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HISTÓRIA DA PALESTINA

Como os ingleses mataram o revolucionário palestino al-Qassam

Pregador muçulmano é hoje homenageado pelo braço armado do Hamas, que batizou suas brigadas com seu nome

O pregador muçulmano Izedine Abd al-Qadar ibn Mustafa ibn Yusuf ibn Muhamad al-Qassam foi um dirigente revolucionário, nascido na Síria, que lutou pela libertação da Palestina nas décadas de 1920 e 1930. Izedine al-Qassam, que foi homenageado pelo Movimento Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), dando seu nome ao braço armado do partido islâmico (Brigadas al-Qassam), foi o pioneiro da luta armada palestina contra o imperialismo e o sionismo.

Após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial (1914–1918), a Palestina ficou sob controle do imperialismo inglês, através do Mandato Britânico. Enquanto outros países árabes foram assumidos por monarquias aliadas aos ingleses, a Palestina ficou sob controle direto dos britânicos, que prometeram a banqueiros judeus a criação do Estado de “Israel” na região. Sob o Mandato, portanto, o sionismo passou a se expandir agressivamente, tomando terras de palestinos e causando conflitos entre judeus europeus e a população árabe nativa.

Contra a expansão do colonialismo sionista, al-Qassam organizou grupos guerrilheiros para combater tanto os britânicos, quanto os sionistas. Um crise política explodiu no país em fins de 1935, quando foi descoberto um esconderijo clandestino de armas no porto de Jafa. Essas armas eram oriundas da Bélgica e direcionadas para a milícia sionista Haganá. A milícia era ala paramilitar do Mapei, partido do fundador do Estado de “Israel”, Davi Ben-Gurion, primeiro chanceler israelense, então principal chefe da Agência Judaica.

A descoberta do esconderijo revelava que os sionistas estavam se preparando para iniciar um conflito armado contra os árabes, buscando expulsá-los à força da região (o que ficaria comprovado com a Nakba, entre 1947 e 1949, durante a fundação de “Israel”). Na época, isso levou à mobilização dos palestinos, que realizaram duas greves gerais, enquanto al-Qassam denunciou o fato e convocou uma revolta contra as autoridades inglesas.

Em novembro de 1935, partidos árabes pedem o fim da imigração judaica e da transferência de terras para os sionistas, bem como o estabelecimento de instituições democráticas, uma medida contra a ditadura do imperialismo britânico. No mesmo mês, o corpo do policial judeu Moshe Rosenfeld é descoberto perto de Ein Harod, e se atribui a responsabilidade às milícias de al-Qassam.

As autoridades britânicas, então, iniciam uma caça a al-Qassam. Perseguido, o guerrilheiro islâmico se junta a um pequeno grupo de seguidores e deixa Haifa, onde estava estabelecido, dirigindo-se às colinas de Jenin e Nablus, sobrevivendo com a ajuda de moradores da região durante cerca de dez dias. No dia 20 de novembro, os guerrilheiros foram cercados pela polícia britânica em uma caverna na aldeia de Sheikh Zeid. Houve um grande tiroteio e al-Qassam foi assassinado.

Segundo o pesquisador Abdallah Schleifer, em “Izz al-Din al-Qassam: Preacher and Mujahid”, “cercado, ele disse a seus homens para morrerem como mártires e abriu fogo. Seu desafio e a maneira de sua morte (que chocou a liderança tradicional) eletrificaram o povo palestino. Milhares forçaram seu caminho além das linhas policiais no funeral em Haifa, e os partidos nacionalistas árabes se referiram à sua memória como o símbolo da resistência. Foi a maior reunião política já realizada na Palestina do Mandato”.

“A notícia da morte de al-Qassam se espalhou por toda a Palestina. Em Haifa, seus apoiadores entre os trabalhadores da cidade, juntamente com camponeses do norte, acorreram ao seu funeral. O tamanho da multidão surpreendeu a polícia. Pelo menos 3.000 pessoas se reuniram na Mesquita de Jerena, onde seu corpo e outros dois foram sepultados. Enquanto milhares de palestinos da classe trabalhadora e camponeses prestavam suas últimas homenagens, a maioria dos líderes seculares e nacionalistas burgueses, assim como os líderes do islamismo institucional, estavam ausentes”, conta o historiador Beverley Milton-Edwards em “Islamic Politics in Palestine”.

Mesmo após a morte de seu líder, no entanto, a organização guerrilheira de al-Qassam sobreviveu. Os qassamitas, ou Ikhwan al-Qassam (os Irmãos de al-Qassam, em árabe), sob a liderança de Farhan al-Sa’di, iniciam uma série de atentados que contribuem para o início da Revolução Árabe de 1936–1939 na Palestina.

O historiador palestino-americano Rashid Khalidi, em “Palestinian Identity: The Construction of Modern National Consciousness”, destacou a importância de al-Qassam, afirmando que o líder religioso “desempenhou um papel crucial em afastar a população da política de compromisso intermediada pela elite com os britânicos, e em mostrar-lhes o caminho ‘correto’ da luta armada popular contra os britânicos e os sionistas”.

Os fedayin (guerrilheiros) palestinos que surgiram na década de 1960 viam al-Qassam como seu precursor, inspirando o Fatá, de Yasser Arafat, a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), de George Habash, entre outros.

Durante a Revolução de 1936–1939, o imperialismo britânico perseguiu o movimento árabe contra o sionismo, matando e exilando suas lideranças, enfraquecendo as organizações árabes, abrindo caminho para a limpeza étnica e o genocídio iniciados durante a Nakba.

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