Com as vitórias que a resistência palestina tem tido contra o Estado nazista de Israel, muitos símbolos daquele povo ou da sua luta tem sido difundidos. São parte indissociável da cultura e da identidade histórica palestina o keffiyeh, o ramo de oliveira, o tatreez ou bordado palestino e o Complexo da Mesquita Al-Aqsa. Assim como são expressões da luta deste povo contra o fascismo sionista a chave palestina, o Mapa histórico da Palestina, o Handala e a Melancia.
Conheça agora um pouco sobre cada um deles.
Keffiyeh
O keffiyeh, ou kuffiya é uma vestimenta tradicional do mundo árabe difundida em todo o Oriente Médio. Confeccionado em algodão com padrões quadriculares, o keffiyeh tomou notoriedade durante a revolta contra o domínio britânico na década de 30.
O keffiyeh palestino hoje é usado de maneira generalizada pelos palestinos, simbolizando sua luta pela autodeterminação, justiça e liberdade. Esse modelo é variante preto e branco, com três padrões:
- O padrão de folhas de oliveira simboliza a perseverança, força e resiliência.
- O padrão de rede representa os pescadores palestinos e o vínculo deste povo com o Mediterrâneo.
- O padrão em faixas alude às rotas comerciais que historicamente cruzaram a Palestina.
Hoje é um dos símbolos palestinos mais difundidos no mundo. Sendo produzidos por duas fabricas na Faixa de Gaza, é utilizado com demonstração de apoio a luta do povo palestino.
O ramo de oliveira
O ramo de oliveira, assim como os padrões de folhas de oliveira do keffiyeh, remetem às oliveiras em seu cultivo bastante significativo na região. Com grande importância econômica, seja pelos frutos, ou derivados como azeite e sabão.
As oliveiras são árvores resistentes a secas e temperaturas extremas, chegando a sobreviver a fenômenos como geadas e incêndios. Em razão dessas características e de sua importância econômica, são associadas historicamente à paz e à prosperidade há séculos na Palestina.
No ano de 1974, num discurso dirigido à Assembleia Geral das Nações Unidas, o então líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, pronunciou a famosa colocação:
“Hoje venho com um ramo de oliveira numa mão e a arma do combatente da liberdade na outra. Não deixe o ramo de oliveira cair da minha mão. Repito, não deixe o ramo de oliveira cair da minha mão”.
Tatreez
O tatreez ou bordado palestino é um trabalho decorativo tradicional das mulheres palestinas. Cada região apresenta estilos únicos, reflexos de seu cotidiano local. Há diversos padrões com significados ou histórias distintas, a representação desses padrões variam desde motivos inspirados na natureza, como árvores, até formas geométricas.
Uma das aplicações mais comuns é adornando o thobe, uma vestimenta feminina tradicional palestina. Esses vestidos costumam ser confeccionados em linho, algodão, lã ou seda, manufaturados individualmente ou em grandes centros de tecelagem.
A tonalidade varia conforme a região e o artista, sendo o vermelho dominante no tatreez. Em 2021, o tatreez foi adicionado pela UNESCO à sua Lista do Patrimônio Cultural Imaterial.
Complexo da Mesquita Al-Aqsa
O Complexo da Mesquita Al-Aqsa tem 14 hectares (35 acres) abrigando a Mesquita al-Qibli (cúpula cinzenta) e a Cúpula da Rocha (cúpula dourada). Esse local tem profundo significado religioso, cultural e político para os palestinos.
Sendo considerado um dos principais locais para o Islão depois da Kaaba em Meca e da Mesquita do Profeta em Medina. Segundo a mitologia muçulmana, foi de Al-Aqsa que o Profeta Muhammad ascendeu ao céu durante a Jornada Noturna (Isra’ e Mi’raj).
O local é reivindicado pelos muçulmanos como al-Haram ash-Sharif e pelos judeus como Monte do Templo. O local está ameaçado de destruição pelo sionismo para uma terceira construção do Templo, uma grande preocupação dos palestinos.
A chave palestina
Em 1948, houve uma invasão sionista com expulsão de 750 mil palesetinos de suas terras conhecida como Nakba (“catástrofe” em árabe). Os palestinos exilados saíram com as chaves de suas residências esperando o retorna a suas casas originais.
Essas chaves foram transmitidas de gerações em gerações, tornando-se um símbolo do direito desse povo de regresso a sua terra natal. Nakba acabou sendo um processo contínuo de expulsão dos palestinos pelos sionistas que persiste até a atualidade.
Mapa histórico da Palestina
Outro símbolo da resistência é o mapa histórico da Palestina, com seu tamanho e formato anterior à invasão sionista de 1948. Hoje, existem mais de 7 milhões de refugiados palestinos dispersos.
Esse mapa histórico é amplamente difundido entre manifestantes e na produção de adereços, como colares.
Handala
Handala é um personagem em quadrinhos criado pelo cartonista Naji al-Ali, refletindo muito da sua experiência na infância ao ser forçado ao exílio de sua aldeia aos 10 anos. O nome do personagem provem de uma fruta amarga, com raízes profundas, que rebrota facilmente e cresce em regiões secas da Palestina, chamada “handall”.
O personagem fez sua primeira aparição em 1969, em jornal do Kuwait. Após a Guerra de Outubro de 1973, Naji passou a ilustrar o personagem pelas costas, denunciando como o mundo havia dado as costas aos palestinos. Naji foi assassinado em 1987, na cidade de Londres, não houve acusados do crime.
Melancia
A melancia é cultivada de Jenin a Gaza, sendo amplamente difundida na região. A fruta ainda partilha das mesmas cores da bandeira da Palestina. Por essas características, em momento de repressão à bandeira palestina, a fruta foi utilizada em protesto contra a supressão.
Desde o ano de 1967, após Israel ocupar a Cisjordânia, sitiar a Faixa de Gaza e anexar Jerusalém Oriental, o Estado israelense proibiu a bandeira palestina no território. Agora, em 2023, forças policiais em vários lugares no mundo foram instruídas a confiscar as bandeiras palestinas, o que refletiu no aparecimento da melancia como protesto em arte, camisetas, grafites, pôsteres e no emoji de melancia nas redes sociais.