Em editorial do dia 24 de janeiro (Espiral peruana, 24/01/2023), o jornal Folha de S. Paulo continuou sua empreitada golpista ao manipular informações sobre o que acontece na crise peruana atualmente.
No início de dezembro do ano passado, o presidente peruano, Pedro Castillo, tentou fazer uma manobra política frente à crise que se instaurou no país. Anunciou a dissolução do Congresso, um toque de recolher no país e afirmou que este seria governado por decreto.
Castillo foi destituído e acusado de tentar dar um golpe, com sua vice, Dina Boluarte, tendo subido ao poder e liderado o país desde então. A população não gostou nada desse último fator, se rebelando desde aquele momento contra a atual presidente e em defesa de Castillo.
Os protestos são violentos e dezenas de pessoas morreram nas mãos da polícia peruana — mas, obviamente, a imprensa não defenderia Castillo, mas sim o governo altamente subordinado ao imperialismo e a direita de Boluarte.
A Folha de S. Paulo afirmou que a “a aventura golpista” de Castillo deixou graves sequelas no Peru, jogando a culpa dos mais de 50 mortos em manifestações não no colo da polícia, mas do ex-presidente. Não só isso, mas pouco se preocupa em afirmar que o que ocorreu foi um golpe por motivos políticos porque o presidente decidiu não atender completamente os desejos da burguesia e do imperialismo.
Como de costume, a imprensa golpista também ataca os protestos, afirmando que eles desestabilizam o regime e colocam em risco o governo da “sucessora constitucional do populista deposto.” A Folha de S. Paulo omite, por exemplo, que o governo de Boluarte é uma ditadura ferrenha contra a população, mesmo afirmando, no mesmo artigo, que sua polícia já matou mais de 50 pessoas.
A população peruana se rebelou contra o governo golpista e não pretende sair das ruas. A esquerda está sendo perseguida e presa e o país virou uma verdadeira ditadura. A Folha de S. Paulo e outros meios de comunicação golpista escondem esse fator, encobrindo o golpe dado pela burguesia.
Boluarte, ao contrário do que diz a Folha de S. Paulo, é uma presidenta ilegítima, uma golpista. Quando Castillo foi capturado e preso, a atual presidente foi correndo assumir o cargo e afirmar que iria fazer uma ótima gestão, focada em combater, sobretudo, a corrupção — um discurso batido da direita golpista.
O editorial do jornal subordinado ao imperialismo disserta sobre uma série de problemas na história do Peru que levariam à situação de instabilidade a qual o país passa no momento, relatando que uma série dos seus líderes estão presos por corrupção ou que um deles tenha cometido suicídio.
Sim, é fato que o Peru, assim como diversos países subdesenvolvidos hoje em dia, tem uma história recente de muito instabilidade, mas esse fator possui um motivo, não é algo que vem dos céus, como quer apresentar a Folha de S. Paulo. A burguesia quer controlar o país, bem como o imperialismo, e, portanto, eles irão fazer de tudo para cooptar seus líderes e, portanto, atacar a população e a soberania do país.
É o que estava acontecendo com Castillo. O líder acabou traindo o movimento popular e tentou constantemente se aliar à direita e ao imperialismo, tentando atender aos seus interesses. Seu partido, o Peru Libre, chegou até mesmo a romper com o líder após os diversos episódios de capitulação protagonizados por Castillo.
No fim das contas, Castillo tentou fazer uma manobra que não ia dar certo sem algum tipo de apoio. Sem apoio da população, de seu partido ou mesmo dos membros do Congresso, era certo que essa manobra não iria funcionar. Apesar disso, é importante observarmos como a população peruana reconhece a diferença entre um líder popular e um verdadeiro servo do imperialismo.
Essa oposição é percebida pela sua reação ao golpe. O povo, mesmo com as ações de Castillo, sai às ruas em defesa do líder e do país por reconhecer que o que ocorreu no início de dezembro do ano passado foi um golpe, assim como reconhecerem que Dina Boluarte é uma das principais figuras que o protagonizaram.
Fica evidente o papel da Folha de S. Paulo e de outros meio de comunicação golpista frente a situação. Enquanto o povo se mobiliza e coloca a cara a tapa contra a polícia, arriscando suas vidas para lutarem contra o golpe descarado da burguesia e do imperialismo, a imprensa mente e manipula a situação, jogando a culpa da crise na população e em Castillo.
É preciso ficar de olhos bem abertos para situações como essa. Não só Castillo, mas Cristina Kirchner, na Argentina, também foi vítima de um golpe recente da burguesia, e a imprensa, obviamente, faz de tudo para esconder esse fato, acusando a líder, até então vice-presidenta do país, de corrupção.
A Folha de S. Paulo, O Globo, o Estado de S. Paulo, o G1, o UOL e diversos outros meios de comunicação estão do lado do imperialismo, da burguesia. Eles irão promover todas as ações da classe dominante e atacar a população, manipulando as informações da situação no país em questão e fazendo um desserviço à luta política, como bons servos da burguesia.