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Universidade Marxista

A Questão Palestina: um resumo do que foi debatido até aqui

História da Palestina explicada à luz da doutrina marxista derruba os mitos da fundação de "Israel" e mostra como se deu a acidentada história do povo árabe

Nos últimos dias 16 e 17 de dezembro de 2023, a Universidade Marxista, programa de formação política do Partido da Causa Operária (PCO), realizou o curso “A Questão Palestina: Da Primeira Guerra Mundial aos Dias Atuais”. Ministrado por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, as aulas promoveram uma análise profunda e crítica da história da Palestina, derrubando a mistificação em torno do suposto direito natural dos israelenses às terras palestinos, explorando desde as raízes do povo árabe na região até os eventos mais recentes que moldaram o conflito israel-palestino.

O primeiro dia do curso concentrou-se em temas cruciais para compreender o cenário histórico. Pimenta abordou a resistência palestina em 7 de Outubro, marcando a data como significativa na luta contra a ocupação sionista. A análise da crise desencadeada pelo sionismo e o imperialismo foi essencial para a compreensão dos eventos subsequentes. Além disso, o curso explorou a formação do Estado de “Israel”, destacando a importância de questionar a propaganda imperialista que sustenta a legitimação do Estado, completamente falsa.

A exposição do presidente do PCO começou refutando a ideia de que os judeus teriam habitado a região há 2 mil anos antes de Cristo. Pimenta ressalta a imprecisão desta afirmação com base nas fracas evidências históricas da época e o baixo nível de desenvolvido da Palestina. A abordagem marxista proporcionada no curso visava desconstruir mitos que fundamentam o argumento sionista em relação à terra.

O curso mergulhou na história dos árabes, desde sua transformação com a ascensão do profeta Maomé até a decadência do Império Árabe. Pimenta destacou a Primeira Guerra Mundial como um ponto crucial, levando à dissolução do Império Otomano e revelando a manipulação imperialista por parte da França e da Inglaterra. Essas potências prometeram independência aos países árabes, mas, na prática, dividiram a região entre elas, criando um cenário propício para conflitos futuros.

A Palestina tornou-se, então, o epicentro da exposição no curso. A análise desvelou o sionismo como uma doutrina que alcançou sucesso apenas com o apoio britânico no final da Primeira Guerra Mundial. Pimenta destacou a Revolução Palestina de 1936-1939 como um evento fundamental, enfrentando a brutal repressão britânica que, por sua vez, contribuiu para a destruição das organizações de resistência palestinas.

A segunda parte do curso explorou a contradição entre britânicos e sionistas, evidenciando o apoio do Império Britânico a estes últimos. Além disso, foi ressaltado o papel do stalinismo ao fornecer armas aos sionistas, uma ação contrarrevolucionária, fundamental para o imperialismo conseguir impor sua ditadura contra os árabes. A partilha da Palestina pela ONU também foi minuciosamente analisada, revelando-a como uma operação antidemocrática e criminosa.

O apoio britânico ao sionismo na Primeira Guerra Mundial desempenhou um papel central, explicando como os interesses econômicos e geopolíticos levaram à formação dessa aliança. A recusa do imperialismo britânico em apoiar propostas como uma “Rodésia Judaica” ou um Estado Judeu na Argentina evidenciou o direcionamento estratégico para o Oriente Médio, visando o domínio colonial, a exploração do petróleo e o controle de rotas comerciais.

Neste momento, ganhou destaque a Revolução Palestina de 1936, um episódio crucial para os desenvolvimentos posteriores. A derrota da revolução culminaria na destruição das organizações palestinas pelo imperialismo britânico, abrindo caminho para a criação de “Israel” sem organizações capazes de resistir à ofensiva. A segunda parte do primeiro dia do curso destacou o Plano de Partilha da Palestina pela ONU, evidenciando a ilegitimidade da criação de “Israel”. Pimenta explicou como a ONU, dominada pelos Estados Unidos, conduziu uma operação antidemocrática, favorecendo os interesses sionistas em detrimento da maioria palestina. 

Já no segundo dia, Pimenta derruba a lenda de que o Estado de “Israel” seria uma criação dos sobreviventes do Holocausto judeu, na Alemanha nazista. “Os criadores de ‘Israel'”, informa o presidente do PCO, “jamais estiveram em um campo de concentração”, disso. Apresentando fatos pouco destacados, Rui Costa Pimenta cita obras que tratam, inclusive, da colaboração dos sionistas com o regime nazista. “Os sionistas ajudaram Hitler” declarou o comunista em sua preleção, explicando como a colonização judaica da Palestina furou o bloqueio comercial imposto pelo Reino Unido à Alemanha em troca do envio de judeus capturados para o Oriente Médio, em acordos que excluíam as crianças.

Ainda no segundo dia de curso, Pimenta cita a documentação histórica que trata da al-Nakba (palavra em árabe que significa “A Catástrofe”, referente ao período de expulsão em massa de palestinos), trazendo relatos que dão conta de como foi o expurgo de cerca de 800 mil palestinos, massacrados das formas mais bárbaras que a crueldade nazista é capaz de realizar. Apenas em uma cidade, informa o dirigente do PCO, dezenas de milhares de palestinos foram expulsos, lembrando também que Jerusalém, cidade que tem o epíteto de “Cidade Eterna”, ficou conhecida na época como “Cidade fantasma”, devido à campanha sionista. O curso demonstrou com fatos como a criação de “Israel” foi uma das maiores operações criminosas da história, marcando o início de um conflito que persiste até os dias atuais.

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