nacional, se seguirão balanços regionais e calendários de atividades nos comitês, que colocarão tudo o que foi discutido em prática, de modo a injetar sangue novo na situação política. Esse tipo de atividade é tudo o que o governo Lula precisa para poder estabelecer uma autoridade política e uma ferramenta de pressão que o permita pressionar o congresso a desafogar o governo, algo que vai colocar a situação política em movimento novamente. A conferência nesse sentido foi um chamado às ruas, um chamado à mobilização popular das massas para forçar uma mudança à esquerda na situação política. Um camarada que veio como delegado de seu estado para a conferência, voltará já preparado para colocar em prática em sua cidade, bairro, local de trabalho, organização política, escola, onde quer que seja. Isso acontecerá em todo o país, e será de grande importância para o desenvolvimento da luta popular em escala nacional.

Essa participação popular não é só importante no âmbito do governo Lula, mas também é importante para a inclusão do povo no processo político, na tomada de decisões. A população tem um papel político importante na próxima etapa da situação política, que vai exigir que a política não se dê só em um âmbito puramente institucional, de acordos no Congresso e articulações políticas vindas de cima, o povo colocado na equação trará para a mesa as suas reivindicações diretamente, e tem o potencial de incendiar o país.

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